A banda portuguesa com mais discos editados em 2011… é de Aveiro!
Johnwaynes são António Bastos (live music, produção) e João Pedro Vieira da Silva, conhecido Jepe, (dj e produtor musical). Contrariando a crise, tiveram um ano de 2011 com grandes concertos, parcerias com nomes de luxo do panorama musical internacional e uma solidificação de uma carreira internacional. Em vésperas dum regresso a “casa” num live dj “aveirense” na Estação da Luz com o MC Johnny Def , A Certeza da Música foi saber quais são os seus planos e desejos para 2012.
Já todos os conhecem mas é inevitável perguntar, como é que vocês se juntaram?
JEPE: Em 2004, eu andava a procura de alguém que me ajudasse a realizar uma remix para a banda portuguesa LOTO
António Bastos (AB): E encontraste-me?
JEPE: Sim, numa workshop que o António Bastos estava a realizar de novas tecnologias da música (software de produção, etc) e abordei-o sobre a ideia.
AB: Eu não o conhecia e perguntei mesmo o que ele fazia, porque não o sabia. Quando ele disse que era DJ, até fiquei de pé atrás porque não gostava de djs, dessa cena. E depois de nos conhecermos em termos musicais, vimos que havia algo em comum! E foi o Jepe que me despertou para a boa música. Obrigado JEPE!
Vocês este ano actuaram muito mais no estrangeiro?
JP: Sim, a cultura musical no estrangeiro é muito superior e estão mais abertos no estrangeiro a novas tendências do que em Portugal…
AB: Sem dúvida que sim. E não sabemos o porquê… Até sabemos… as rádios e meios de comunicação social em Portugal prestam um serviço e não temos nada contra. Mas apostam pouco e a verdade é que o pessoal ouve aquilo que lhe dão. A culpa é de todos: rádios, programadores e djs… que entram na onda.
E vocês não sofrem com a questão que “toda gente é dj”?
AB: Acho que não sofremos com isso… qualquer pessoa que tem um determinado gosto deve passar música. No entanto, quem contrata um dj para ir animar um espaço deve optar pela qualidade e por quem vive na música, conhece a música e vai prestar um serviço de qualidade. A malta que “passa” música dá ao público o que é fashion, o que está na onda, para ser reconhecido rapidamente.
Este ano foi um ano forte em termos de edições musicais?
AB: Foi o melhor ano de sempre de Jonhwaynes, o que tem vindo a mostrar a nossa consistência. Se em 2010 tínhamos editado pela Optimus Discos este ano contamos com edições em editoras como Cecille, Compost (ambas alemãs) Groovement (portuguesa), Mule Musiq (japonesa), Tusk Wax (inglesa), entre outras. Editámos 8 discos físicos, e mais um conjunto de originais e remixes em formato digital. Fomos a banda portuguesa que mais editou… e como vêem, poucos associam este trabalho. Imaginam um grupo conhecido a lançar 8 discos?
JEPE : Sabemos perfeitamente que quantidade poderia não significar qualidade. A importância das editoras mostra que estamos no bom caminho e que apostamos em qualidade.
Qual é a vossa aposta para 2012? Mais concertos nacionais ou internacionais?
JEPE e AB: Queremos mais datas e mais edições por editoras reconhecidas. Este ano de 2012 queremos consolidar o nosso nome na Alemanha e Áustria (onde já temos um público fiel e datas marcadas) e também em Portugal, onde o nosso melhor foi a presença nas tendas electrónicas dos festivais Super Bock Super Rock, Vilar de Mouros e edição deste ano do Festival Serra da Estrela.
O que é que acham da noite aveirense?
JEPE: Podia ter mais qualidade musical…
AB: Espaços até há mas há pouca aposta em novos conceitos. Há três ou quatro conceitos diferentes mas depois caem todos no mesmo… ou falta mesmo originalidade nos conceitos de bar e musicais ou não sei o que se passa…
JEPE: Tudo tenta inventar, não seguem alguns princípios de gestão e inovação. E com isso há falta de profissionalismo
E Jepe, não te associam somente à Estação da Luz?
Em Aveiro sim, acontece isso até pelas minhas funções lá mas somos claramente acarinhados pelo público aveirense. Claro que há essa ligação mas é natural e não se sente fora do país ou quando actuamos nos clubes portugueses.
Tó, para além dos johnwaynes és músico em outros projectos, certo?
Tenho um projecto a solo como MRBEAT, fazendo algumas parcerias estéticas com alguns músicos e instituições, tendo como base a fusão e criação de novos espectáculos... Sou Fundador de RUA ELÉTRICO, com Bruno Estima (CRASSH) e Artur Carvalho (BATUCADA RADICAL). É um projecto de arte comunitária, com o propósito de unir uma comunidade através da música. Teve a sua primeira apresentação no Teatro Aveirense, onde participou a comunidade artística da cidade, crianças e jovens dos bairros mais carenciados da cidade (com vista à integração social) e a escola MUSICA.COM, onde sou director pedagógico. Está já previsto este projecto noutras cidades do país. Sou Director Artístico do ORFEÃO DE VAGOS. Trabalho com a COMPANHIA DE MÚSICA TEATRAL DE LISBOA, e sou membro dos CLARINETES AD LIBITUM.
Se calhar as pessoas não imaginam o que a produção de uma música electrónica… Há muito a associação ao ato de pegar numa guitarra ou outro instrumento e começar a criar um hit… Como é que vocês funcionam? É igual?
AB: Na música electrónica, muita gente usa “samples” ou bancos de sons (coisas pré-gravadas) para produzir música, o que origina um tipo de estética/sonoridade. Nós, o que fazemos, é gravar tudo tocado como uma banda som, o que cria um estilo de estética johwaynes, electrónica com orgânica. Diferente. Os instrumentos electrónicos são todos tocados por nós. É essa a nossa identidade musical.
Qual seria o vosso maior desejo para 2012?
JEPE e AB: Para nós, continuar a evoluir como evoluímos em 2012. Para a Música em geral, que Portugal fique mais rico culturalmente, que se aposte em novas sonoridades e não mais do mesmo.
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