Tal como aconteceu no ano passado, lá consegui ir a um dia do Optimus Alive, desta vez o dia que me calhou tinha os Jane’s Addiction, a visitar Portugal pela primeira vez, como cabeças de cartaz.
A chegada ao recinto foi feita ao som dos Linda Martini no Palco Super Bock, deu para ver que os lisboetas mostraram já têm uma legião de fãs que os seguem e apoia e estavam a ter uma actuação potentíssima como é seu apanágio, pena que o som perto do palco estivesse demasiado alto e estridente, não fazendo jus à qualidade da banda
Depois de ver um pouco desta actuação, passei para o Palco Optimus onde iam começar os White Lies que apesar de não me encantarem, deram um concerto competente.
O conceito deste festival obriga a escolher entre as algumas actuações em simultâneo, o que pessoalmente não me agrada, pois obriga-me por vezes ter de escolher entre duas bandas boas de que gosto ou apenas a ver um bocado de cada uma
Após White Lies fiquei para ver um bocado de Kaiser Chiefs, por respeito às imagens que ficaram para sempre na minha memória, do vocalista a cantar “Every Day I Love Less and Less” agarrado à perna magoada no Festival de Paredes de Coura de 2005. A actuação destes foi competente e cheia de singles, mas a mim já não me cativam como nessa altura.
Com isto acabei por perder um pouco do excelente concerto dos Foals no Palco Super Bock que estava completamente cheio, com um público conhecedor que reagia sempre cantando, dançando e ovacionando cada um dos temas com que os britânicos os brindavam. Eu que mal conhecia a banda, acabei por também ficar conquistado com a actuação e pode-se dizer que fiquei interessado em conhecer mais sobre eles.
Entretanto, quando esta actuação estava quase a rematar, recebi uma notícia que me deixou super feliz, é que, por vez do anunciado Dizze Rascal que não me interessava nada, fiquei a saber que em sua substituição viriam os Diabo na Cruz.
Esta notícia deixou-me ainda mais contente para ver a banda que eu mais queria ver nesse dia que eram os TV On The Radio, que eu já tinha visto no SBSR de 2007 e que vinham apresentar o seu mais recente álbum “Nine Types of Light”. A tenda estava cheiíssima e o concerto dos americanos foi sempre em crescendo e em nada defraudou as minhas expectativas, do local onde assisti (atrás da mesa de som) o som até estava bom, mas ouvi e li muitas queixas daqueles que se encontravam mais à frente. Seja como for, quanto mais não seja pelo excelente curriculum musical e pela quantidade de seguidores que têm no nosso país, os TVOTR já mereciam uma actuação no palco principal de qualquer Festival.
Depois desta actuação e sem qualquer anúncio oficial da organização, vieram então os Diabo na Cruz, para minha alegria, dos que ficaram na tenda e dos que vinham chegando ao saber quem estava a actuar. A festa rapidamente instalou-se e a tenda ficou muito bem composta. Eu ainda não tinha visto a banda na formação reforçada como mais um percussionista, o irmão do baterista João Pinheiro, e adorei, o som da banda fica ainda mais “cheio” e mais português. O concerto começou em alta e seguiu sempre com uma toada fortíssima, não faltou a excelente versão de “Lenga Lenga” dos Gaiteiros de Lisboa e do tema "Comboio" dos Trovante que de repente já parecia um original dos Diabo. Cada vez me convenço mas que estes rapazes não sabem dar maus concertos e ainda bem, o “Rock’n’Folk” deles é muito bom, recomenda-se e dou-lhes todo o valor por terem conseguido chegar a cada vez mais gente que se não fosse por eles não ouvia nada inspirado na música tradicional portuguesa.
Foi com a “barriga cheia” que me desloquei até ao palco principal para ver os Jane’s Addiction, quando chego já as “rainhas dos ecrãs gigantes” eram as The Twins que iam acompanhando grande parte das canções da banda com coreografias mais ou menos eróticas, a guitarra de Dave Navarro estava excelente, tal como o som da banda. O que me desiludiu um pouco foi a voz do Perry Farrell que abusava de ecos e reverbs que saíam duma maquineta posicionada ao lado do cantor. Mesmo assim gostei muito de ouvi “Been Caught Stealing”, “Stop” e “Jane Says”, embora tenha ficado com a sensação que esta banda veio até nós, cerca de vinte anos atrasada.
Foi com a sensação de “soube-me a pouco” que fui até ao Palco Super Bock ver Orelha Negra, aquele que foi, para mim, o melhor concerto da noite.
Depois de os ter visto a dar um excelente concerto no ST Culterra do ano passado, o meu grau de exigência era muito elevado, mas os ON conseguiram superar tudo aquilo que eu já estava à espera. Com o Fred a “bater” melhor que nunca e toda a banda a mostrar o seu virtuosismo, a actuação deles tornou-se memorável. A tenda estava completamente cheia e transformou-se numa enorme “discoteca” com todos a dançar e a aplaudir cada tema apresentado.
Os Orelha Negra mostraram que são um caso sério na música portuguesa actual, fico à espera de os ver a superarem-se nas Noites Ritual, lá para o final de Agosto no Porto
Para acabar a noite fui até ao coreto ver um bocado da actuação de uns cansados, Homens da Luta que mesmo assim não deixaram de animar todos aqueles que se deslocaram até àquele espaço.
Mesmo com algumas desilusões pelo meio, posso dizer que foi um excelente dia “festivaleiro” e cheio de boa música.
Nota: todas as fotos foram gentilmente cedidas pela Imagem do Som, excepto a dos Homens da Luta que é minha.
Sem comentários:
Enviar um comentário