Bons Sons 2022 - 14 de Agosto - Cem Soldos
A Garota Não
À sua espera estava um mar de gente, bem maior do que eu antecipava, pronto a beber as suas palavras e a ouvir o seu som.
Já percorri vários locais do país e do estrangeiro (se é que podemos considerar a Galiza estrangeiro) para ouvir boa música, mas ainda não encontrei público tão bom como o do Bons Sons.
Desde a primeira canção dava para ver, até pelo arrepio na pele da Cátia, que aquele iria ser um dia especial. Com um alinhamento diferente e, dado o tempo contado, mais reduzido que o dos outros concertos dela que vi, foi um concerto “a dar tudo”.
O público ficou agarrado desde o início e espontaneamente, ia sublinhando frases de canções ora cantando em conjunto, ora com palmas, ora com gestos. Os sorrisos da Cátia, do Sérgio e do Diogo iam aumentando a cada momento e as emoções que eles passaram para toda a gente, foram enormes. Da minha parte fizeram-me andar constantemente entre o choro (quase a rebentar) e o riso. Gosto mais da vertente mais interventiva das suas canções, mas também me comovo com as canções de amor.
Quando espreitei o alinhamento, momentos antes do início do concerto, chamei logo a atenção de um amigo, que estava na primeira fila, para o tema “422” - canção feita em pouco mais de três dias e estreada, duas semanas antes, no concerto do Novo Ático no Porto – que fala do lucro do primeiro semestre de 2022 da empresa GALP. Já algumas vezes referi a Cátia como uma cantora de intervenção, mas talvez seja uma noção um pouco redutora que poderá até “afastar” alguns ouvintes, até porque no fundo que ela é uma Cantora de Atenção, cheia de inquietação, de empatia e atenta ao mundo que a (nos) rodeia.
Provavelmente seria mais fácil escrever apenas canções de amor, ou daquelas cheias de poesia bonita quase inócua que pouco ou nada dizem, possivelmente atingiria públicos mais diversos e maiores, mas não seria A Garota Não, seria outra coisa qualquer.
Voltando ao concerto, dado os imperativos do tempo para tocar, chegou a ser cortado um tema do alinhamento, mas a reacção do público foi de tal ordem que acabou por ter de haver um encore, e que encore, com “Canção a Zé Mário Branco” que começa com “Há quem seja comum/ Há quem não tenha assunto/ Há quem traga mais um/ Há quem traga um conjunto”, e os aplausos e gritos foram imediatos, depois, quando chegou a parte do “Liberdade/ Querida Liberdade/ O nosso chão são sonhos e vontade” chegaram a erguer-se alguns punhos, junto com sorrisos.
E não podia haver melhor final para a enorme celebração de Amor e Liberdade que foi este concerto.
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