Westway Lab 2019 - Texto e Fotos de Miguel Estima
Chegámos à sexta edição do festival Westway Lab em Guimarães.
De todas, a edição mais completa e, de longe, com a programação maior e mais
vasta de sempre.
O conceito do Westway, bem mais que um “simples” festival, toca
em vários pontos de geografia e de espectros musicais. O evento é dividido em
várias componentes, conferências para profissionais da área, promoção de residências
artísticas, aposta na criação de sinergias entre artistas nacionais e internacionais,
promovendo e incentivando a criação colectiva ao longo de toda a semana.
O resultado final desse trabalho, é apresentado ao público
nos primeiros dias, em sessões abertas, na forma de showcases ou
mini-concertos.
Este foi o ano em que senti verdadeiramente o “mercado”, com
os artistas a aproveitarem para “vender” o seu produto, a sua música no fundo.
Também foi este ano que notei mais que grande parte da assistência era composta
por profissionais. Confesso até que ver bandas locais a falar em Inglês nos
intervalos das músicas é, no mínimo, estranho.
Falando de concertos - e estou a escrever o texto passado
dois dias de ter estado em Guimarães - começo pela noite de sexta 12 de Abril que
foi muito bem composta e dividida entre os projectos nacionais e canadianos.
Nunca tinha visto Vaarwell e gostei muito da eletro-pop
deles, mas a surpresa veio da Marta Pereira da Costa, prova viva de que não podemos
dizer que não a um estilo. Ela vem do fado, mas o que vi e ouvi do palco, era
absolutamente fantástico.
Por fim, vieram os canadianos todos assim de rajada, começando
pela Sarah MacDougall, os frenéticos Trible Royal, a doce Megan Nash, repetir
os Les Deuxluxes (já publiquei aqui texto no blog), embora que este concerto tenha
sido ainda mais potente, tinham (buyers) na plateia e como nunca se sabe, é
melhor dar tudo, pode até ser que venham por cá mais vezes, tivemos ainda o
country dos The East Pointers, e a fechar a noite, regressámos a Portugal com os NEEV que remataram de uma forma simpática.
Quem
conhece o Vila Flor reconhece que toda a gestão dos espaços e a forma como o
público se movimentou entre eles, foi absolutamente fantástica.
Sábado (13 de Abril) de manhã foi guardado para retemperar
as energias já que a tarde era dedicada pelo terceiro ano consecutivo aos city
showcases. Momentos em que o público apanha (literalmente) o comboio para o
próximo concerto e se mantem a ideia do dia anterior, se gostamos, vemos até ao
fim, caso contrário, vamos mais depressa para o próximo.
Das oito propostas, cortei logo duas por falta de tempo e por
a distância a percorrer não permitir fazer a coisa de outra forma. Assim, decidi
não ir ao São Mamede.
Comecei então pelo início
da tarde, indo ao Santa Luzia ArtHotel, cujo lobbie ficou cheio com a música do
Francisco Sales, com os suecos Elin Namnieks, logo seguidos pelo austríaco
Mickey no Oub’lá, o bar que anda a dar que falar por estes lados.
Depois fui rapidamente ao bar da Ramada para ver os ingleses
Theodore, senhores de um rock mais agressivo e denso, seguido por uma ida, já
com chuva, ao convívio, para ver os Holy Nothing, tendo, então, terminado a
rota com os polacos Izzy and the Black Trees. Resumidamente, de tanta música
que se passou, ficou na memória esta banda que mescla o rock com o punk, numa
agradável surpresa para os ouvidos.
Para fechar a noite, foram mais sete concertos, três deles
com bandas vimaranenses que actuaram no palco do Pátio, logo na entrada do
recinto, foram eles os Captain Boy, Mister Roland e Paraguaii.
Mas o que levou os pouco aderentes a comprar a pulseira do
festival foi o projecto onde estava a Julia Holter – Tashi Wada Group e os
Portugueses Black Mamba, que para gosto de alguns e para desespero de outros fazem
a festa. Confesso que mal vi os Whales e vim embora antes de Batida por isso
abstenho-me de qualquer linha de comentário extra.
Em suma, musicalmente falando, foi uma grande noite de sexta-feira e um sábado
morno, contudo valeu pela experiência e pelo intercâmbio que o próprio evento potencia.
Foto-reportagem completa na página de facebook deste blog.
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