quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Agenda - DeRockada em Oliveira do Hospital


Eis o texto de apresentação do DeRockada:

Numa época em que parece que só falta que o céu caia em cima das nossas cabeças, a OHs21 volta a negar o facilitismo e convida a região a mudar de nível na realidade que vive.
Vivemos uma época de alienação, hedonismo e promessas fáceis, e não é de política que falamos, é das nossas vidas, sendo agora óbvio para (quase) todos que os resultados sociais dessa alienação hedonista não têm sido famosos.
Vivemos uma época em que a cultura POP já não o é, onde antes havia emoçõe$ verdadeiras (mesmo que sempre tenha havido oportunistas a com€rcializá-las) existem hoje apenas com€rciante$ e produtos, de série, estudados e desenvolvidos com um propósito a$$umido - nada mais legítimo claro, para quem quer e gosta.
Para quem não gosta e rejeita, rareiam as emoções, a música enquanto manifestação emocional deixou as luzes da ribalta, as multidões e as tevês e voltou a ocupar as caves - Perfeito, dizemos nós, é no sub-mundo que ela se revela, é o seu habitat, é aí que se sabe que a raiva, a angústia, a urgência, a euforia, a tristeza e o amor são verdadeiros.
OHs21 apresenta DERROCKADA, um concerto por um preço simbólico que é uma exposição ao vivo da melhor música de guitarras que se faz em Portugal por estes dias.
Numa perspectiva de lançar sementes, Killimanjaro é a máquina nova que vem para lavrar o solo estéril instalado e Murdering Tripping Blues é a veterana chuva, ora torrencial ora miudinha, que vem fertilizar emoções e contar histórias de sangue, suor e lágrimas. Associado à música ao vivo vem Lorenz Factor, dupla de Disc-Jockeys que o é de facto, de forma orgânica. Numa derrocada há sempre qualquer coisa que fica enterrada, na DERROCKADA há coisas subterrâneas que vêem a luz do dia, naquele momento. Momento que quem está recordará e dirá “eu estive lá”, quem não está, recordará e dirá “ que pena, eu estava para estar e não estive porque…”

29 de Setembro 2012, Parque Subterrâneo do Largo Ribeiro do Amaral, Oliveira do Hospital
22.00h – 04.00h | Entrada – 3€

Seguindo os links poderão ficar a conhecer melher as duas bandas que vão estar este sábado no DeRockada:
Killimanjaro – Barcelos | https://www.facebook.com/Killimanjar0
Murdering Tripping Blues –Lisboa | http://murderingtrippingblues.bandcamp.com/

Agenda - Filipe da Graça no Plano B

No Filipe da Graça vem ao Porto para apresentar Quando Voltas Para Casa?. Vai ser no Plano B e na primeira parte toca C de Croché.
Para quem ainda não conhece a música do Filipe, deixo aqui as palavras de Samuel Úria que à sua maneira, bem o descreve:

"Novo disco do Filipe da Graça é uma notícia terrível. Sabê-la é como receber a intimação para um divórcio litigioso, unilateral e indesejado desta parte. Isto porque eu tinha uma relação estável, apaixonada e duradoura com o antigo disco do Filipe. Não estávamos em crise, ainda nos falávamos, ainda nos ouvíamos. Por que haveria eu de querer abrir mão dessa relação, conhecer novas caras, voltar a apaixonar-me? É uma coisa terrível, a perspectiva de um grande amor depois de um grande amor.
Entretanto reconheci que a teimosia deste coração só tem paralelo na tontice desta cabeça. Nem precisei de ouvir o “Quando É Que Voltas Para Casa?”, disco novo do Filipe, para saber de antemão que eu ia ser um bígamo muito feliz. Dei uma mirada aos títulos das canções e, logo, a cabeça (tonta) disse ao coração (teimoso): “tens espaço para este disco; não vês a hora de o receberes”.
Desengane-se quem tiver a suspeita, ainda que mínima, de que falo de títulos para não ter de falar de canções (como se alguém constatasse a magnificência dos lábios da Angelina só para evitar dar-lhe um beijo). É que o melhor está mesmo nas canções. O melhor chega-nos aos ouvidos. E o melhor é tão bom! Daquele bom a que não se faz justiça fora dos ouvidos, por mais exclamações que o pontuem. Podia tentar contextualizar o Filipe, a Graça, Londres, Albufeira, as garagens e os skate parks, mas aí, sim, andaria a fugir das canções, do ponto incomum que traçamos logo com o disco e com o seu autor. Não precisamos de saber nada destas memórias, nem precisamos de um gajo a explicá-las, que o desejo de regressar a casa vai unir-nos todos ao conjunto de canções. Faz-se justiça pelos ouvidos - só se não os tivermos é que o novo disco do Filipe da Graça podia ser uma notícia terrível."
Samuel Úria

Apareçam que correm o risco de ser surpreendidos e a gostar da música do Filipe!

Agenda - The Supervisor no Ritz Club

É já amanhã que os The Supervisor vão apresentar o seu álbum "Hold" ao Ritz Clube, a partir das 22h,  aqui fica o texto de apresentação do concerto:

A noite de 28 de Setembro foi a escolhida pelos The Supervisor para iniciarem a tour nacional de apresentação do seu primeiro longa-duração, ‘’Hold’’. A festa está marcada para o renovado Ritz Club, novo espaço de referência da noite lisboeta.
Depois da edição de ‘’Hold’’ em formato digipack (CD+EP) disponível em exclusivo na rede Fnac e com apresentação em vários showcases, a banda lisboeta irá disponibilizar ‘’Hold’’ no concerto de 28 de Setembro, com um novo artwork e com vários extras. A partir de dia 29 a nova edição de ‘’Hold’’ estará disponível no mercado global.
O projecto lisboeta pretende que seja uma noite ‘’memorável’’. Para tal, os The Supervisor juntaram-se à promotora La Dolce Productions (responsável pelas noites Rock Faktory e dedicada exclusivamente à promoção de bandas e dj’s nacionais) para criar um evento ‘’que não conseguiríamos concretizar sozinhos’’.
A noite vai ser dividida em vários actos: a primeira parte estará a cargo do Vitorino Voador de João Gil "um projecto que admiramos e que temos a certeza que criará um ambiente fantástico". Depois do concerto de apresentação de ‘’Hold’’, entraremos em modo gladiador - convidámos dois Dj’s que muito têm feito pela divulgação da música portuguesa: Pedro Moreira Dias (Rádio Radar) e Joaquim Quadros (Vodafone Fm) - para passarem discos em formato B2B, ou seja cada um vai passando um tema de forma alternada até à vitória final.
Para fechar em beleza, nada melhor que a presença feminina da Claúdia Duarte do programa Casa Claúdia da Radio Radar’’.
Os supervisores pretendem que seja ‘’acima de tudo, uma celebração e uma forma de prestar homenagem a todos os o que nos têm acompanhado desde o primeiro dia . Por um lado será um imenso obrigado a todos os que nos têm dado força ao longo destes cinco anos. Por outro será uma festa de boas-vindas a quem tomou contacto com os The Supervisor a partir do ‘’Hold’’.

Aqui podem ficar a conhecer melhor a música dos The Supervisor: http://thesupervisor.bandcamp.com/

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Jack White no Coliseu de Lisboa

Conforme comentei, por altura das Noites Ritual, no facebook do blog, consegui um "Agente Infiltrado" no concerto de Jack White que decorreu no Coliseu de Lisboa, ele foi o meu amigo Afonso Alberty que teve a amabilidade de escrever o texto que vão ler a seguir, espero que gostem:
Jack White, avisa-se já – para o caso de alguém não saber -, é um caso à parte: se por um lado é, provavelmente, o mais prolífico músico da actualidade, ele é, também, a prova viva de que, enquanto houver pessoas como ele como porta- estandarte, o Rock, ao contrário do que muitos escrevem – e acreditam – nunca morrerá!
Jack White prova, de uma forma muito simples, a antítese do que muitos pseudo-hipsters (e algo labregos, acrescente-se) defendem: que é preciso grandes cenários e cenografias, grande show-off, conteúdos multimé(r)dias, fotos, textos, vídeos – no fundo, uma certa omnipresença por todos os canais disponíveis nos dias que correm. Não, para Jack White (e muitos de nós, valha-nos isso), o que conta é a música. Simples! Muitas músicas boas. Tudo o resto são manobras de distracção. Back to basics: uma enorme banda (às vezes duas, mas já lá vamos) com executantes de topo, luzes minimais (dois holofotes com o logo da sua Third Man Records) e Rock que faz suar.
Para quem conhece a “personagem”, sabe que é meticuloso, workaholic, ultra preocupado com os detalhes (basta ver a indumentária dos roadies – algo que vem na senda do que já se tinha visto aquando do concerto dos White Stripes no Alive de 2007 – com os seus chapéus e roupa a preceito), mas quando a banda começa a troar, nada, mas mesmo nada, prevalece senão a música. E é exactamente assim que deve ser!


Para este seu debute a solo, White não fez por menos: arranjou não uma, mas duas bandas para o acompanhar. Uma feminina e uma masculina. Segundo ele, nunca se sabe que banda toca em cada concerto: se uma, se a outra, se as duas. Esta era uma das grandes dúvidas que me deixavam (ainda mais) expectante sobre como seria o concerto.
Ainda as luzes estavam acesas quando a primeira (boa) surpresa aconteceu: um dos membros do staff aproximou-se do microfone e fez as delícias daqueles que, como eu, são tão avessos à moda pirosa de passar os concertos a filmar e a fotografar e informa todos que o Jack pedia para que vissem o concerto em três dimensões em vez de duas, não usando os seus telemóveis. Tudo isto, porque se faz acompanhar de uma fotógrafa profissional que tira várias fotografias durante o concerto, de todos os ângulos e qualidade possível e que oferece essas fotografias a todos, através de download gratuito, a partir do seu site oficial. Obrigado Jack, pensaram os, vá, 10% como eu, para quem os telefones são uma utilidade e não um modo de vida.



Quando as luzes se apagaram e a banda masculina (The Buzzards) se agarrou aos instrumentos, automaticamente fiquei com a certeza que iria ver um dos melhores concertos dos últimos anos. Com o baterista à cabeça – um monstro que quase compete com White em termos de atenção dispensada por parte de quem está a ver -, distribuíram Rock com toda a força que tinham e demonstraram por que razão o Sr. Rock’n’Roll os contratou para o acompanhar. Absolutamente indescritível…
E, qual cavaleiro do apocalipse a anunciar aos sete ventos ao que vem, quando Jack White entra em palco, o êxtase invade o Coliseu. É que um som de guitarra daqueles só pode ser “sacado” por quem ouviu, procurou e encontrou o Santo Graal rockeiro. Aliás, julgo ser unânime, que o “som Jack White” é facilmente reconhecível por quem tem alguma atenção à música que se fez nas últimas décadas. É cru, mas é quente, é “metálico”, mas tem travo vintage. Jack White inventou o seu som, e nós agradecemos-lhe entusiasticamente! E enchemos o Coliseu para lhe mostrar isso mesmo e para enchermos a alma com o seu álbum de estreia a solo - Blunderbuss -, mas também com recortes dos White Stripes, Dead Weather e Raconteurs.

O concerto foi poderosíssimo e completo. Mais, foi tremendo no seu todo, o que impossibilita uma descrição canção a canção. Fica a setlist em baixo, para que quem não foi se roa de inveja (não é picardia, é mesmo para aguçar o apetite para irem da próxima, para que percebam que este patrão é mesmo O maior!).
PS - A única (pequena) mágoa que se traz é que, qual parolagem que quer mostrar que sabe, sempre que havia uma paragem (principalmente na saída que precedeu o encore) a maioria do público entoava o hino do Século XXI, o riff da Seven Nation Army - uma música que por si só já deve dar para o Jack ter uma reforma dourada para ele e para a sua prole toda. Acaba por ser um pouco ingrato para ele, mas também para os outros de nós que, apesar de gostarem da música, gostariam que houvesse menos banalização e massificação de um riff mítico, que ganhou em notoriedade mas perdeu em magia e encanto. Não se pode ter tudo. Valha-nos haver (pelo menos) um Jack nos dias que correm!

Aqui fica o Alinhamento completo:
Dead Leaves and the Dirty Ground (The White Stripes song)
Sixteen Saltines
Missing Pieces
Hotel Yorba (The White Stripes song)
Love Interruption
Top Yourself (The Raconteurs song)
I Cut Like A Buffalo (The Dead Weather song)
Weep Themselves to Sleep
Blunderbuss
I Guess I Should Go to Sleep
Cannon / Ball and Biscuit (The White Stripes song)
Trash Tongue Talker
We're Going to Be Friends (The White Stripes song)
Two Against One (Danger Mouse cover)
The Same Boy You've Always Known (The White Stripes song)
The Hardest Button to Button (The White Stripes song)
Encore:
Steady, As She Goes (The Raconteurs song)
Freedom At 21
Hypocritical Kiss
Nitro (Hank Williams cover)
Blue Blood Blues (The Dead Weather song)
Seven Nation Army (The White Stripes song)

Texto de Afonso Alberty
Fotos do site oficial de Jack White - http://jackwhiteiii.com/

Wraygunn nas Noites Ritual

Depois de um pequeno descanso e de uma boa conversa com alguns colegas que também vieram cumprir o ritual. Aqui está mais uma vantagem deste novo formato, assim dá para “respirar” entre concertos, seguiram-se os Wraygunn que prometiam “abanar a casa”.
Foi mesmo isso que Paulo Furtado e os seus “comparsas” fizeram desde o princípio do concerto.
Abriram com Tales of Love do seu mais recente disco L’Art Brut e logo de seguida veio Soul City do álbum Eclesiastes 1.11 que tem uma introdução da responsabilidade de Martin Luther King que continua arrepiante, ouvir aquele “Free at Last” antes da explosão de guitarras ainda mexe comigo, e claro que as vozes da Raquel Ralha e da Selma Uamusse estavam no ponto, tal como a restante banda que conta com o Pedro Vidal na guitarra, o João Doce nas percussões, o Pedro Pinto na bateria e o Sérgio Cardoso no baixo.
Os Wraygunn são uma máquina de Rock’n’Soul’n’Blues muito bem afinada que ainda por cima, tendo um palco como o das Noites Ritual, dão um show fora de série.
 
Seguiu-se o electrizante Ain’t Gonna Break My Soul e depois veio a portuense Marta Ren que prepara um disco a solo para breve, para cantar Kerosene Honey com a banda, I’m For Real e (She’s a) Go Go Dancer mantiveram o público em altas, tal como Stroling Around My Hometown e My Secret Love. Track You Down, acalmou as coisas um bocado, mas serviu para mostrar uma das belezas “escondidas” do novo disco, logo de seguida foi tocada uma versão que - os puristas chamar-me-ão exagerado ou blasfemo pecador - eu chego a gostar mais que o original, de Cheree dos Suicide que é reinterpretado maravilhosamente pelos Wraygunn.
A apresentação de Lart Brut continuou com I Wanna Go (Were the Grass is Green), I Bet All on You e Don’t You Wanna Dance? o primeiro single do álbum que contou com a presença de uma fã em palco durante toda a canção.
Fãs em cima do palco não faltaram também quando foi tocada uma versão de Teenage Kicks, um original da banda Punk the Undertones, sendo este um dos grandes momentos do concerto.
Daqui para a frente foi sempre a abrir com uma sequência “infernal “ que teve Drunk or Stoned, Juice e Love Letters From a Motherfucker.
Para o final apoteótico subiram ao palco os dois Dead Combo, o Alexandre Frazão e a Marta Ren para tocarem e cantarem o tema All Night Long, subiu também ao palco, a convite de Paulo Furtado “o gajo do cavaquinho” que estava no meio do público e teve o privilégio de fazer parte da festa, no melhor lugar possível.
Como o Paulo ainda não podia fazer as suas “avarias” do costume quem ficou com a delicada missão do Crowd Surf, foram as três meninas presentes que de uma forma mais ou menos corajosa e/ou louca, aceitaram o desafio e lançaram-se nessa árdua tarefa, e mesmo com umas mãos a mais em sítios onde não deviam, a coisa até não correu mal. A versão longa do tema também deu para irem e voltarem sãs e salvas.

Foi um grande final para uma grande noite que agradou a todos seguramente, valeu a pena esta opção por concertos de grande formato.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Dead Combo e a Royal Orquestra das Caveiras nas Noites Ritual 2012

Nos passados dias 31 de Agosto e 1 de Setembro, decorreu a vigésima edição das Noites Ritual. Bonita idade para um festival que contra ventos e marés, teima em aguentar-se e continuar o seu caminho de divulgação do que há de melhor na música portuguesa.
Desde que as Noites Ritual começaram já muitos outros festivais nasceram e morreram, mas mesmo com uma edição em formato mais reduzido no número de bandas, a qualidade manteve-se e o público não deixou de aderir ao evento.
Perdeu-se na quantidade, senti até, alguma falta da descoberta dos novos valores que apareciam, como é tradição na concha, mas ganhou-se em concertos mais completos, com direito a encores e tudo, no palco Ritual, por isso o balanço não deixa de ser positivo.
Para a primeira noite tivemos direito a dois dos projectos mais estimulantes da música actual, primeiro com Dead Combo e a Royal Orquestra das Caveiras e depois com Wraygunn.
O Concerto de Dead Combo começou com Pedro Gonçalves e Tó Trips sozinhos em palco a tocar Rumbero, de Vol.1 o primeiro disco deles, para logo depois, já com os membros da Orquestra, Ana Araújo no piano, João Cabrita no saxofone, João Marques no trompete, Jorge Ribeiro no trombone e Alexandre Frazão na bateria, já em palco, tocarem Sopa de Cavalo Cansado de Lusitânia Playboys e Anadamastor de Lisboa Mulata, Cuba 1970, o tema que mais gosto de ouvir com a Orquestra, Manobras de Maio 06 e Desert Diamonds/Enraptured With Lust, trouxeram-nos de volta a Lusitânia, para entrarmos de seguida no Vol.2 ao som de Mr. Eastwood.
O público que já enchia o recinto ia pontuando cada final de tema com grandes aplausos, entretanto aparece a “desbunda” de Temptation, tema original de Tom Waits que os Dead Combo facilmente tornam como deles, voltam a Lusitânia Playboys para tocar o tema com este nome e Old Rock’N’Roll Radio, para passarem pelo Vol.2 com Rodada.

Tendo Paulo Furtado como convidado muito especial, tocam Blues da Tanga do último álbum, um dos momentos especiais da noite, seguido daquele que já se pode considerar um hit, salvo seja, Lisboa Mulata que deu para por toda a gente a abanar com aquele fortíssimo ritmo de inspiração africana.
Para acabar veio a Marchinha de Santo António que aumentou ainda mais a marca lisboeta nesta noite portuense e que acabou com o personagem de Pedro Gonçalves a “expulsar” todos os músicos do palco.
Claro que teve de haver encore, o público assim o exigiu, e entraram com aquele cheiro a fado de Esse Olhar Que Era Só Teu em que a guitarra parece que canta e arrepia, mesmo o mais insensível. A terminar vieram os temas Cacto do primeiro álbum e Malibu Fair do terceiro que terminaram em beleza um excelente concerto que encantou todos os encheram o recinto.
Foi um excelente arranque para duas que se adivinhava que iam ser de pura magia.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

À Sombra de Deus 4

O projecto À Sombra de Deus foi delineado em 1987 por Adolfo Luxúria Canibal e Berto Borges como forma de preservar o legado musical da juventude bracarense” (…) “À Sombra de Deus – Braga 88, que ficou para a história da música portuguesa como o primeiro disco publicado por uma Câmara Municipal e fazer o retrato musical juvenil de uma cidade”. Este ano, o projecto que foi continuado por Miguel Pedro (mais conhecido por ser baterista dos Mão Morta), chega ao seu 4º volume com a edição de "À Sombra de Deus 4 - Braga 2012". Já saiu há algum tempo, mas como este blog não obedece a timings comerciais, só agora é que estou a falar dele. E neste disco encontramos a “nata” da música de Braga. É desequilibrado como uma colectânea, cujo único ponto em comum é a geografia, deve ser. Nele há lugar para praticamente todos os géneros musicais, Rock, Pop, Funk, Folk, Electrónica, Soul, Indie, Punk e etc. “Etc” porque também há géneros que não sei classificar e até prefiro não ter de classificar, gosto mais de ouvir e ir escolhendo o que me apetece mais ouvir. Vale a pena ter este registo, pois vale a pena ficar a conhecer o que Braga nos tem para oferecer musicalmente. As minhas preferências vão mais para os Mundo Cão, Peixe:Avião, Estilhaços, Long Way to Alaska, At Freddy’s House e Mão Morta, mas isso sou eu. Vocês têm é de ouvir e fazer as vossas próprias escolhas, até as minhas vão mudando conforme o estado de espírito, até por isso é bom ter uma colectânea assim! Deixo aqui o tema dos Mundo Cão de nome Meu Deus, que me surpreendeu bastante

domingo, 23 de setembro de 2012

The Scart - As We Like It


Recentemente os, maioritariamente abrantinos, The Scart, banda constituída pelo Nuno nas guitarras e voz, pela Raquel que faz as letras e canta, pela Mariana no Baixo e voz, pelo Mega nas guitarras e voz e pelo Passos na bateria, lançaram o seu primeiro álbum.
À semelhança do seu primeiro EP, este As We Like It é uma edição de autor, que nos mostra a evolução da banda nos últimos anos.
São dez temas que foram gravados e misturados por Pedro Carvalho no Zero Estúdio em Tomar, onde estão incluídos os quatro temas que já faziam parte do EP, Just Lust, Sleep Still, Psyche e As I Like It, mas que levaram um grande “upgrade” na qualidade de som.
Os restantes temas que fazem parte do disco são Will You Remember, Things You Do, Stop, Natural Rotation, Wasted e Games.
Todos eles já vinham sendo rodados ao vivo há algum tempo e foram sendo aperfeiçoados, agora ficam num excelente registo que serve antes de mais para dar a conhecer a banda ao máximo de gente possível.
As boas influências estão todas lá e o disco está muito bem esgalhado, posso desde já afirmar que é um excelente companheiro de viagem para quando temos alguns Km de estrada para fazer, não cansa e sabe bem ouvir.
Podem ouvir alguns dos temas aqui: https://www.facebook.com/pages/The-Scart/151790258187937?sk=app_2405167945
Neste artigo do Diário de Notícias - http://www.dn.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=2767884&seccao=M%FAsica&page=-1 – ficarão a conhecer ainda mais coisas sobre esta banda.
E depois, tratem de encomendar o disco à própria banda, pelo seu site - http://www.thescart.com/ ou no facebook - https://www.facebook.com/pages/The-Scart/151790258187937
A cada audição vão ser cada vez mais aqueles que vão dizer que o disco está como nós gostamos!

Entremuralhas 2012

Ainda agora começava a terceira edição do Festival ENTREMURALHAS para logo acabar, no dia seguinte - moral da história: Os festivais acabam porque têm de acabar. E acabam porque têm de recomeçar, e depois daquilo que pudemos testemunhar uma vez mais, dentro dos muros medievais do Castelo de Leiria, seria muito difícil equacionar a hipótese de não haver edição em 2013 – a não ser que o calendário Maia nos venha incomodar mais do que aquilo que já conseguiu, e mesmo assim seria para recomeçar de novo. O que mais distingue, de antemão, o ENTREMURALHAS da maioria dos outros festivais de verão neste país, é que é inteiramente non-mainstream, sem ser exactamente underground, porque isso é já em si, um conceito gasto.
Chamá-lo um festival alternativo, um festival gótico (que o é “mas não só!...”), mas também um festival darkfolk ou industrial, será sempre exercício limitador de possibilidades e só interessa àqueles que não sabem ao que vão – mesmo em trabalho – ou para os que têm a mania de pôr etiquetas em tudo, desde os tempos da escova de dentes no infantário… por momentos, temos uma vontade nostálgica de trazer de volta as imortais “rádio soundbytes” de António Sérgio e dizer que este é “O” festival de música “rebelde” que ainda subsiste, mas não seria, quiçá, justo com outros que ainda assim defendem acerrimamente as suas cores.
A FADE IN, e nomeadamente para este festival, protagonizada pela empatia dinâmica de Carlos Matos e de toda a sua equipa, não se reduzindo portanto à sua mediática imagem, só pode estar orgulhosa e realizada pela consecução de tal feito, pela terceira vez.

sábado, 22 de setembro de 2012

Agenda - OuTonalidades 2012 - 16ª Edição


De 21 de Setembro a 14 de Dezembro, durante 12 fins de-semana, o programa apresenta 34 concertos, de 18 grupos, em 12 espaços, continuando a evidenciar-se como a maior rede de música ao vivo de pequeno formato do ocidente ibérico.
Um festivo encontro e cruzar de géneros musicais que vão do jazz ao tradicional, do rock ao fado, do ska aos blues, do experimental às músicas do mundo.
Nesta edição, o OuTonalidades reafirma a sua missão de oportunidade cultural, reajustando-se ao contexto de dificuldades do meio artístico e continuando a levar música ao vivo a todo o país, de norte a sul do território nacional.
Mesmo sem a extensão galega, a semente do espírito de intercâmbio luso-galaico deu frutos e, nesta edição, marcam presença um grupo português na Galiza e 2 grupos galegos em Portugal, reiterando a importância e o reconhecimento da iniciativa entre promotores e artistas que, mesmo resistindo às adversidades, continuam a manifestar o forte interesse em participar no circuito.
Da mesma forma, se inicia, com a presença de um grupo francês, um intercâmbio do OuTonalidades com o circuito congénere francês TREMA.
O circuito é coordenado pela d’Orfeu Associação Cultural, em colaboração com inúmeros parceiros (municípios, teatros, associações), na consolidação de uma grande rede de programação, que assume, cada vez mais, uma importância estratégica para a difusão de grupos emergentes e reconhecidos no panorama musical nacional.
OS 18 GRUPOS DESTA EDIÇÃO
JP Simões; Mind da Gap; Bela-Nafa; Melissa Oliveira; João Gentil; Quarteto de Bolso; Jeff Davis Trio; Rita Braga; Pucarinho; Fanfarra Alfares; 20 Dizer; Tanira; A Jigsaw; Muito Riso, Muito Siso; Toques do Caramulo; Aira da Pedra (Galiza); Aló Django (Galiza); Andromakers (França)

Para Consultarem o programa completo passem por: http://www.dorfeu.pt/outonalidades

Os Concertos da nossa região vão ser maioritáriamente no Cine Teatro de Estarreja, mas também passam por Águeda no Espaço D'Orfeu e por Albergaria-a-Velha.
Aqui ficam as datas e os Grupos que poderemos ver por lá:

Bar do Cine Teatro de Estarreja, os bilhetes custam 2€, os concertos são sempre à sexta-feira e começam sempre às 23 horas:
2012-09-28 - 20 Dizer
2012-10-12 - JP Simões
2012-10-19 - Aló Django
2012-10-26 - Andromakers
2012-11-09 - Jeff Davis Trio
2012-11-23 - A Jigsaw
2012-12-07 - Rita Braga
2012-12-14 - Mind da Gap

Espaço D'Orfeu:
2012-10-06 - 23.30 - Muito Riso, Pouco Siso - Também integrado no Festival O Gesto Orelhudo
2012-10-26 - 22.00 - Aló Django

Cine Teatro Alba - Café-Concerto
2012-11-10 - 22.00 - João Gentil


Viralata no Ritz Clube - Apresentação do álbum “Vai buscar”

No passado dia 31 de Agosto, o Ritz Clube, sala mítica de Lisboa que recentemente reabriu ao público, recebeu o concerto de apresentação do álbum de estreia da banda punk rock Lisboeta Viralata.
Os Viralata, compostos por Ulisses (Voz e guitarra, ex K2o3), Filipe Brito (Baixo, ex Toast), Ivan Ossos (Bateria, ex 2 sacos e meio e K2o3) e Paulo Gano (Guitarra, ex 2 sacos e meio), cometeram a proeza de encher quase por completo o Ritz Clube e brindar todos os presentes com uma festa punk rock como há muito já não se via.
Como convidados, subiram ao palco as bandas Sicksin e Gazua que aqueceram as hostilidades com bom punk rock em português. Mas a noite era dos Viralata que fizeram um concerto arrasador e que contaram com a participação especial de Ruka (Tara Perdida) no tema “Contagem Decrescente”, João San Payo (Peste&Sida) na versão de “Portem-se Bem” e Mimi (Ena Pá 2000) no tema “Ivone”.
Os Viralata conseguem ir buscar todas as referências do “old School” nacional, misturar tudo muito bem e oferecer ao público canções melódicas, com garra, com pujança mas com refrões que quase que obrigam a cantar. Temas como “Contagem decrescente”, “Ivone”, “Famel”, “Carocho” ou “Zé-ninguém” são daqueles que entram no ouvido e não saem e isso viu-se nas centenas de pessoas que estiveram no Ritz Clube e que cantaram tudo do princípio ao fim.
Será dos refrões, será da simplicidade, será da energia? O que é certo é que esta banda com apenas 2 anos de vida e que agora lança o seu disco de estreia veio para ficar, pois não só provou que o punk rock nacional está mais vivo do que nunca e faz todo o sentido, como também reúne os ingredientes necessários para se tornar um caso sério de popularidade.
Dois anos de banda, um álbum, Ritz Clube à pinha. É caso para dizer “Vai buscar”.

Texto de Sara Catarino e Fotos de Rui M. Leal

Sonic Blast Moledo 2012

Respira-se um ambiente de calma, apesar da imensa adrenalina presente em cada um dos rockeiros que se deslocaram até Moledo do Minho para a segunda edição do SonicBlast. O festival que decorreu no passado dia 25 de Agosto, contou com o São Pedro como bom amigo e companheiro da actividade, manifestando com imensa alegria o astro rei durante a tarde do evento, e apesar do frio que se fazia sentir mal caiu a noite, esta foi repleta de uma vibrante onda sonora que fazia aquecer a grande maioria das almas presentes.
Vindos de quase todos os cantos possíveis da península Ibérica este evento reúne quase quatrocentos fãs do rock mais electrizante, como argumenta um dos amigos nas redes sociais “o SONIC BLAST está aí! (…) É já um destino obrigatório. Esqueçam a porra dos sunsets, isso só dura até o sol por, por aqui minha gente, vai ser rock’n roll puro e duro, todo o dia, e toda a noite.“ Manifesto aberto ao melhor que poderia surgir, fazendo a alguns reavivar memórias de outros festivais concelhios.


O local é absolutamente fantástico, com uma piscina, e um grande relvado. Da parte da tarde foram vários os banhistas que desfrutaram dos concertos dentro de água ou na toalha a deliciar-se com o sol quente que se fazia sentir. Não foram os estuque mas sim os Gesso que abriram esta edição, seguidos dos Freeloader e dos Equations.
A tarde ainda não estava rendida quando subiram ao palco os Killimanjaro e ainda os espanhóis We Ride. Foram os primeiros a puxar verdadeiramente pelo público e este respondeu pelo movimento mais frenético frente ao palco.
Surgiu um breve intervalo até ao inicio dos concertos da noite, que deu para alimentar o corpo com as iguarias típicas de uma tasquinha minhota, com bifanas, rojões, entrecosto e moelas a preços apetecíveis a quase todas as carteiras.
Caída a noite, o repetente Mr. Myiagi subiu ao palco e começo a vibração mais intensa com moche e mesmo um crowdsurfing. O concerto que terminou na loucura de palco cheio de festivaleiros e corte abrupto de som.

Abusiva já andava a festa quando os Black Bombaim, subiram ao palco. Vieram afirmar de onde vem o rock deste país, mais uma formação de Barcelos, terra berço, onde muitas bandas de rock e rock progressivo têm a sua origem. E fizeram as verdadeiras aberturas para os grandes nomes internacionais que vieram a seguir: os Samsara Blues Experiment.
Os Berlinenses que vieram passar uns dias a Portugal e tocar pela primeira vez na nossa península no Sonic Blast. Com uma sonoridade heavy psych, stoner e space rock a fazer lembrar grandes sons dos inícios dos setenta, fizeram as delícias da assistência.
A noite ainda não estava terminada já que os Sungrazer, outra formação Alemã ao jeito da anterior entrou em palco já passava o relógio das duas da manhã. Com várias dezenas de agradecimentos na página oficial do grupo, o concerto de Moledo marcou esta edição do Sonic Blast.
O Sonic Blast não são só concertos. É uma família com novos membros a cada edição que passa e se junta num dia de Agosto para desportos radicais, surf e bons momentos de partilha de afinidades. Em fase de crescendo, merecedor de mais apoio por todas as dinâmicas locais, prometendo afirma-se como um dos mais fortes festivais de rock.

Texto e Fotos de Miguel Estima
 

Olá Caminha BlueSoul 2012

Decorreu de 21 a 24 de Agosto na Praça Calouste de Gulbenkian em Caminha, a terceira edição do Ola Caminha BlueSoul. Um certame já marcado pela qualidade das formações convidadas, sempre com nomes conhecidos do universo musical luso. Este ano com uma mudança na própria estrutura do festival, que vinha sendo itinerante passando a ser fixo, enraizado na magnífica praça Caminhense, local com uma beleza urbana riquíssima, impar no concelho.
No dia 21 subiram ao palco os Jukebox, banda composta por elementos dos Expensive Soul e dos Blind Zero, desta vez em fusão de estilos, que encantaram os presentes com temas de grandes mestres dos blues. Espalhando uma alegria contagiante Isabel Milheiro e os comparsas criaram um ambiente absolutamente fantástico em quase duas horas de actuação. Com uma afluência de público tipo íman, que grudava no grupo, sendo poucos aqueles que passavam e não ficavam.


Se o mote de abertura já estava dado no dia seguinte foi uma dose dupla, mais jovens e menos conhecidos, vieram dois projectos que venceram o concurso VianaMexe 2012. Os Allma, do Porto, que na sua mala trouxeram o ambiente de funk/fusão e os BlackJack, de Viana do Castelo, que brilharam perante a muito composta assistência com temas mais rock, recheados de pequenos momentos de sonoridades blues. Um impulso que ambas as formações merecem que foi reconhecido pelos longos aplausos que recolhiam da assistência.
No dia 23 era a vez dos Judy Blue Eyes, formandos por António Mão de Ferro na voz e Guitarra, Manuzé no Baixo, Paulo Veloso no Hammond e Leandro Leonet na bateria. Músicos de excelência, que se sentem como se Caminha fosse uma cidade, cativaram o público presente para uma boa dose do mais puro blues. Ou não fosse já vasta experiência do António como músico dos GNR ou do Paulo Veloso em projectos como Rui Veloso, Fingertips ou mesmo da Mónica Ferraz.
Uma praça cheia, com muito movimento que se juntavam à festa a comer um belo gelado ou a beber uma cerveja e a deliciar-se com mais um gourmet musical.
No dia 24 e por força das condições climatéricas adversas o concerto de Joel Xavier foi deslocado para o pavilhão municipal. Com uma deslocação do evento para um local mais descentralizado, vinha colocar à prova a consistência do certame.
E passou com louvor, aqui com um número mais ou menos certo: cerca de duzentas pessoas, que se deslocaram para ouvir este brilhante guitarrista português, com uma forte carreira internacional. Apesar de contar com vários prémios de grande gabarito no bolso, a simplicidade com que se apresentou ao público foi fantástica, criando uma empatia invulgar.
O festival que se vem afirmando a cada edição que passa contou este ano com cinco projectos, uns mais afirmados que outros. Contudo via-se um público curioso, que vinha pela temática e depois descobria o que os músicos lhes proporcionavam. Esse descobrir de sensações é dos desafios mais fortes para um organizador de eventos e aqui conseguiram criar junto do público Caminhense, um descobrir o que vem e a ouvir algo novo.
Concertos como o de Joel Xavier, criaram uma atmosfera única para um fecho em grande desde festival que promete ser um grande evento para Caminha.

Texto e Fotos de Miguel Estima

Bons Sons - Dia 19 de Agosto

O meu último dia de Bons Sons começou, no Palco Tarde ao Sol, com os Vigüela um grupo de música tradicional da zona de Toledo (Castilla), e com eles vieram Seguidilhas, Jotas e Malaguenhas que é uma espécie de fandango. Tocadas com pandeiros, alguidares, chaves, almofarizes, colheres, cântaros, pás de tirar cinzas da lareira, garrafas, chocalhos, frigideiras, castanholas e claro, guitarras e bandolins. Tudo embrulhado em belíssimas harmonias vocais, com letras que falavam de pastoreio, canções das mulheres para os seus pastores e vice-versa, canções de vinho e de festa.
Não faltou a dança e a alegria, mesmo com o sol bastante forte, a certa altura o largo da igreja, transformou-se numa enorme “pista” de dança.
Foi a cantar pela segunda vez a canção do vinho e das mulheres borrachas que os Vigüela se despediram, deixando todos com um sorriso nos lábios.

Logo de seguida “tive” de entrar pela segunda vez na igreja, transformado em Palco da Música Portuguesa a Gostar Dela Própria, desta vez para ver os Birds Are Indie, em boa hora o fiz, pois o concerto da banda de Coimbra, mesmo que curto foi excelente.
Adorei as explicações, mais ou menos fáceis de entender, que o Jerónimo ia dando sobre o nascimento das suas canções, sempre temperadas com grandes doses de bom humor. A igreja encheu completamente para os ouvir e ninguém parecia querer arredar pé. No fim ainda tivemos direito a um encore completamente acústico.
Depois de este concerto terminado, fui até ao Palco Giacometti para ver Aldina Duarte, não assisti ao concerto completo, mas deu para apreciar a beleza da sua voz e o virtuosismo dos músicos que a acompanham.
A plateia estava cheia de admiradores e cheguei a ver um par que fazia coreografias de dança enquanto se ouvia o fado.
Depois de passear pela feira de artesanato e de ir comprar o CD Oficial do Festival para amenizar as saudades que sei que vou sentir durante os próximos dois anos, fui para o Palco Lopes Graça, a fim de finalmente ver os Xícara num grande palco.

Como é óbvio, eles não me “deixaram ficar mal”, agora com canções novas que irão fazer parte de um futuro álbum, e que eu ainda não tinha ouvido, os seus concertos ficaram ainda mais completos. A mistura dos instrumentos da música tradicional, com outros mais modernos, fazendo uma fusão quase jazz e sempre com a voz lindíssima da Carla Carvalho, colocam a música dos Xícara num patamar bastante elevado, oxalá eles continuem sempre a evoluir assim.
No Palco Eira estavam de seguida os Pé na Terra, uma banda que eu praticamente “vi nascer” e que de ano para ano está cada vez melhor.
Com um tempo para tocarem um pouco mais reduzido que o normal, os portuenses optaram por escolher os seus temas mais “acelerados”.
Ora isso agradou tanto ao público que eu vi tanto pó levantado no recinto, como o que vi na noite de Linda Martini, mas desta vez o “rock” foi tocado com gaitas, guitarras folk, concertina, e baixo. Notou-se que os muitos concertos que o grupo tem dado, não só em Portugal, como em vários pontos do estrangeiro, os deixam cada vez mais à vontade em palco, mas claro que ter boas canções também ajuda e muito.
Foi uma festa do princípio ao fim, todas as canções foram muito bem acolhidas, mas o concerto atingiu o seu auge com o tema Sentir, tema que mais parece um hino, tal é a forma como foi cantado pelo público, foi um momento impressionante.
A terminar, finalmente o baterista veio para a frente de palco, para tocar o tema Pur La Terra, um tema tradicional, cheio de percussão e gaitadas.
Os Pé na Terra provaram que sabem fazer uma festa a sério!

Para terminar em grande esta edição do Bons Sons veio Vitorino que acompanhado de excelentes músicos soube agarrar o público do princípio ao fim.
Falou de "Robins dos Bosques" ao contrário, “aqueles que roubam aos pobres, para dar aos ricos!”, cantou Zeca, cantou os poemas de António Lobo Antunes e chega a adaptar letras, como no caso do Fado da Liberdade Livre, em que disse “Passos Coelho vai-te embora, deixa a Liberdade Livre” , sendo logo aplaudido ruidosamente.
Durante todo o concerto foi fazendo alertas em relação à nossa triste realidade e parecia que cada canção ganhava cada vez mais actualidade, não faltou sentimento a Traz Outro Amigo Também, ou a A Morte Saiu à Rua.
Foram momentos arrepiantes em que todas as canções se tornaram suas e a sua força e a sua voz encheram a praça central da aldeia de Cem Soldos.
Foi um excelente final de festival que me vai deixar embalado até 2014, mais uma vez o Bons Sons foi uma aposta ganha que eu espero que se repita por muitas e boas edições.

Poderão encontrar muito mais fotos desta edição do Festival Bons Sons e também da de 2010 na página de facebook deste blog, basta que sigam este link - https://www.facebook.com/acertezadamusica