“Mi casa es tu casa”, uma iniciativa de Fernando Alvim, que após o sucesso da 1ª edição realizada a 28 de Janeiro, voltou a acontecer no passado dia 22 de Dezembro, inserida nas “48 horas de Guimarães 2012”, encerramento da Capital Europeia da Cultura. Muitas foram as bandas e projectos que se deslocaram até Guimarães, para oferecer música, teatro, poesia, …a todos os que estavam disponíveis a andar de casa em casa e tentar a sua sorte!
Chegada a Guimarães já perto das 15h00, hora marcada para o inicio de alguns dos concertos, precisava encontrar a casa mais próxima do local onde havia estacionado. Após andar um bocadinho perdida, acabei por encontrar e foi mesmo sorte que tive, pois ao chegar à porta, disseram-me para entrar rápido, que o concerto estava mesmo a começar.
Subi as escadas, recebi as boas vindas por parte do anfitrião e fui convidada a entrar na sala que já estava cheia e mais ficou, quando os que se encontravam na varanda também entraram para que se fechassem as portas e começasse o concerto de Noiserv (www.noiserv.net/)
Num cantinho da sala de estar e com menos instrumentos que o habitual, começou um desfilar de músicas já bem conhecidas por mim, mas a que nunca tinha assistido num ambiente assim simples, descontraído e intimista; era o público que pedia para aumentar ou baixar alguma coisa nos instrumentos e /ou da voz e até o facto do dono da casa fazer anos naquele dia, assemelhava ainda mais o concerto a uma reunião/ celebração de amigos.
Os comentários elogiosos eram mais que muitos e no final foi bastante requisitado para autografar alguns dos seus trabalhos ali adquiridos.
O início tinha sido em grande, agora era procurar outra casa que me recebesse.
Passei por uma já esgotada, era Minta que estava lá dentro: cheguei tarde.
Segui para nova casa e já na fila fomos informados que o concerto estava atrasado. Quando percebi quem iria actuar ali e como não era do meu agrado, sai e fui bater a outra porta. A fila já continha o número de pessoas previstas para a lotação da casa, mas havia a possibilidade de o dono permitir a entrada a mais. Abriu-se a porta e lá fiquei eu, a aguardar a esperada autorização para entrar, autorização que não tardou em chegar.
Desta vez era Márcia - www.myspace.com/fraiseavantgarde - que nos aguardava com a sua guitarra. Após um pequeno “contratempo” por falta de um travessão (transpositor), que foi resolvido graças à presença de um engenheiro entre o público, começou a música e foi mais um momento intenso da tarde, tal era a proximidade entre artista e público, a música ganhava ainda mais força.
A emoção era bem visível no rosto de Márcia e a ocasião tornou-se mais especial, quando se lhe juntou Samuel Úria. É incrível o poder da amizade, a força que esta transmite e a emoção que faz transparecer nos temas.
Estava mesmo a sentir-me em casa.
Na porta ao lado o início estava marcado para as 18h30, como ainda não eram 18h00 avancei mais uma e lá encontrei nova fila já com o número de publico atingido. Novamente teria que aguardar à porta por autorização para entrar.
Chegada a mais uma sala, encontrei Celina da Piedade com o seu acordeão www.celinadapiedade.com/.
Além da sua colaboração habitual com Rodrigo Leão, apenas conhecia um tema do seu recente trabalho a solo!
Ao acordeão juntava-se uma belíssima voz e interpretava temas populares de outros e alguns originais. Dona de uma enorme simpatia que partilhava a cada olhar, a cada sorriso, conseguiu que grande parte dos presentes cantasse (um pouco a medo) um dos temas. A ela também se juntou Samuel Úria, para o tema que este lhe escreveu “Rua da Amargura”.
Pouco faltava para as 19h00 e terminava o 3º concerto, estava a ser muito bom, mas era certo que pouco mais conseguiria ver.
Nova partida e desta vez para uma das casas mais retiradas do centro.
À entrada encontro Samuel Úria (www.myspace.com/samueluria), era a 3ª vez que nos encontrávamos, mas agora não era como “convidado”, mas como o protagonista!
A entrada acontece em tom descontraído e como o próprio disse sentia-se como que a invadir uma ceia de Natal em ambiente familiar. Era mais uma sala cheia e com público de diferentes faixas etárias, com expressões que demonstravam satisfação (pelos menos, nos rostos que conseguia ver, era assim).
À incrível voz e guitarra, Samuel Úria juntava algumas histórias/ piadas, incluindo a si próprio. Celina da Piedade e Alex …também se lhe juntaram, foi uma tarde de “intercâmbio” musical entre eles.
Já era noite e os próximos eram às 20h e 20h30. Desci até à rua Rainha, a lotação era elevada e quando cheguei verifiquei que tinha lugar garantido e fiquei para o quinto e último concerto a que conseguia assistir neste dia.
Era a vez dos The Macaques (www.facebook.com/THEMACAQUES), algo completamente desconhecido para mim.
Logo ao entrar esqueci a música e pensei “era esta casa que eu queria para mim”, gosto imenso de Guimarães e do centro histórico, e aquela casa correspondia na perfeição aos meus gostos.
Devaneios à parte, a entrada era feita já com a banda a dar-nos música e mesmo com o rosto “pintado”, parecia-me reconhecer um dos elementos, suspeita que aumentou quando o ouvi falar.
No final do concerto ele negava, mas tal como eu, outros reconheceram nele o “Bruno Aleixo”.
Um quarteto, com guitarras, voz, percussão e alguma “electrónica”; apresentam-se como “os mais alternativos” e fazem “rock ciclónico”.
Letras super reduzidas e repetitivas, uma maneira de cantar com entoação “à Bruno Aleixo” e pinturas faciais/corporais associadas a algum ritmo indígena, não nos deixam ficar indiferentes.
Era impossível não sorrir / rir, a animação era geral; foi um momento de pura descontracção / animação!
A noite estava muito agradável e resolvi ficar para o espectáculo de La Fura dels Baus na praça do Toural, praça cheia onde assisti a um belo espectáculo de música, projecção de imagem, fogo e algumas performances suspensas, incluindo a declamação de um belo poema de Jorge de Sena.
Depois de momentos como este, estava à espera de um final em grande, mas achei que terminou de forma algo estranha. Houve como que um compasso de espera que fazia antever algo mais, mas apenas surgiu uma voz a anunciar que a festa continuaria na Praça da Oliveira…
Segui para a praça que aos poucos se enchia e a festa recomeçou pouco depois com Fernando Alvim a meter discos, foi uma verdadeira viagem no tempo levada pela música.
A animação prometia festa noite dentro tanto ali, como noutros pontos, mas para mim terminava ali o meu sábado (já inicio de domingo).
Encontram mais fotos aqui.
Texto e Fotos de Maria João de Sousa
Sem comentários:
Enviar um comentário