A primeira vez que vi os Delfins foi, como provavelmente a maioria das pessoas, no festival da canção em 1985, as camisas de surfista à lá Beach Boys deu a ideia que eles iam lá a brincar, o júri castigou-os com o último lugar, mas eu não deixei de achar piada à actuação. Em 1987 saiu o primeiro álbum – Libertação, munido do seu primeiro single: “Canção do Engate”, na pista de dança este tema era sempre um sucesso.
A primeira vez que os vi ao vivo foi em 1988 quando saiu o álbum “U Outro Lado Existe”. Tive o prazer de os ver a actuar para cerca de quarenta pessoas no Convento de São domingos em Abrantes, era a tour ribatejana – esta não vem referida na Wiki- de lançamento do disco. Penso que alguns dos concertos que compunham essa digressão foram cancelados.
Mas o que interessa é que os poucos mas bons que viram o concerto de Abrantes, puderam vibrar com a apresentação de temas como a “Bandeira” que tocou duas vezes e que nos dava inspiração para a luta contra o S.M.O. (Serviço Militar Obrigatório, para aqueles que não sabem o que significa, e ainda bem) ou o “1Lugar ao sol” e o “1 Só Céu”, dava para ver que estávamos a assistir ao nascimento de um grande grupo que sabia tocar Pop com mensagem, deu ainda para ver o baixista Fadigas a quase incendiar o próprio cabelo. Foi simplesmente um grande concerto.
A carreira deles desenvolve-se em força a partir daí, eles lançam o “Desalinhados” e a sua notoriedade aumenta. Em 1992 o Pedro Ayres de Magalhães substitui temporariamente o Rui Fadigas no baixo e foi nessa época que os vejo novamente em Abrantes, mas desta vez a tocar para uma plateia superior a duas mil pessoas no Castelo da cidade.
No ano de 93 tive a oportunidade de os ver ao vivo em Aveiro e de entrevistar o Miguel Ângelo, para o programa “Salsaparrilha” (já referido num artigo mais antigo), deu para ver a excelente pessoa que ele é e descobri inclusive que além das cantorias ele era também arquitecto, coisa que muito nos surpreendeu (a mim e ao Suíças, companheiro que comigo fazia o programa), pois para nós estudantes, conciliar saídas com os estudos já era uma tarefa hercúlea e ali tínhamos um “gajo” que vivia da música e que até tinha arranjado tempo para acabar o curso.
Eles não pararam de subir em vendas de discos e em reconhecimento do público, ocorreu também nessa época o fenómeno “Resistência” que aproveitou bem o tema “nasce Selvagem” que tanto uso teve nas nossas Manifestações contra as propinas.
Depois tiveram em 95 um “Best of” que vendeu carradas.
Ainda acompanhei a banda até ao disco “Saber Amar” e partir daí desliguei-me do grupo um pouco desiludido.
Os Delfins estão agora a comemorar 25 Anos de carreira andam a fazer a sua anunciada tour de encerramento.
O que me levou a escrever sobre eles hoje foi um comentário que li na newsletter, que recebo regularmente, da revista Blitz e onde um qualquer “pascácio” decidiu escrever “quando é que o pesadelo acaba”. Criou-se para entre alguns piadistas uma moda estúpida em que, cada vez que ficavam sem ideias sobre o que escrever, largavam uma laracha sobre os Delfins. A coisa tomou uma proporção tal que agora qualquer mentecapto que ouviu meia dúzia de discos impingidos por uma destas rádios de playlists ainda mais mentecaptas, manda assim um comentário “parvalhóide” sobre uma banda que já existe e tem uma carreira de 25 anos.
Todo este negativismo em cima de uma banda que, com os seus altos e baixos, conseguiu resistir tanto tempo, irrita-me. Não quero com isso armar-me em ditador e dizer que não deviam fazer piadas, a mim o que me irrita é o excesso delas. É claro que os últimos discos dos Delfins podem ter dado alguma inspiração para tal, mas fazer deles os bombos da festa é que me chateia. Posso até dizer que nem sequer ouvi o último álbum deles porque detesto a capa. O que é certo é que ouvi hoje com mais atenção o tema “Há Uma Razão” e até estou a gostar bastante, se calhar este último álbum até é um grande disco, eu não sei porque ainda não o ouvi, mas de certeza que todos estes ataques acabam por condicionar as pessoas a não gostarem da banda. Por isso o que me apetece dizer é - “caguem” para as críticas, oiçam primeiro, julguem depois e então se não gostarem digam mal. Não se deixem é levar na “carneirada”
2 comentários:
O companheiro era quem?
O Suissas?
Ah bom, o SuiSSas...
"Soltem os prisioneiros..."; Que clássico!!!
Pedro SuiSSas
A rapaziada anda em digressão.
Abraço
dj duck
p.s.vão passar por Ponte de Lima.
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