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quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Conversa com Samuel Úria - 1ª Parte

 


Era para ser ua pequena entrevista sobre "Canções do Pós-Guerra", o mais recente disco disco de Samuel Úria e tornou-se numa conversa de amigos que, por ter ficado extensa, está dividida em quatro partes.
Espero que gostem tanto de ler, como eu gostei de a ter.

ACDM - Como foi fazer estas “Canções do pós-guerra” e de que guerra estamos a falar? 

S - Olha, foi um despercebimento completo em relação a 2020, porque as canções foram escritas em 2019, e curiosamente têm-me perguntado se eu me sinto com uma veia profética, por ter escrito estas canções que são, não são todas, mas há algumas canções que reflectem algum desespero, algumas canções um bocadinho mais soturnas e perguntam-me se de facto foi alguma previsão, se foi uma premonição, mas não, pelo contrário, se eu soubesse que íamos ter um ano tão desesperado e triste e negro, teria escrito um disco que contrariasse isso. 
Mas não, acabou por ser um disco que vai um bocado ao sabor do tempo e será marcado por este ano. Nunca me iria esquecer deste ano, mas felizmente ou infelizmente, tenho algumas canções que o acompanham e é a minha banda sonora de concertos, são canções que estão no seu habitat natural que é este 2020 tão estranho. 

ACDM - Então isso quer dizer que em 2021 teremos outro disco para “animar a malta”, não?

S - Olha, poderia ser, embora, lá está, como também tem havido menos concertos por precaução, por redução do número de pessoas em sala, por cancelamentos porque aos fins de semana as pessoas não podem circular e etc, eu ainda não mostrei suficientemente este disco, o que quer dizer que em 2021, se Deus quiser, se houver oportunidade, vou ainda andar a mostrá-lo. 

ACDM - Pois, já o anterior andaste vários anos a mostrá-lo. 

S - Pois, é verdade, curiosamente o outro disco que saiu em 2016, andei durante quatro anos a tocá-lo e continuei a conseguir vender esse disco, ainda, é verdade que também houve um E.P. pelo meio que também ajudou a revitalizar os concertos, mas de facto havia pessoas novas a querer um disco “velho” e isso aumentou a longevidade do “Carga de Ombro”. 

ACDM - Agora fizeste-me lembrar uma coisa gira, que é esta noção de “disco velho”, porque de repente os discos começaram a ser, para já começaram a ser quase “peças inúteis” que as pessoas não compravam, mas o que é facto é que tu nos concertos, consegues vender discos, tens montes de pessoas sempre à espera para os comprar (e autografar, acrescento agora) e não se preocupam com a idade dos discos, o que não é muito normal, isto quer dizer que as tuas canções envelhecem bem? 
S - Eu acho que isso pode ter a ver com o facto de eu não ser propriamente um fenómeno POP e então também tenho a noção de que quem vai aos concertos, são pessoas que de alguma maneira têm uma ligação musical que não é aquela mais imediata, e não estou de alguma maneira a menosprezar quem tem essa relação com a música mais imediata, mais POP, até mais descartável, nada contra, sou muito fã de música descartável. 
Mas tenho um bocado a noção que, provavelmente, o meu público não será desse género e então, havendo se calhar esses laivos de melomania, são pessoas que gostam de comprar e gostam de ter o objecto e sobretudo, agora com o vinil, ainda é um objecto que se tornou mais apetecível, apesar de ser mais caro que o CD, mas tem a dimensão e a “cerimoniosidade” que os CD ou que a música em formato digital, não tem. 
Nesse sentido acho que se justifica o facto de haver bastantes vendas de discos nos concertos. 
ACDM - No “Canções do Pós-Guerra”, cimentaste a tua relação com o Miguel Ferreira, mais neste disco ainda, que nos anteriores. 
Qual é a parte que é tua e qual é a parte que é dele ou está tudo misturado neste disco?
S - Embora as canções tenham todas a minha autoria, há já um processo de bastante confiança, é verdade que começou no “Carga de Ombro”, embora este tivesse sido uma exploração não só das canções, mas também das próprias qualidades do Miguel, enquanto produtor, e o Miguel, enquanto produtor, a exploração das minhas qualidades enquanto músico. 
 Mas foi uma relação que primeiro se cimentou no E.P. que nós gravámos, o “Marcha Atroz”, aí sim, houve um processo bastante partilhado. 
Eu chegava com as canções com princípio e fim, com uma estrutura, mas com o Miguel, ouvia as canções e então partilhávamos um bocado a dimensão, o onde queríamos chegar e aquilo que era acrescentado ao esqueleto da voz e guitarra – que é como eu faço as canções, normalmente, às vezes faço nos teclados, mas normalmente voz e guitarra – mas ouvia aquilo com o Miguel, pensávamos até um bocadinho em torno das letras e o que é que se poderia acrescentar ali, que “carga” musical ou que carga instrumental poderia levar que não destoasse do teor do tema ou da intensão ou da intensividade da música e, nesse sentido, o Miguel tornou-se mesmo num parceiro de exploração da intensidade das canções que é uma coisa que eu, tenho amigos em quem confio isso, mas nessa relação de produtor que é uma relação profissional, estou bastante surpreendido porque de facto, de repente, o profissional está cada vez mais “oleado”, conforme a amizade também está “oleada”, a maneira como nós nos conhecemos pessoalmente, influencia a maneira como também a exploração musical se faz a dois.
 
ACDM - Essa amizade já se notava na tour do E.P. em que andaram os dois, não totalmente (também andou com o Silas Ferreira), mas em parte, em que andavam os dois e essa tour também ajudou a cimentar a relação e depois a fazer esses produtos finais fantásticos, não é? 

S - É verdade, esses concertos em duo foram mesmo, para já passámos muito tempo juntos e depois, lá está, é verdade porque eu acho que quando partimos para esses concertos, eram muito notórios os nossos backgrounds diferentes, em termos até de aprendizagem, de mestria dos instrumentos. 
O Miguel é uma pessoa muito mais metódica do que eu que não aprendi música, o Miguel aprendeu, está numa banda que em termos técnicos é mais exigente do que aquilo que a exigência que eu devoto às minhas canções, em termos técnicos, de destreza instrumental, etc. 
Mas de repente nós apercebemo-nos que tínhamos mais em comum do que coisa que nos afastavam e essa descoberta foi muito interessante e acho que ajudou-me a elevar como músico e enquanto escritor de canções e acho que o Miguel, enquanto produtor, também se apercebeu de um universo novo que podia explorar e onde também podia desenvolver-se.


Conversa com Samuel Úria - 2ª Parte

 


DE JOHNNY CASH AOS AMIGOS DE TODA A REGIÃO DE AVEIRO

ACDM - Agora estava a pensar, escritor de canções, sem formação musical, portanto és uma espécie do nosso Johnny Cash de Tondela, quase… 

S - Quem me dera… 

(risos) 

ACDM - Tu agora como escritor de canções, estás a ser também, cada vez mais, solicitado por outros que te estão a pedir coisas tuas. Como é que consegues passar de “lado”, pois aí já não és o Samuel Úria. Escreves em função da pessoa ou tens a canção e aí a pessoa pede-te e, toma lá? 

S - Eu costumo dar sempre o exemplo disto como um paradoxo, se o convite me é feito, à partida, as pessoas que me convidam, querem uma canção reconhecidamente minha ou que tenha as minhas características e então, quando paro escrever a canção, sou 100% eu, ou seja, vou usar aquilo em que sou mais forte ou até vou fazer a capitalização dos meus defeitos, mas que constituem aquilo que é o meu espólio musical.

Por outro lado, e daí vem o paradoxo, eu tento ser 100% a outra pessoa, porque tenho a voz do intérprete na cabeça, a maneira como eu escrevo, os temas para onde vou, eu tento que sejam consentâneos com a voz que eu conheço e quero desenvolve-las em conformidade com essa voz e então há esse lado paradoxal de ser 100% uma coisa e 100% outra e ser uma coisa completa e não dar os 200% que seriam irreais. 

ACDM - E agora fizeste-me lembrar outra coisa porque as conversas são um bocado assim, já alguma vez te passou pela cabeça fazeres um disco, um E.P., seja o que for, “As canções dos outros” em que tocas as que fizeste para os outros, já tens um grande portefólio dessas canções, já imaginaste fazer um disco, tipo, como é que eu gostava que isto tivesse soado?

S  - Sabes que, tirando uma excepção ou outra, eu acho que eu normalmente entrego as canções e fico muito contente por entrega-las e sei que, e isto tem sido uma constante, os intérpretes a quem as entrego, são melhores intérpretes do que aquilo que eu sou, e então não fico com aquele prurido de “ah, criei uma grande canção que poderia ser eu a tocá-la”, não, eu sei que a voz que a vai levar, vai exponenciá-la mais do que aquilo que eu poderia, então fico muito contente, sobretudo se houver sucesso na voz de outra pessoa. 

 Agora fazer um concerto em torno dessas canções, volta e meia, já aconteceu, eu lembrar-me de uma canção que escrevi para alguém e até lembrar-me que até a sabia de cor e arriscá-la em concertos, isso já aconteceu. 

Mas não estou tão voltado para fazer um concerto em torno disso porque é como te estava a dizer, há uma preocupação muito grande em pensar a canção na voz do destinatário e das canções que eu tenho feito, tirando uma que já existia, já pré-existia, e ofereci-a porque depois de já a ter feito, eu não achei que aquilo era para a minha voz e quando conheci o António Zambujo, percebi que estava ali o receptáculo ideal para a canção que eu tinha feito, dei-lhe uma canção pré-existente. 

Tirando esse exemplo, as canções têm sido sempre feitas à medida e então se eu estiver a voltar “enforma-las” para mim, estou a “desenformar” aquilo que eu fiz do original e então não tenho essa perspectiva, mas não digo que não, não é impossível. 

ACDM - Então uma outra questão, porque não fazer como o Johnny Cash e “as canções dos outros”, mas daqueles que tu adoras, gostas de ouvir música também, não só dos que estão ao teu lado, mas também has-de ter ídolos e porque não fazer essas canções que gostas, até diria que pode ser “a falar”, como ele fazia, nunca pensaste fazer algumas versões? 

S - Vou tocando, vou tocando, há canções como por exemplo quando eu, mesmo com a banda, há uma versão dos Vaselines, há uma versão que vou tocando, volta e meia, o “Chamar a Música” que eu já gravei, quando estou em duo, às vezes toco com o Silas ou com o Miguel Ferreira, mas sobretudo com o Silas, costumo fazer uma versão dos GNR e às vezes faço uma versão do Chico César.

Há canções que eu gosto de homenagear e que gosto de dar uma roupagem que é muito minha e isso é um exercício divertido, agora pensar fazer um concerto enquanto intérprete, eh pá, se calhar vou esperar por alguma ”consagração maior”, só pelo facto de eu achar que, de alguma maneira, eu continuo, mesmo sendo uma pessoa que adora dar concertos e, possivelmente o expoente da minha música, está nos concertos ao vivo, ainda assim e tendo consciência disso e tendo maior prazer, mais até nos concertos do que a escrever, eu sinto que sou mais um escritor de canções do que um intérprete e então, estar a pegar em canções dos outros, sentindo-me mais um escritor do que um intérprete, não faria muito sentido. 

Mas é como eu te digo, como há pessoas que eu também sei que se sentem mais escritoras que intérpretes, como por exemplo o Sérgio Godinho (ACDMestava a pensar exactamente nisso), chegando a um patamar de consagração ele já pode debitar as canções - estas são as minhas canções preferidas, vou fazer um concerto em torno das minhas preferidas – se calhar um dia em que eu me sentir, suficientemente, “consagrado”, vou fazer isso. 

ACDM - Já não faltarão assim tantos anos, estás com quantos anos de carreira, neste momento? 

S - Oh pá olha, é sempre um bocadinho difícil precisar, se eu começar a contar desde que tive as primeiras bandas, isso é um bocado ridículo, porque as minhas primeiras bandas foram na adolescência e não posso assumir isso como um início de carreira, porque não era uma carreira. 

ACDM - Ou contando com o primeiro álbum… 

S - Vou contar com o primeiro álbum que foi no início de 2003, ou seja, já lá vão 17 anos…

ACDM - Portanto mais 13 já dá para fazer os 30… 

S - É verdade… 

ACDM - É que eu estava a fazer contas ao número de vezes que já te vi e qual foi a minha 1ª vez e como tive contacto com a tua música, pela primeiro que tudo e, estava-me a lembrar que, recentemente tivemos a Márcia aqui no Teatro Aveirense e eu recebo um disco teu, o primeiro álbum, vá, com distribuição comercial, num concerto da Márcia, no Passos Manuel, de apresentação do seu 1º álbum. Logo aqui já havia uma conexão e acho que ainda não tinham feito nenhuma canção em conjunto. 

S - Não, na altura, não. Já tínhamos feito concertos juntos, mas nenhuma canção ainda. 

ACDM - Mas, para mim, já havia ali qualquer coisa de mística, pois, no dia em que vou ao Porto ver a Márcia, dão-me o disco do Samuel para eu vir a ouvir, no carro, até Aveiro. Foi o Pedro Santos (o manager de ambos, na altura) outra conexão com Aveiro, e claro, os artistas estrangeiros, quando vêm a Portugal, dizem todos “I Love Portugal!” e não sei quê. Tu quando vens a Aveiro e não só, Estarreja, Águeda, Albergaria, Ílhavo, sentes alguma relação especial com esta região? 

S - Sobretudo Aveiro e Ílhavo, Águeda também, embora Águeda eu considere mais próximo de mim do que propriamente Aveiro, geograficamente era mais perto de Tondela. Então assim, sinto uma proximidade geográfica com Águeda, Aveiro já era mesmo sair de onde eu estava. 

Mas, sim, tem sido um dos sítios onde tenho tocado mais, aliás, nos últimos dois anos, eu dei 4 concertos em Aveiro e mais algumas vezes, estive em Ílhavo, eh pá, e então tornou-se mesmo uma região especial, onde tenho feito amigos, mesmo amigos, é malta que vem aos concertos e com quem eu criei uma relação.


Ler 3ª Parte.

Conversa com Samuel Úria - 3ª Parte

 


POLÉMICA POLÍTICA OU HÁ GENTE MUITO DISTRAÍDA...

ACDM - E agora vou meter uma “bucha”, malta que até é de esquerda e gosta de mata de direita. (risos) 
S - Malta que tolera as minhas ideias “fascistas” .
(mais Risos) 
ACDM - Não sei se queres falar sobre isso, mas como sou infoexcluído do Twitter, só soube da polémica (Nota - um texto assinado por vários pessoas de direita a demarcar-se de ideias e facções totalitárias de direita que estão a ganhar “tempo de antena” em Portugal e no resto do mundo), no programa “Preciso de Falar” das manhãs de domingo na Antena 3. 
Então aproveitei uma foto que tínhamos a fazer o “V” de vitória e até disse (ironicamente) que estávamos a festejar a vitória da AD de 1979. 
(Risos) 
E partilhei aquilo dizendo algo do género, agora a sério, nunca leram textos de opinião do Samuel ou leram algumas das suas letras? Isto não lembra ao diabo. 
Um dos comentadores do programa, ou o Nuno Galopim ou o Rui Miguel Abreu, não sei precisar, chegou a dizer: “O Samuel deve de se estar a rir à brava, ao ler alguns dos comentários mais inflamados do Twitter”. 
S - É verdade, é verdade, mas como já tive Twitter há dez anos e perdi a password, estava a receber de amigos meus, sobretudo amigos de esquerda, a rirem-se também eles a bandeiras despregadas, a mandarem-me uma espécie de best of, das coisas que estavam a ser ditas.
E de facto tinham muita piada, foi mesmo uma tarde divertida para mim. 
Para já, por causa daquela ideia de que eu, de repente, saí do armário, só porque assinei um texto (ACDM – um texto coerente e sem nada que se aponte), aliás um texto contra a normalização da extrema direita, contra a normalização de ideias fascistas e autocráticas que devia ser a coisa mais normal., eu cresci com a normalidade de rejeição da autocracia e do fascismo e das ideias de extrema direita. 
Mas de facto no Twitter, e até, se calhar, por ser marcado por gente mais nova, o texto em si, não interessava para nada, havia ali era uma espécie de “escapou-nos ao index oficial” que há um artista que não se, nem é ser de direita, é alguém que se diz de não socialista, de facto essa era a nomenclatura, era os não socialistas. 
E então surgiu, tenho consciência que surgiu, logo no início, o “ah, esse gajo não é socialista, cancelem-no”, mas de repente, e aquilo foi só no início, foi uma defesa de carácter, malta que me conhece a fazer uma defesa pessoal e também, malta que não me conhece a fazer uma coisa que pode parecer quase perniciosa, tendo em conta o espectro democrático, “ele é de direita, mas” quase parece, “mas até tem maneiras, até deve fazer a sua higiene pessoal e íntima”, é quase aquela defesa, “mas não sei quê…” 
ACDM -Sim, sim, eu achei fantástico porque, apanhei aquilo já com “o comboio em andamento” ou já quase a parar na estação, e achei curioso, será que tu os baralhaste com o “Fica Aquém”? 
S - Eu durante 3 anos, escrevi textos de opinião, colunas de opinião e crónicas, e sendo eu uma pessoa que, lá está, ou desde que me fiz pessoa, nunca me conotei propriamente com a esquerda, porque eu tinha sempre uma ideia da esquerda que é um bocadinho mais dogmática e os meus dogmas não estão na política, a esquerda sempre me pareceu um bocado, de alguma maneira mais doutrinária e eu fugi dessa doutrina.
Também ajudou eu ter-me feito adolescente e adulto, na altura do Independente e a ler os textos do Miguel Esteves Cardoso, ajudou um bocado a perceber que um pensamento livre, se se dissesse de esquerda, sendo livre na mesma, teria de respeitar um sem número de ideais que eu, muitas vezes respeitando, posso perfilha-los não sou aperfilhado por eles, aí é que esta, na direita achei que teria sempre mais liberdade, baldando-me para o que é de direita ou o que não é. 
Mas curiosamente, quando eu fazia esse artigos de opinião, normalmente quando eu falava de questões como o racismo, o racismo então era um clássico, uma das críticas e, normalmente, a maioria das pessoas que vão comentar, é para mandar vir com quem escreveu e uma das coisa que mais me chamavam, nas caixas de comentários, era de Esquerdalho, o nome que mais me chamavam era “este esquerdalho, não sei quê , olha para o PCP que também matou não sei quanta gente”. 
ACDM - Pois, aquela “contagem de cadáveres” do costume, não é? 
S - Sim, curiosamente, sendo eu falando completamente em plena consciência do que são os meus ideais e do que não são os meus dogmas, uma das críticas que mais me faziam era ser um Esquerdalho. ACDM - Sim, e em certa parte, és também (risos), e já agora, falaste do independente, eu quando era mais novo, bebia muito do Independente e aprendi a escrever e fui fã do MEC, estavas a assinar ao lado, mais abaixo, dele. 
S - Sim, é verdade, não sei quem está na génese do texto, mas o grosso do texto um dos principais que é também meu amigo, é o Pedro Mexia, com quem também me revejo e que também fez uma espécie de revolução intelectual da direita, na altura do início do século, também com os blogs, sobretudo com a Coluna Infame que foi, possivelmente, o primeiro grande blog de política em Portugal e que depois os blogs políticos de esquerda, que nasceram na mesma altura, não foram em contrariedade à Coluna Infame, mas simplesmente, malta de esquerda que era amiga da malta da CI, do Pedro Mexia, do Pedro Lomba e, outro que me está a falhar, era malta que , por serem amigos, quiseram também ter um blog, não em contraponto, mas quiseram ter um blog para fazer uma discussão saudável. 
Foi de facto o Pedro, de quem parte esse texto, o Francisco Mendes da Silva , também, uma pessoa… 
ACDM - Viseense, claro que fica ali perto do eixo do Cavaquistão. 
(risos) 
S - Sim, viseense, sim, são eles que me falam desse texto e são pessoas em quem eu confio, obviamente que só anuí com a minha assinatura, depois de ler e pá, é uma coisa impossível de não concordar. 
ACDM - Claro, eu comecei a pensar na polémica passado meia hora ou assim e isto só prova que a inteligência, tal como a estupidez, não escolhe direita nem esquerda, é uma coisa incrível, eu fiquei pasmado porque acima de tudo eu admiro a inteligência e nunca vou deixar de ouvir ou ler alguém, só porque é de direita ou de esquerda.

Conversa com Samuel Úria - 4ª parte

 


ACDM - Aqui há dias estava a falar com um amigo acerca do Leonard Cohen e desde que li a sua biografia, nunca mais olhei para o “Chelsea Hotel Nº1” da mesma maneira, porque foi quando eu descobri que ele identificou a Janis Joplin, como a senhora que estava a “rezar”
S - Sim, sim, a “dar cabeça”. 
ACDM- E isso chocou-me um bocado porque, não sei se leste a biografia do Cohen. 
S - Sim, sim. 
ACDM - É que eu fiquei chocadíssimo porque, li-o à cerca de uma ano, ele é tão amoroso com as suas canções e, ao mesmo tempo era um filho da mãe porque deixava a mulher, que já tinha roubado a um amigo, seis meses na Grécia, a tomar conta dos filhos e ia dar uma volta atá ao tal Chelsea Hotel ou outro ponto do mundo e fazia o que lhe apetecia. Era um sacana e depois fazia canções lindíssimas. O problema é que, depois de ler a biografia, não consigo olhar para as canções da mesma maneira, fico dividido. Às vezes é melhor não saber tanto… 
S - Não olha, o Cohen tem um ponto que é curioso, é até muito curioso para uma nova discussão que se tem feito, sobretudo, nos últimos tempos, até com o movimento Me Too que é aquela coisa do, de repente conheces a personalidade da pessoa e saber se podes separar a arte da pessoa. 
Com o Cohen, dá-se o caso de ele muitas vezes tentar redimir-se nas canções. Os pedidos de desculpa, as assumpções de culpa, os trajectos de uma renovação e de ser melhor, estão nas canções. 
Nesse sentido, tu nas canções, tens mesmo o melhor dele e tens as declarações de que ele quer ser melhor e isso por um lado, mostra que mais facilmente rejeitas as biografias que as canções, as canções são mesmo o lado melhor dele. 
ACDM - E ao fim e ao cabo, quem não tem falhas ao longo da vida
S - Claro. 
ACDM - Queres dizer alguma coisa para os teus admiradores e fãs do coração, estão aí alguns e agora há malta que te quer dar beijos e abraços e não pode
S - Hoje foi muito estranho, ter a consciência de que não podia declarar, da maneira que eu queria declarar-me, porque os concertos que dei até agora, não tenho tido a limitação de tempo que tive hoje… ACDM - Este foi o primeiro com as novas regras de tempo? 
S - Sim e de facto receber pessoas num concerto, é sempre especial, mas nestas circunstâncias em que de facto, torna-se um acto de coragem, até um acto de resistência, mesmo sabendo que as pessoas estão a tomar todas as medidas de segurança e sabem que é necessário fazê-lo e mesmo assim decidem vir apoiar as artes, lá estou eu com a presunção de chamar arte a isto que eu faço. 
ACDM - Mas sim, mas sim
S - Mas até estou a falar em termos genéricos. Mas quando eu estou em palco, há uma comoção redobrada em relação aos concertos. 
Eu já sou uma pessoa muito grata por ter público e normalmente quando incidem as luzes eu consigo distinguir amigos, pá, fico feliz da vida e com amigos que faço e a interacção.
Mas está a tornar-se especial, Apesar de ver um mar de máscaras, é especial e percebe-se que atrás das máscaras, há uma intenção redobrada das pessoas mostrarem que o que está escondido é felicidade e é apoio e é comunhão com quem está em palco e é muito bonito
ACDM - E já agora uma coisa que por acaso tenho sentido, eu não deixei de ir a concertos, só não fui quando estivemos mesmo fechados, o que sinto, mesmo auditivamente, é que os aplausos são mais fortes, não sei se sentes isso? 
S - Posso estar condicionado, por querer que isso aconteça, mas eu até quando estou - eu já fui a vários concertos – como espectador e, lá está, quando alguém está em palco e pedem para cantarem canções que eu conheço, eu até tento cantar mais alto para que a máscara não bloqueie e sinto que tenho de dar mais nos aplausos, eu no lugar do espectador tenho essa experiência, tenho um bocado a vontade que isso também aconteça comigo. Eu quase que pressinto que isso, às vezes, acontece. 
ACDM - Quase que dá a impressão que estão a bater palmas para compensar os lugares que têm de estar vazios
S - É verdade, é verdade, eu acho que as pessoas se multiplicam. É quase os soldados de terracota. 
ACDM - E no meio deste ano louco, o que é que consegues dizer disto tudo, alguma coisa de sano, no meio desta insanidade toda
S - Olha, tendo a esperança que isto não vai durar para sempre, eu acho que uma das coisas positivas, é verdade que houve coisas muito negativas, e sobretudo para a minha classe, para as pessoas que trabalham com esta classe, coisas muito negativas, a falta de trabalho, a redução de público, etc. 
Mas por outro lado, enquanto público, enquanto pessoa que também avista o público eu acho que se está a criar uma “fome” por aquilo que estivemos privados e havendo uma recuperação económica, havendo um restabelecimento da normalidade, o restabelecimento de algum contacto físico e de proximidade, eu acho que temos, não sei, isto é wishful thinking, mas eu acho que em 2021, as pessoas vão “dar o litro” para poder recuperar aquilo que não puderam fazer e estou mesmo a contar com isso. 
ACDM - E, só para acabar, eu tenho-me apercebido, não sei se tu também, os disco que têm saído este ano é quase “cada tiro, cada melro”, são todos bons. 
S - Eu estou muito contente com os meus colegas que lançaram discos este ano, tenho ouvido muitos discos de malta portuguesa, também. 
ACDM - Assim de cabeça, temos o teu, temos o dos Clã, o do Sambado, o de Lobo Mau… 
S - Fachada, Mazgani, 
ACDM - O de Mazgani, saiu antes do covid, parece que foi há bué de tempo, mas é deste ano
S - O Benjamim, Noiserv, são discos que tenho ouvido com muito gosto. 
ACDM - No meio deste ano todo, parece um “Ano Vintage”, o single do Jónatas, está uma coisa brutal
S - É verdade, vem aí um grande disco que vai sair já em 2021.
ACDM - Resta-me agradecer-te, que fiques com A Certeza da Música no coração e obrigado
S- Sim, já sabes que sim. 
ACDM - E agora vou desligar, para falarmos do Benfica... 
(Risos)

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Guimarães Jazz / Porta-Jazz #4 - Report e Entrevista

Guimarães Jazz - Porta Jazz
12 de Novembro de 2017
Texto, Entrevista e Fotos de Miguel Estima 


No passado Domingo, 12 de Novembro, o Guimarães jazz apresentou na Plataforma das Artes e Criatividade/Centro Internacional de Arte José de Guimarães o concerto da residência dos músicos do Projecto Cotovelo, a convite da Porta-Jazz. Este ano o grupo era formado por Nuno Trocado na guitarra, Tom Ward nos saxofones, flauta e clarinete baixo, Sérgio Tavares no contrabaixo, Acácio Salero na bateria.
Num híbrido entre o jazz e encenação com o uso da palavra como de uma leitura encenada, veio a apresentação do “Cotovelo”.
Estivemos à conversa com o músico Nuno Trocado para sabermos um pouco mais.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

À conversa com o Nástio Mosquito

A propósito de mais uma visita de Nástio Mosquito a Portugal para nos apresentar Se Eu Fosse Angolano, aproveitei para trocar umas impressões via mail que agora aqui publico. O objectivo é dar a conhecer um pouco mais do Nástio, espero que gostem.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Rui Ferreira - Lux Records e etc - Entrevista

Desde que comecei com este blog que sempre foi minha vontade, apresentar mais pontos de vista que não o meu, quer na forma de report's feitos por pessoas que fui conhecendo e desafiando a escrever, quer por pequenas entrevistas que fiz, até agora todas, via mail.
A entrevista que publico hoje, levou o tempo que tinha de levar e hoje está actualíssima, apresento-vos Rui Ferreira, Locutor de rádio e não só, Manager de bandas e não só, Editor de discos e não só. Este rapaz é daqueles remadores que nos trata do espírito, mas se for preciso também da saúde, dado que também é enfermeiro.
Aqui fica a entrevista que nos dá o ponto de vista de alguém que já há muitos anos está dentro do meio musical.
Espero que gostem.

domingo, 23 de setembro de 2012

Entremuralhas 2012

Ainda agora começava a terceira edição do Festival ENTREMURALHAS para logo acabar, no dia seguinte - moral da história: Os festivais acabam porque têm de acabar. E acabam porque têm de recomeçar, e depois daquilo que pudemos testemunhar uma vez mais, dentro dos muros medievais do Castelo de Leiria, seria muito difícil equacionar a hipótese de não haver edição em 2013 – a não ser que o calendário Maia nos venha incomodar mais do que aquilo que já conseguiu, e mesmo assim seria para recomeçar de novo. O que mais distingue, de antemão, o ENTREMURALHAS da maioria dos outros festivais de verão neste país, é que é inteiramente non-mainstream, sem ser exactamente underground, porque isso é já em si, um conceito gasto.
Chamá-lo um festival alternativo, um festival gótico (que o é “mas não só!...”), mas também um festival darkfolk ou industrial, será sempre exercício limitador de possibilidades e só interessa àqueles que não sabem ao que vão – mesmo em trabalho – ou para os que têm a mania de pôr etiquetas em tudo, desde os tempos da escova de dentes no infantário… por momentos, temos uma vontade nostálgica de trazer de volta as imortais “rádio soundbytes” de António Sérgio e dizer que este é “O” festival de música “rebelde” que ainda subsiste, mas não seria, quiçá, justo com outros que ainda assim defendem acerrimamente as suas cores.
A FADE IN, e nomeadamente para este festival, protagonizada pela empatia dinâmica de Carlos Matos e de toda a sua equipa, não se reduzindo portanto à sua mediática imagem, só pode estar orgulhosa e realizada pela consecução de tal feito, pela terceira vez.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Entrevista aos Johnwaynes

A banda portuguesa com mais discos editados em 2011… é de Aveiro!
Johnwaynes são António Bastos (live music, produção) e João Pedro Vieira da Silva, conhecido Jepe, (dj e produtor musical). Contrariando a crise, tiveram um ano de 2011 com grandes concertos, parcerias com nomes de luxo do panorama musical internacional e uma solidificação de uma carreira internacional. Em vésperas dum regresso a “casa” num live dj “aveirense” na Estação da Luz com o MC Johnny Def , A Certeza da Música foi saber quais são os seus planos e desejos para 2012.
Já todos os conhecem mas é inevitável perguntar, como é que vocês se juntaram?
JEPE: Em 2004, eu andava a procura de alguém que me ajudasse a realizar uma remix para a banda portuguesa LOTO
António Bastos (AB): E encontraste-me?
JEPE: Sim, numa workshop que o António Bastos estava a realizar de novas tecnologias da música (software de produção, etc) e abordei-o sobre a ideia.
AB: Eu não o conhecia e perguntei mesmo o que ele fazia, porque não o sabia. Quando ele disse que era DJ, até fiquei de pé atrás porque não gostava de djs, dessa cena. E depois de nos conhecermos em termos musicais, vimos que havia algo em comum! E foi o Jepe que me despertou para a boa música. Obrigado JEPE!
Vocês este ano actuaram muito mais no estrangeiro?
JP: Sim, a cultura musical no estrangeiro é muito superior e estão mais abertos no estrangeiro a novas tendências do que em Portugal…
AB: Sem dúvida que sim. E não sabemos o porquê… Até sabemos… as rádios e meios de comunicação social em Portugal prestam um serviço e não temos nada contra. Mas apostam pouco e a verdade é que o pessoal ouve aquilo que lhe dão. A culpa é de todos: rádios, programadores e djs… que entram na onda.
E vocês não sofrem com a questão que “toda gente é dj”?
AB: Acho que não sofremos com isso… qualquer pessoa que tem um determinado gosto deve passar música. No entanto, quem contrata um dj para ir animar um espaço deve optar pela qualidade e por quem vive na música, conhece a música e vai prestar um serviço de qualidade. A malta que “passa” música dá ao público o que é fashion, o que está na onda, para ser reconhecido rapidamente.
Este ano foi um ano forte em termos de edições musicais?
AB: Foi o melhor ano de sempre de Jonhwaynes, o que tem vindo a mostrar a nossa consistência. Se em 2010 tínhamos editado pela Optimus Discos este ano contamos com edições em editoras como Cecille, Compost (ambas alemãs) Groovement (portuguesa), Mule Musiq (japonesa), Tusk Wax (inglesa), entre outras. Editámos 8 discos físicos, e mais um conjunto de originais e remixes em formato digital. Fomos a banda portuguesa que mais editou… e como vêem, poucos associam este trabalho. Imaginam um grupo conhecido a lançar 8 discos?
JEPE : Sabemos perfeitamente que quantidade poderia não significar qualidade. A importância das editoras mostra que estamos no bom caminho e que apostamos em qualidade.
Qual é a vossa aposta para 2012? Mais concertos nacionais ou internacionais?
JEPE e AB: Queremos mais datas e mais edições por editoras reconhecidas. Este ano de 2012 queremos consolidar o nosso nome na Alemanha e Áustria (onde já temos um público fiel e datas marcadas) e também em Portugal, onde o nosso melhor foi a presença nas tendas electrónicas dos festivais Super Bock Super Rock, Vilar de Mouros e edição deste ano do Festival Serra da Estrela.
O que é que acham da noite aveirense?
JEPE: Podia ter mais qualidade musical…
AB: Espaços até há mas há pouca aposta em novos conceitos. Há três ou quatro conceitos diferentes mas depois caem todos no mesmo… ou falta mesmo originalidade nos conceitos de bar e musicais ou não sei o que se passa…
JEPE: Tudo tenta inventar, não seguem alguns princípios de gestão e inovação. E com isso há falta de profissionalismo
E Jepe, não te associam somente à Estação da Luz?
Em Aveiro sim, acontece isso até pelas minhas funções lá mas somos claramente acarinhados pelo público aveirense. Claro que há essa ligação mas é natural e não se sente fora do país ou quando actuamos nos clubes portugueses.
Tó, para além dos johnwaynes és músico em outros projectos, certo?
Tenho um projecto a solo como MRBEAT, fazendo algumas parcerias estéticas com alguns músicos e instituições, tendo como base a fusão e criação de novos espectáculos... Sou Fundador de RUA ELÉTRICO, com Bruno Estima (CRASSH) e Artur Carvalho (BATUCADA RADICAL). É um projecto de arte comunitária, com o propósito de unir uma comunidade através da música. Teve a sua primeira apresentação no Teatro Aveirense, onde participou a comunidade artística da cidade, crianças e jovens dos bairros mais carenciados da cidade (com vista à integração social) e a escola MUSICA.COM, onde sou director pedagógico. Está já previsto este projecto noutras cidades do país. Sou Director Artístico do ORFEÃO DE VAGOS. Trabalho com a COMPANHIA DE MÚSICA TEATRAL DE LISBOA, e sou membro dos CLARINETES AD LIBITUM.
Se calhar as pessoas não imaginam o que a produção de uma música electrónica… Há muito a associação ao ato de pegar numa guitarra ou outro instrumento e começar a criar um hit… Como é que vocês funcionam? É igual?
AB: Na música electrónica, muita gente usa “samples” ou bancos de sons (coisas pré-gravadas) para produzir música, o que origina um tipo de estética/sonoridade. Nós, o que fazemos, é gravar tudo tocado como uma banda som, o que cria um estilo de estética johwaynes, electrónica com orgânica. Diferente. Os instrumentos electrónicos são todos tocados por nós. É essa a nossa identidade musical.
Qual seria o vosso maior desejo para 2012?
JEPE e AB: Para nós, continuar a evoluir como evoluímos em 2012. Para a Música em geral, que Portugal fique mais rico culturalmente, que se aposte em novas sonoridades e não mais do mesmo.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Quase Famosos - O Cenáculo

Tal como indica o nome da Banda "O Cenáculo" que significa em qualquer dicionário vulgar, "reunião de pessoas com interesses comuns", este projecto tem como fundadores e compositores Vasco Arizmendi e Carlos Raposo, por ele já passaram músicos de estilos muito diversos, desde o jazz, à música tradicional, ao reggae, à música clássica.
Esta partilha de estilos, influências e experiências faz do Cenáculo um projecto em constante evolução o que faz com que se realize em pleno, o "conceito" que dá nome ao projecto.
Eu descobri-os pela net e foi amor à primeira audição e acredito que o mesmo aconteça com aqueles que os vão ouvir depois de lerem este artigo/entrevista.
Na altura em que lhes enviei umas perguntas para os conhecer melhor, ainda só estavam disponíveis duas canções no facebook da banda , agora já ouvi mais algumas e continuo a adorar. Agora só me falta satisfazer a curiosidade de os ver ao vivo. Pode ser que bons ventos os tragam cá a Aveiro ou a qualquer sitio onde eu os possa ir ver.
Aqui fica o resultado da nossa conversa à distância:
Como é que nasceu o grupo? Há quanto tempo?
O Cenáculo nasceu espontaneamente em 2008. Eu (Vasco Arizmendi) e o Carlos Raposo decidimos compor temas num quarto improvisado de estúdio, tendo a promessa que iríamos compor para nós e que jamais iríamos mostrar esses temas a alguém. Digamos que víamos o Cenáculo como um refúgio do nosso dia-a-dia. Entretanto, sem sabermos bem como, quando reparámos, estávamos em palco. E, agora, não nos vemos de outra forma!

O que os Inspira?
Em poucas palavras diria que o que nos inspira são as palavras e a música. Aliás, neste projecto, estes dois elementos são indissociáveis. Pensamos que o Cenáculo tem o seu imaginário próprio que se traduz numa multiplicidade de temas. No entanto, é impossível ao Cenáculo dissociar-se do seu tempo e da forma como as pessoas são tratadas numa lógica perversa onde tudo é inevitável.

O que pretendem fazer como banda? E que públicos pretendem alcançar?
Pretendemos dar concertos até que as vozes nos doam e que os dedos não possam mais. E pretendemos fazê-lo para todo o público, sem excepção.

Que músicas têm já prontas além das duas que já se podem ouvir na "Bandpage"?
Do EP fazem parte quatro temas: Vai na Sombra, O Zé, A Bailarina e Todo o Dia, que julgamos serem os mais adequados como forma de apresentação e promoção da banda, além destes temas de apresentação temos um alinhamento de cerca de 13 temas que esperamos poder divulgar em breve.

Já têm prevista alguma edição em disco e concertos?
Felizmente, concertos temos tido muitos. Poderão consultar na nossa página no Facebook (onde inclusive podem descarregar algumas das canções gratuitamente) ou Myspace. Relativamente à gravação de um disco ainda não temos previsão. Uma proposta será bem-vinda!

terça-feira, 5 de abril de 2011

The Kaviar em Entrevista

Antes de começarem a tournée os The Kaviar falaram sobre o seu disco para o Myspace, na primeira pessoa.
Eis aqui a entrevista:

Entrevista: Kaviar

MyPortugal | Myspace Video

sábado, 26 de março de 2011

Tiguana Bibles em Entrevista

Os Tiguana Bibles estiveram na Tertúlia Castelense na semana passada e a sua vocalista, Tracy Vandal esteve à conversa com o pessoal da cznaudiovisuais.
A entrevista é toda em inglês, intercalada por algumas das canções que foram tocadas naquela noite. Como fã da banda, achei interessante publicar este video para irmos sabendo o que é que eles estão a preparar enquanto não sai o álbum.
Aqui fica então o video:

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Henrique Amoroso à Conversa

Henrique Amoroso é vocalista dos Corsage, mas também escreve e canta canções a solo, muito bonitas, por sinal. Descobri-as porque ele recentemente colocou uma – “Strobetease” – no mural do seu facebook, que imediatamente me despertou a curiosidade, fui logo ao seu myspace ouvir o resto.
Por lá encontrei originais e algumas covers de canções de alguns “heróis” bastante interessantes.Rapidamente fiquei conquistado e decidi fazer-lhe uma “espécie” de entrevista via mail. Simpaticamente o Henrique, lá arranjou tempo, entre a sua mudança de casa, para falar da sua música a solo e também dos Corsage:

Quando e porque começaste a fazer canções sozinho?
Comecei a escrever canções e a tocá-las depois da minha anterior namorada, Sanja Chakarun, me ter deixado e ter rumado ao seu país de origem. Escrevi as letras numa noite e na seguinte gravei seis músicas no estúdio dos Corsage, com o Pedro Temporão, porque lhe queria enviar uma pen pelo correio, juntamente com uns girassóis secos. Assim foi feito, foi uma pen com forma de garrafa de refrigerante com seis músicas

És tu que escreves e tocas sozinho ou tens pessoas que colaboram contigo?
Na altura não sabia tocar nenhum instrumento, em finais de 2008. Hoje também não. No entanto, como curioso, gravei estas músicas em casa, tocando todos os instrumentos e escrevendo letras de "deixar ir" e outras de "deixar entrar".

O que te inspira?
O que me inspira pode ser consultado na minha ficha do myspace, se lá puderem dar um salto – http://www.myspace.com/henriqueamoroso

Gostas mais de cantar em português ou em inglês?
Isso do Inglês ou do Português é como perguntar se gosto mais da Mamã ou do Papá, é diferente. É certo que sinto uma necessidade cada vez maior de me expressar na minha língua, independentemente das modas ou dos viras

Vais editar estas canções em disco, quando?
Tenciono editar um registo (possivelmente pela internet) na segunda metade do ano. Ainda não tem título mas, já tem um bom punhado de canções candidatam a figurar no alinhamento.

Este projecto a solo é para ser apresentado ao vivo?
Será constituída uma banda para o apresentar ao vivo, de elfos, esquilos e de estátuas de bronze que não se mexem ao som de dinheiro, como a do Fagundes, esse carniceiro-explorador marítimo que colidiu com a Nova Escócia, há uns tempos atrás.

E os Corsage, também vão editar este ano, quando?
Os Corsage encontram-se, de momento, a encontrarem-se com menor frequência, porque eu ando com dificuldades em escrever as letras das canções novas, estou a mudar de casa para os lados do Alto de Santo Amaro e a língua está perra. Mas teremos disco este ano, provavelmente depois do mês da malta ir toda para Torremolinos de férias. E vai ser fenomenal. Algumas das novas canções têm muita genica, e andamentos fortes. Parece que estamos a ficar mais novos.

Espero que esta pequena conversa também vos desperte o "apetite" para irem ouvir as canções do Henrique e dos Corsage.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Diego Armés à Conversa

Foto de Cheila Cunha
Diego Armés é vocalista dos Feromona, mas a vida dele não é só Rock, ele também faz "Canções Para Senhoras e Namorados".
Estas canções foram recentemente apresentadas na fnac do Chiado e em breve vão passar a disco.
A propósito de tudo isto estive à "conversa" com ele para saber um pouco mais sobre esta vertente a solo:

Diego, tendo tu já uma banda, como surgiu a ideia/vontade/necessidade de tocares a solo?
Havia músicas que ficavam fora de Feromona, umas porque não eram aprovadas, outras porque não se adequavam ao registo da banda. Fui acumulando umas quantas, trabalhando-as noutro sentido, com uma abordagem “não rock”. Mais ou menos sem querer e sem saber muito bem porquê, comecei a dar uns concertos, meio a brincar, e comecei a ver que as pessoas até gostavam… e foi assim. Mas é uma coisa que já dura há anos. Decidi editar agora porque surgiu a oportunidade. Tenho músicas com quatro e cinco anos.

O que te inspira para fazeres as tuas canções e como separas o que fazes a solo, do que fazes com a banda?
Se eu responder “olha, não sei” vale? É que não faço a menor ideia… Normalmente, quando começo a compor não dou muito por isso nem penso sobre o assunto. Depois de pronta a música é que decido o que fazer com ela. Há algumas que não voltam a ser tocadas porque não me lembro delas no dia seguinte… Outras adequam-se a Feromona e outras são para senhoras. E pronto.

Quem colabora contigo no disco?
Colaboram o Filipe Fernandes (co-produtor, técnico de som, percussões, melodia e espanta-espíritos), João Gil (piano), Ricardo Jacinto (violoncelo) e Rosa P. (acordeão).

O disco já está pronto, quando sai?
O disco está pronto em termos de gravações. Falta o resto e este “resto” nem sempre é previsível. Segundo o plano, deve sair entre o fim de Março e o início de Abril.

Já fizeste uma pequena apresentação na fnac do chiado, como é que correu?
Correu muito bem. Estava muita gente. Pessoas atentas. Houve boas reacções no final. Muito boas. Toquei com o João Gil na maior parte dos temas. Enganei-me uma ou duas vezes, estava um bocado nervoso. Mas resultou.

Estão previstos mais concertos a solo?
Sim. Previstos estão muitos. Marcados estão dois ou três. Que me lembre agora, dia 23 na CulturBica e 16 de Março no OffBeatz, no MusicBox – este vai ser com a formação completa, espero eu.

E para os Feromona como vai ser 2011?
Vai ser um ano de trabalho, composição, gravações, filmagens e alguma meditação. Esperamos ter novidades para breve.

Para conhecerem mais destas abordagens "não Rock" do Diego podem ir até ao seu Facebook - http://www.facebook.com/diegoarmes .
Por agora deixo um video de uma das canções que fará parte do disco e que me deixa com uma enorme expectativa para o que aí vem:

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A Freddy's House - Lock Full Version

Depois de no ano passado ter surpreendido com o EP “Lock” (editado pela Optimus Discos apenas para download), eis que Fred (Frederico Cristiano) decidiu alargar a oferta e apresentar um álbum completo a que deu o nome de “Lock Full Version”, como edição da Cobra Discos.
Com esta edição são acrescentadas oito canções às cinco já conhecidas, o que faz com que, depois de um excelente EP, passemos a ter um excelente álbum.
Não sei como descrever a magia que vem desta casa do Fred que desde Braga espalha boa música para o mundo. Música cheia de boas influências – Dylan, Cohen, Springsteen e Veder – que nunca são negadas (Como poderão ler nesta entrevista ao IOL Música) e que valorizam ainda mais o seu disco que começou por ser um trabalho solitário de composição e produção, mas que conta com o “cimento” fornecido pelas belíssimas letrasque pena não vir um livrinho com elas dentro do cd – de Susana Noronha, companheira de há alguns anos, que consegue sublimar a beleza da música.
Dizia-se de António Variações que a sua música estava entre Braga e Nova Iorque, a de Fred parte da mesma cidade, mas leva-nos até ao Nebraska e às suas planícies do Midwest americano.
Este disco tanto dá para ouvir no recato da casa, como em viagem, as músicas que vêm nele conseguem abrir-nos os horizontes, mesmo que os dias sejam cinzentos. A sua audição torna-se um vício, mas dos bons, por exemplo, é impossível resistir à slide guitar que abre de “Prelude: The Hunter’s Song” e nos deixa imediatamente “caçados” à primeira audição, com “The Knot” vêm o amor que não esquecemos e nunca queremos largar, o acordeão de “Box With Dancing Dolls” ou o piano lindíssimo de “Tempest Girl” deixam-nos a “planar” e a pedir canções maiores só para manter o prazer da audição.
As sensações que eu descrevo e outras mais, podem ser descobertas por vocês ouvindo este “Lock Full Version” que é sem dúvida um dos discos fundamentais de 2010.
Aqui fica o vídeo de outro grande tema do disco, neste caso o inspirador “Road to Rebellion

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Mind da Gap - Entrevista

Os Mind da Gap lançaram em Abril o mais recente álbum "A Essência" e dão aqui uma entrevista ao IOL Música que achei muito interessante.
Gosto da frontalidade e da maneira "desassombrada" com que falam dos problemas que enfrentam como banda e como cidadãos.
Aqui fica também o video de "Não Para" uma das pérolas do disco que aqui conta com a participação de Valete.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Fred Ferreira em Entrevista ao Metro

Achei muito interesante esta entrevista ao Fred Ferreira, feita pelo Bruno Martins e com fotos de Luis Aniceto para o Metro.
Aqui fica o link, espero que gostem.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Tudo Ligado III

Encontrei no blog Ecletismo Musical uma entrevista muito interessante, feita a David Santos (Noiserv), lá também encontram um link para descarregarem um "bootleg" de um concerto ao vivo no Teatro A Barraca.
Na entrevista é explicado que o nome Noiserv, vem de Version, a propósito disso deixo aqui o video da versão, que ele fez para o 3Pistas da Antena3, de "Where is My Mind" dos Pixies.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Kaviar - Entrevista ao O Ribatejo

Não foi feita por mim, mas é uma entrevista interessante que revela mais um pouco da história desta banda - KAVIAR - que continua a crescer.
Podem ler aqui.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Entrevista aos D3ö

Uma longa conversa à distância, por mail, resultou na entrevista que vão poder ler agora. A idéia inicial era falar apenas dos D3ö, mas achei que não podia perder a oportunidade de ter o Toni Fortuna ao meu "alcance" e aproveitei para contextualizar o percurso que o levou até aqui.
Assim dividi a entrevista em três partes, sendo as duas primeiras um pequeno lamiré, sobre o passado artístico do vocalista do grupo.
1. É M’as Foice
- A tua primeira ligação a uma banda foi com os “É M’as Foice” – Como é que foi a tua participação nessa banda “mítica”
42na: Todo o processo dos mas foice foi sempre pura diversão, éramos um grupo de amigos que nos divertíamos juntos, e acordámos que quando a diversão acabasse, seria a melhor altura para acabarmos com a banda. E isso foi o que aconteceu, de uma forma bastante simples e sem “remorsos”.
- Ainda te sentes como um Rockabilly de poupinha no ar?
42na: Nem por isso, aliás essa letra era “dedicada” ao que nós víamos à nossa volta, não era propriamente um retrato pessoal...eu acho que nunca me considerei um rockabilly, mas de qualquer forma foi uma boa altura, essa, do Moçambique bar em Coimbra.
- Aquilo era muita “loucura” dentro e fora do palco, as imagens que vão aparecendo via youtube mostram-no bem. Nota-se que havia muita interactividade com o público. Tens alguma história desses tempos que possas partilhar?
42na: As histórias aconteciam em quase todos os concertos, era sempre uma grande confusão e houve muitos mal entendidos, sabes, era uma outra época em Portugal, não havia nem metade das “facilidades” que agora há, era fácil haver mal entendidos e sermos mal interpretados, as pessoas em si também eram mais fechadas a novas experiências, e os mas foice tocavam em qualquer sítio para que fossem convidados, alguns deles quem nos convidava nem sabiam o que estavam a levar lá.
2. Tédio Boys - Depois dos “M’as” vieram os Tédio Boys, banda que gerou algum culto, mas que me parece ter mais adeptos actualmente do que na altura. Com essa banda chegaram a ir ao Estados Unidos. Como é que foi toda essa vivência, o que pensavas na altura?
42na
: Na altura pensava que poderia viver da música, que Portugal era bastante pequeno, e claro que pensava em várias possibilidades de começar a minha vida noutro(s) pais(es).
- A ideia de um grupo de cinco rapazes de Coimbra ir à “conquista” daquele país imenso não te assustava?
42na: Antes pelo contrário, nós fazíamos lá o mesmo que em qualquer outro lado, era a nossa maneira de nos expressarmos. Claro, que em certos sítios tivemos melhor aceitação que noutros(tal como cá em Portugal também variava), mas isso nunca nos “assustou”.
- E como é que vias as coisas em Portugal? Tinham muita gente nos concertos, havia espaço para a música dos Tédio?
42na: Tivemos salas muito boas, muito más, fomos “adorados” e “odiados”, acho que ao longo dos 10 anos tivemos muita gente que nos foi fiel, pessoas que cresceram connosco, nunca obrigámos ninguém a gostar do que fazíamos. Sinto que depois de termos acabado como banda todo o projecto cresceu brutalmente.
- O facto de terem surgido tantos projectos com “raiz” nos Tédio, significa que vocês são eternamente insatisfeitos? Ou simplesmente – vou usar uma palavra que está na “moda” – são "empreendedores" da busca da música perfeita?
42na: Eu acho isso só mostra o quanto, cada um de nós, queria e continua a querer produzir. Acho que o processo criativo funciona mesmo dessa maneira, depois de feito e acabado, tudo poderia ter sido feito de forma diferente. Acho que é isso que nos faz querer fazer mais, um misto de insatisfação e de querer fazer melhor ou diferente.
3. D3O - Depois do fim dos Tédio nasceram os D3O. Como e quando é que decidiram formar a banda?
Miguel: Não decidimos propriamente em formar “uma banda”, nem tão pouco com o nome d3o. Tudo surgiu naturalmente. Em 2001/02 tanto eu como o Toni, estávamos “libertos”, e nestas coisas, quando se tem vontade as coisas Acontecem. Assim, o Toni pediu uma guitarra emprestada, e resolvemos tentar puxar pelos dotes (até então desconhecidos) de guitarrista do Toni. Tudo começou como que por brincadeira. Sem querer, em pouco tempo, tínhamos 3 ou 4 temas prontos!
O aparecimento do Tó Rui, surge também naturalmente.. Somos amigos desde sempre, e certo dia, o Tó Rui juntou-se a nós, dando o que faltava ás músicas que tínhamos, e dando também um impulso enorme a outras tantas que estavam por completar. A química, penso que foi o elemento crucial para que quase 10 anos depois, ainda estejamos juntos!
Tó Rui: Foi um processo natural, todos nós estávamos parados, pois tínhamos acabado de sair de projectos recentemente extintos no caso “Garbage Catz” e “Tédio Boys”, mas com uma vontade enorme de fazer música. Como já nos conhecíamos á bastante tempo e tínhamos a vontade conjunta de fazer algo novo, decidimos juntar-nos e ver como as coisas funcionavam, estas primeiras fases são sempre engraçadas, pois é fase da criação sem preconceitos, sem barreiras sem limites e por outro lado descobrimo-nos como músicos e como cada um desenvolve o seu método criativo. È de facto gratificante sentir como se conjugam personalidades e gostos musicais por vezes diferentes num mesmo projecto.
- E Como é que tem corrido esta “aventura”?
Miguel
: “Aventura” será uma qualificação/adjectivação para algo passageiro. Os d3ö são um projecto sério, alicerçado em muita dedicação e entrega por parte de todos os que estão envolvidos.
Já tivemos o privilégio de subir a alguns dos melhores palcos em Portugal, com passagens por Espanha e Inglaterra. Desde o Coliseu dos Recreios em Lisboa ao Teatro Sá da Bandeira no Porto, bares míticos como o Deslize em Braga e/ou Barco no Porto, partilhando-os com nomes como Danko Jones, The Kills, Speed Ball Baby, The Fleshtones, MudHoney e tantos outros.
Para “Aventura”, temos 3 ep´s, um Álbum, um CD Single com dois temas que acompanham a Box (Subotnick Entreprises), um 7 polegadas com edição Inglesa para todo o Mundo (Dirty Water Records), enfim.
Viemos para ficar! Quando surgimos, o Rock tinha morrido (diziam!), entretanto ressuscitou (e nós continuávamos), agora é foleiro cantar em Inglês (e nós continuamos).
- Preferem tocar ao vivo ou em estúdio?
42na: Ao vivo.
Tó Rui: Ao vivo e com o público junto de nós.
- Como é que vocês ensaiam e preparam os espectáculos, com o Miguel radicado em Lisboa?
42na
: Com muito carinho, força de vontade e planificação.
Tó Rui: Por vezes não é fácil, mas como todos temos a mesma paixão pela música e continuamos com vontade de fazer coisas novas, ultrapassamos esses obstáculos com muita força de vontade e respeito entre nós.
- E o processo criativo como funciona?
42na
: Depende
Tó Rui: É um processo natural, tudo começa numa batida que aparece, num riff de guitarra apelativo, numa frase influente em suma quase sempre duma jam-session. Outra questão é o de aproveitar ao máximo as escassas oportunidades que estamos juntos para criar e libertar os pensamentos que nos inundam a alma em forma de música.
- Letras antes da música ou a música primeiro?
Miguel
: O Toni, é liricamente, nato! Nisto, é meio caminho andado. Já vimos temas surgirem a partir de um refrão, como de um “riff” de guitarra ou de uma sequência de bateria.
Nós quando estamos juntos, seja na nossa sala de ensaios, seja num soundcheck qualquer, surge sempre algo que se vai mutando, e adaptando aos mais diversos estados de espírito que vamos sentindo a cada momento. Penso que é isso que torna tão especial o nosso processo criativo. Porque não temos uma formula, para nós é super entusiasmante e estimulante cada vez que coisas Bonitas ou feias acontecem!
- O que é que serve de inspiração para a vossa música?
Miguel: Talvez seja vago, mas.. penso que a Vida.
Tó Rui: A vida e suas aventuras e desventuras.
- Tendo em conta que se vendem cada vez menos discos como é que vocês têm feito para se manter como banda?
Miguel: Tal como te disse á pouco, os d3ö têm como alicerce as pessoas que estão envolvidas, que se dedicam e entregam ao projecto, não por causa dos discos, mas sim porque não querem estar paradas! É óbvio que o registo é muito importante, pois marca um período, e possibilita seguir em frente, fazer melhor. Mas não é determinante na existência da banda, o nosso combustível é o palco!
Tó Rui: Para nos manter-mos como banda o que interessa é tocar ao vivo, e sentir que nos estamos a divertir e a divertir o público que nos vai ver, os discos são registos das várias fases do projecto, o mais importante é sentir que ainda estamos e podemos fazer algo pela música.
- A internet tem sido um amigo – porque os faz chegar a mais pessoas, ou um inimigo – na medida em que contribui para o diminuir vendas?
Miguel
: Está muito claro que a Internet (como em tudo na vida) tem coisas positivas e negativas. Mas penso que o principal problema da crise na industria discográfica, deve-se mais á incapacidade de adaptação por parte da industria, do que propriamente por culpa dos “internautas”. Vemos ainda hoje, projectos Mundiais a terem lucros colossais, e vendas de discos proporcionais. Isto deve-se á Inteligência dos promotores e editoras envolvidas, que sabem aproveitar a existência do melhor meio de comunicação que alguma vez existiu.
Nas décadas de 40, 50 e 60, o single era o mote para o top, tempos idos… O mercado, entretanto, descobriu que para ganhar mais dinheiro, o single não chegava. «Tens de ter um álbum, senão não passas na rádio!», pois, tempos idos... o mercado (composto por pessoas cada vez mais exigentes), têm agora forma de “sacar” as faixas que lhes interessam (singles)... voltámos atrás!? A Internet tem sido nossa Amiga!
Tó Rui: A Internet é o presente e o futuro, tanto os músicos como as editoras é que tem que encontrar a melhor forma de lidar com o que está instituído. Eu continuo a gostar do objecto, se gosto compro o disco, posso ouvi-lo, mexer-lhe e cheira-lo.
- E as rádios e imprensa em geral? Têm ajudado?
Miguel
: Hoje em dia, ninguém ajuda ninguém! Ou têm interesse em ti, ou não tens hipótese. Em todo o caso, e porque a imprensa da especialidade é efectivamente muito incerta (mercado/ tendências), quem depende “dela”, tanto aparece com desaparece.
De resto, é obvio que gostávamos que a nossa música passasse mais na rádio, mas se não querem pôr o disco de d3ö a tocar, que podemos nós fazer!? Não esmorecemos por causa disso. As playlists, são o que são à já muitos anos..
Tó Rui: Costumo dizer “Quanto maior a altura maior a queda”, enerva-me bastante a criação de “Next Big Things”. Acredito em projectos com alicerces sólidos e não pré-fabricados e creio que os D3o já têm provas dadas suficientes para se afirmarem no panorama musical português. - Tenho sempre ouvido dizer que não dá para viver da música em Portugal. Daí cada um de vós ter a sua profissão. Como é que vocês conseguem conjugar a música com o trabalho?
Miguel
: Agenda, e organização
Tó Rui: É uma questão de dedicação e organização. Se é fácil – Não, se queremos continuar – Sim.
- Sentem algum “entrave” pelo facto de cantarem em Inglês?
Miguel
: Penso que é entrave para alguns “promotores” portugueses. Mas não o é para o resto do Mundo. Há que respeitar as opiniões de todos... a resposta a esta pergunta “dava pano para mangas” :)
Tó Rui: Cantar em inglês saiu naturalmente, achamos ser a melhor maneira de interpretar o nosso tipo de som, que não tem raízes propriamente portuguesas, quanto ao sentir entraves – por vezes.
- Como é que vêm a situação da música portuguesa actual e os D3O como parte dela? (em termos de espaços para tocar, fãs, mercado, etc.)
Miguel
: Tenho ideia que a música em Portugal, está de boa Saúde! Vêm-se projectos novos (todos ou quase todos) cantados em Português. É muito bom!
Espaços existem, e prescrevem-se, inclusivamente, sentimos que as condições técnicas têm melhorado de ano para ano, também devido á sensibilidade das pessoas que gerem esses espaços. Relativamente às pessoas (fãs como lhes chamaste), penso que por serem cada vez mais exigentes, só se deixam enganar uma vez. Nem as rádios fazem milagres.
Nós nesse campo, continuamos a tocar ao vivo, como disse mais atrás, á quase 10 anos. Penso que responde á tua questão!
Tó Rui: Creio que existem muitos bons projectos em Portugal, pena que ainda muita gente pense que para ter um bom cartaz de festival tenha que se ir buscar na sua maioria bandas além fronteiras, ou que não se pague às bandas nacionais para tocar nesses grandes eventos (desabafo).
- Já se encontram a preparar um novo disco para suceder ao “Exposed” ou para já o vosso objectivo é rodar este ao vivo?
Miguel
: O Objectivo, é rodar sempre ao vivo! Vontade de continuar a registar os períodos da nossa evolução, é uma consequência. veremos o que poderá estar para vir.
Tó Rui: Para já estamos a rodar o “Exposed”, mas já há coisas novas em curso, aguardem!
- A hipótese de internacionalização passa-vos pela cabeça?
Miguel
: A Internacionalização, penso que já é um dado adquirido. A internet, proporcionou isso mesmo. As nossas idas a Espanha e Inglaterra, serão para repetir sempre que possível! O desejo de ir ainda mais longe, também é um facto. Utilizando uma frase já gasta - "The Sky is the Limit!"
Tó Rui
: Passa e já aconteceu com datas em Inglaterra e Espanha, inclusive a edição de um single por uma editora estrangeira (Dirty Water Records),não acho que seja nada utópico sonhar com a internacionalização.

Da minha parte quero agradecer aos elementos do grupo a disponibilidade e desejar-lhes um futuro cheio de boa música e muitos concertos.