terça-feira, 13 de março de 2018

9º Aniversário d'A Certeza da Música - Report


9º Aniversário d’A Certeza da Música
com O Gajo, Senhor Vulcão e Miguel Calhaz
20 de Janeiro – Fábrica das Ideias – Gafanha da Nazaré
(Texto publicado na Revista Txi)

Já dizia o poeta: “…o homem sonha, a obra nasce…” e foi muito perto do sonho que andou a noite que serviu para comemorar o 9º aniversário do blog A certeza da Música. Foi uma verdadeira celebração da, muito boa, música portuguesa o que mais de uma centena de pessoas pôde assistir. No fundo não se tratou de celebrar “apenas” a música, tratou-se de celebrar todos os que fazem as coisas por amor e sem grandes objectivos comerciais, vão levando a água ao seu moinho.




A noite abriu com O Gajo, a gaja (viola campaniça) e as suas canções instrumentais, que podem muito bem ser Rock, mesmo que o instrumento não o seja. As palavras que antecedem cada tema, ajudam a perceber as malhas que o João Morais foi criando e que deram origem ao disco “Longe do Chão”, provavelmente um dos melhores discos feitos em Portugal, no ano de 2017. Quem o vê em palco, nem suspeita o número de anos que ele já tem de criador de música.

Se calhar nem ele sonhava que algum dia iria tocar para um público tão diferente do que tinha a ver os seus Gazua ou os seus Corrosão Caótica. Mas é assim a vida de um Punk, ir fazendo algo que gosta, sem grandes concessões, mas com muito gozo naquilo que está a realizar. O público, claro, ficou conquistado, mas quem é que não se deixa conquistar por tão boa pessoa que, para ajudar, faz tão boa música.

Seguiu-se o Senhor Vulcão – também Bruno Pereira - que interrompeu as gravações do seu 4º álbum para vir à festa. A partir da guitarra acústica, vai criando melodias que somadas às percussões (aqui tocadas pelo Paulo Romão Brás) embrulham as palavras que ele gosta de descobrir e aperfeiçoar até ficarem verdadeira poesia. Talvez o músico mais desconhecido dos três convidados, apesar dos seus três volumes de edições limitadas em que foi colocando a sua música, foi também o que terá despertado mais divergências na apreciação. Mas a vida de um artista que tem a coragem de espalhar pelo mundo as suas criações, é mesmo assim.
Tocou mais de uma dezena de temas e já apresentou alguns dos temas que irão fazer parte do 4º volume desta verdadeira aventura que tem sido o Senhor Vulcão. Em conversa com ele fiquei a saber que está a preparar um disco cheio de colaborações e com um acento numa linguagem mais próxima do Jazz, o que me deixou ainda com mais curiosidade relativamente ao que aí vem. É bom não impor limites à criatividade.
O concerto final contou com Miguel Calhaz, um repetente das festas de aniversário do blog, que desta vez, além do seu contrabaixo, trouxe mais três músicos de excelência – Diogo Alexandre, na bateria, Mauro Ribeiro, na guitarra e Luísa Vieira nas flautas e na voz - para ilustrar da melhor forma as suas canções. Aos temas originais e algumas versões, foi dada uma roupagem mais jazzística que transformou por completo aquilo a que estamos habituados a ouvir nas criações do Miguel. Vários foram os momentos de maestria que encantaram qualquer melómano.
Um dos pontos mais altos, já levanta um pouco a ponta do véu do que vai ser o próximo disco. O que está prometido é a passagem de vários temas do cancioneiro tradicional para o Jazz, aquilo que ouvimos já nos deixou com “água na boca”.
O ambiente foi de festa e assim se manteve do princípio ao fim, depois de três excelentes concertos, o DJ Johnny Red ainda proporcionou mais de uma hora de música sentida em português (mesmo quando cantada em inglês).

Foi uma noite daquelas que enchem a alma e ficam permanentemente na minha memória que nunca teria corrido tão bem, sem a ajuda preciosa de toda a equipa do projecto 23 Milhas. Sem eles, este verdadeiro sonho, não teria sido possível. Agora que venha o décimo.

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