Bons Sons 2022 - 14 de Agosto - Cem Soldos
Grupo de Gaitas da Golegã - Fado Bicha - Siricaia
Depois das emoções vividas a “ouver” A Garota Não, houve
ainda muito que fazer até o sol se pôr. Enquanto fiquei à conversa (perdendo
assim a performance do João Francisco) com amigos antigos e recentes, apareceu
a desfilar o Grupo de Gaitas da Golegã. Rodeados de uma multidão colorida,
foram andando e tocando pela aldeia, levando os sons, que já não se ouvem todos
os dias, pela aldeia fora.
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Muito perto da hora marcada, foi a vez dos Fado Bicha
tocarem no Palco Giacometti-Inatel, uma enorme massa de gente já aguardava por
eles, prontos a ouvir a música e também os verdadeiros manifestos pela
diversidade, liberdade e antirracismo, entre canções.
Foi com fugas ao fado tradicional como estas que passei a
gostar de fado e não há como não gostar de imaginar todos os “machos marialvas”
a serem atacados por “urticária”, cada vez que ouvem coisas assim. “Lisboa Não
Sejas Racista” (a lembrar o assassinato de Bruno Candé), “Povo Pequenino”,
“Fado da Alice”, “Lila Fadista”, “Crónica do Maxo Discreto”, vão denunciando a
hipocrisia, o racismo e muitas outras maleitas, não reconhecidas ou escondidas,
que assolam este país à beira mar plantado.
Não deixo de me lembrar do abanão que o António Variações
deu a este país, a “afronta” (para os “puristas”) que foi na altura a sua
versão de “Povo que Lavas no Rio” e que agora é, em certa parte, continuado
pelos Fado Bicha. Ainda bem que há projectos assim, que façam pensar sobre o
mundo em que vivemos.
Até ao fim da luz do dia foi a vez dos Siricaia, no palco
Zeca Afonso, contarem a história da “Família Fandango” – o seu primeiro álbum –
mostrando que se pode fundir o Rock com o imaginário tradicional e folclórico,
sem defraudar os admiradores de um tipo de música ou de outro.
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Metade do dia já estava cumprido e agora a “luta” era tentar
comer qualquer coisa antes dos concertos da noite. Sim porque mesmo com o
espírito e coração cheio, os repórteres também precisam de alimentar o corpo.