quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Bons Sons 2022 - Até ao Pôr do Sol


Bons Sons 2022 - 14 de Agosto - Cem Soldos

Grupo de Gaitas da Golegã - Fado Bicha - Siricaia

Depois das emoções vividas a “ouver” A Garota Não, houve ainda muito que fazer até o sol se pôr. Enquanto fiquei à conversa (perdendo assim a performance do João Francisco) com amigos antigos e recentes, apareceu a desfilar o Grupo de Gaitas da Golegã. Rodeados de uma multidão colorida, foram andando e tocando pela aldeia, levando os sons, que já não se ouvem todos os dias, pela aldeia fora.


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Muito perto da hora marcada, foi a vez dos Fado Bicha tocarem no Palco Giacometti-Inatel, uma enorme massa de gente já aguardava por eles, prontos a ouvir a música e também os verdadeiros manifestos pela diversidade, liberdade e antirracismo, entre canções.


Foi com fugas ao fado tradicional como estas que passei a gostar de fado e não há como não gostar de imaginar todos os “machos marialvas” a serem atacados por “urticária”, cada vez que ouvem coisas assim. “Lisboa Não Sejas Racista” (a lembrar o assassinato de Bruno Candé), “Povo Pequenino”, “Fado da Alice”, “Lila Fadista”, “Crónica do Maxo Discreto”, vão denunciando a hipocrisia, o racismo e muitas outras maleitas, não reconhecidas ou escondidas, que assolam este país à beira mar plantado.


Não deixo de me lembrar do abanão que o António Variações deu a este país, a “afronta” (para os “puristas”) que foi na altura a sua versão de “Povo que Lavas no Rio” e que agora é, em certa parte, continuado pelos Fado Bicha. Ainda bem que há projectos assim, que façam pensar sobre o mundo em que vivemos.

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Até ao fim da luz do dia foi a vez dos Siricaia, no palco Zeca Afonso, contarem a história da “Família Fandango” – o seu primeiro álbum – mostrando que se pode fundir o Rock com o imaginário tradicional e folclórico, sem defraudar os admiradores de um tipo de música ou de outro.



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Metade do dia já estava cumprido e agora a “luta” era tentar comer qualquer coisa antes dos concertos da noite. Sim porque mesmo com o espírito e coração cheio, os repórteres também precisam de alimentar o corpo.

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Bons Sons 2022 - A Garota Não

 


Bons Sons 2022 - 14 de Agosto - Cem Soldos
A Garota Não

Quando me vi na obrigação de escolher apenas um dia desta edição do Bons Sons, ao ver o dia d’A Garota Não, acho que já não é segredo para ninguém a predileção que tenho pela sua música, a minha escolha tornou-se óbvia. Já tive a sorte de a ver duas vezes ao vivo, uma em Coimbra, outra no Porto, mas sempre pensei que Cem Soldos seria o local ideal para pôr à prova a força das suas canções. Ao ver o horário e o palco escolhidos fiquei um pouco desapontado, mas ao som dos primeiros acordes, comecei imediatamente a mudar de opinião. 


À sua espera estava um mar de gente, bem maior do que eu antecipava, pronto a beber as suas palavras e a ouvir o seu som. Já percorri vários locais do país e do estrangeiro (se é que podemos considerar a Galiza estrangeiro) para ouvir boa música, mas ainda não encontrei público tão bom como o do Bons Sons. 

Desde a primeira canção dava para ver, até pelo arrepio na pele da Cátia, que aquele iria ser um dia especial. Com um alinhamento diferente e, dado o tempo contado, mais reduzido que o dos outros concertos dela que vi, foi um concerto “a dar tudo”. 

O público ficou agarrado desde o início e espontaneamente, ia sublinhando frases de canções ora cantando em conjunto, ora com palmas, ora com gestos. Os sorrisos da Cátia, do Sérgio e do Diogo iam aumentando a cada momento e as emoções que eles passaram para toda a gente, foram enormes. Da minha parte fizeram-me andar constantemente entre o choro (quase a rebentar) e o riso. Gosto mais da vertente mais interventiva das suas canções, mas também me comovo com as canções de amor. 

Quando espreitei o alinhamento, momentos antes do início do concerto, chamei logo a atenção de um amigo, que estava na primeira fila, para o tema “422” - canção feita em pouco mais de três dias e estreada, duas semanas antes, no concerto do Novo Ático no Porto – que fala do lucro do primeiro semestre de 2022 da empresa GALP. Já algumas vezes referi a Cátia como uma cantora de intervenção, mas talvez seja uma noção um pouco redutora que poderá até “afastar” alguns ouvintes, até porque no fundo que ela é uma Cantora de Atenção, cheia de inquietação, de empatia e atenta ao mundo que a (nos) rodeia. 

 Provavelmente seria mais fácil escrever apenas canções de amor, ou daquelas cheias de poesia bonita quase inócua que pouco ou nada dizem, possivelmente atingiria públicos mais diversos e maiores, mas não seria A Garota Não, seria outra coisa qualquer. 


Voltando ao concerto, dado os imperativos do tempo para tocar, chegou a ser cortado um tema do alinhamento, mas a reacção do público foi de tal ordem que acabou por ter de haver um encore, e que encore, com “Canção a Zé Mário Branco” que começa com “Há quem seja comum/ Há quem não tenha assunto/ Há quem traga mais um/ Há quem traga um conjunto”, e os aplausos e gritos foram imediatos, depois, quando chegou a parte do “Liberdade/ Querida Liberdade/ O nosso chão são sonhos e vontade” chegaram a erguer-se alguns punhos, junto com sorrisos. 





 E não podia haver melhor final para a enorme celebração de Amor e Liberdade que foi este concerto.


Encontram a foto reportagem completa na página de facebook deste blog.

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Bons Sons 2022 - Encontros

 


Bons Sons 2022 - 14 de Agosto - Cem Soldos

Já não tinha Bons Sons desde 2018 - em 2019 tive de faltar por afazeres profissionais e este ano só consegui poder estar no dia 14 – mas não precisava de ter ouvido o Luís (Ferreira) a dizer: “já devias saber que no Bons Sons as pessoas encontram-se, não é preciso marcar por sms”. Estava enferrujado e ligeiramente distraído, mas uma das verdades deste Festival é mesmo essa - as pessoas encontram-se.

Comecei logo por ver o Adelino de Aveiro quando me dirigia para a única igreja onde entro com um sorriso nos lábios e onde, desde sempre, vejo sempre algo que me surpreende, desta vez foi o Fernando Mota e os seus instrumentos improváveis a criar sonoridades transcendentes.



Logo depois encontrei a Bia Maria e o seu enorme sorriso, cujo concerto tinha sido no dia anterior, pronta a actuar para a Antena1.



Encontrei o João Duarte, o Nuno Ávila, o Fausto a Adriana, o João Vaz Silva, o José Jesus, o Leonardo que tinha conhecido há poucos dias em Setúbal e a sua malta, conheci o Pedro Banza, conheci o Luís que trabalha numa óptica e frequenta bastantes concertos, encontrei a malta de Aveiro, encontrei a malta de Ílhavo, encontrei malta do Porto, encontrei malta de Almada com quem já tinha estado em Évora a ver os SAL, encontrei o Johnny Gil, encontrei o Giliano e a sua malta generosa que ao fim da noite até me arranjaram dois cigarros, depois de ter acabado os meus e muita gente mais, reencontrei o José Jesus de Ourém com quem já tinha estado noutras edições, a Helena César, o João Silva, o Alexandre Santos e o Pedro Oliveira, incansáveis a trabalhar, como nas outras edições, o Tiago Pereira que vou vendo diariamente nas redes sociais mas cujo convívio nos tinha sido retirado por causa da desgraça que nos assolou nos últimos dois anos, a Iolanda Pereira e reencontrei uma constante de sorrisos e gente boa, nas bilheteiras, na segurança, nos bares e por todo o lado que que faz com que este evento seja diferente de todos os outros.











É verdade que dado o seu crescimento, a multidão é cada vez maior e fica cada vez mais difícil circular dentro da aldeia, é verdade que começam a haver filas para tudo, mas enquanto prevalecer este espírito de sorriso aberto, vai dar para continuar a dizer:

Viva o Bons Sons.





Encontram mais fotos no álbum Bons Sons 2022 - Pessoas  na página de facebook deste blog.


Bateu Matou no Artes à Rua


 Bateu Matou - 11 de Agosto 

Artes à Rua - Évora




O ritmo imparável dos Bateu Matou fez a festa no Jardim, nem faltou um medley de temas do Festival da Canção para animar a malta.




Encontram a fotoreportagem completa na página de facebook deste blog.

Orquestra do Bairro no Artes à Rua

 


Orquestra do Bairro - 11 de Agosto 

Artes à Rua - Évora


Segundo consegui apurar, esta foi a segunda actuação da Orquestra de Bairro um colectivo de grandes executantes que apelam à dança e nos trazem uma reinterpretação de temas tradicionais, baseados em modas alentejanas, viras e chulas.




A adesão do público foi quase imediata e o baile aconteceu. Foi bonito de ver.



Podem encontrar a fotorreportagem na página d'A Certeza da Música.