Com uma actividade cultural intensa, a Associação Cultural Mercado Negro em Aveiro tem vindo a demonstrar que a cada dia que passa, cria uma forte presença na arte urbana, com cheiro a novo e alternativo com melhor que se faz dentro e fora de portas, seja o conceito vago ou supérfluo para muitos, este caminho trilhado desde 2006, marca uma presença incontornável no panorama cultural Aveirense.
O fim-de-semana passado foi alvo de uma invasão de sons, num formato alternativo, numa fusão de um misto de grande transparência e rugosidade própria, característica dos elementos presentes e ausentes.
A noite de sexta-feira começou com Pedro Pestana mentor do projecto Tren Go! Sound System. O projecto consiste numa ampla e vasta exploração de sons que podem advir de uma guitarra. Com uma quantidade de pedais, para os “quinhentos mil” efeitos produzidos ao longo do concerto, Pedro Pestana criou autenticas sonoridades cosmo geográficas. Bastava desligar o olhar e sentir uma viagem pelas maravilhosas praias Madeirenses, ou ainda por uma viajem pelo mundo costa a costa. Com influências de vários territórios, o concerto ou performance já que fomos brindados por visuais líquidos em constante mutação de forma e cor, o visualismo marcado pela já longa experiencia do Pedro que absorve a cada canto que passa, criando sonoridades para completar o já vasto espectro musical. Para quem já o tinha visto em 2007, o crescer é uma razão de existir.
Foi nesta primeira noite que se verificou que nem todas as maças são boas. Problemas técnicos aparte, isto porque o quinto elemento dos Sensible Soccers, estava com alguma má disposição, os outros quatro Hugo Gomes, Emanuel Botelho, Filipe Azevedo e o ex-Portugals, Né dos Santos, brindaram a audiência do auditório do Mercado Negro com uma dos mais brilhantes performances deste Mini-Mercado.
Já não com os míticos sons das bolhas, este conjunto coeso, mostrou ao longo dos temas uma presença sonora rica em ritmos mais psico-ambientais, uma clara transmutação do psicadelico-rock com o dub-chill. Estranho?!
Ao fim de dois temas a coisa estava mais que absorvida, e quando tocaram o “Fernanda” a plateia encontrava-se mais que rendida aos encantos destes jovens. A interacção e boa disposição do grupo brilhou numa apoteose generalizada, que resultou numa das mais simpáticas actuações deste mini-festival.
O segundo dia começou com Lace Bows. Alter-ego de Rui Nogueiro, musico e compositor que cria através de uma parafernália de pedais e um baixo uma sonoridade densa em sons minimais com alguma dose de magnetismo criando uma evolvente drome/sónica, que por vezes transforma um estado de simplicidade em estado de sítio. Isto a agravar-se por ruídos underground de misturas em formato analógico.
Depois da blue-hour com o Lace Bows, caiu a noite ao som de Black Koyote. E que bom começo de noite. Com muito poder da maça, o trio com o mentor José Alberto gomes, viajou durante uma hora por sons mais electrónicos, criando uma atmosfera minimal de pura alegoria a fusões fruto de várias influências e de múltiplos estilos.
Um final de tarde muito simpático que envolveu a assistência por uma atmosfera rica de cores e formas, isto porque esta apresentação contou com projecções dedicadas em exclusivo para a apresentação no Mercado Negro.
Após um curto intervalo para manutenção do corpo e mudança de local, o auditório voltou a acolher os dois últimos concertos. Desta vez com os Cangarra, um duo formado por Ricardo Martins e Manuel Gião. Bateria e Guitarra combatem ao longo de trinta minutos numa electricidade poética.
Arrebatadora de uma classificação de puro Rock, não fosse o clima vintage que os equipamentos e decor de espaço proporcionam.
Depois dos ouvidos bem temperados, chegou ao fim este evento com os Asimov, que vieram cheios de pujança para apresentar mais umas sonoridades heavy psych boogie blues rock. Uma maluqueira frenética e alucinante bem característica do rock psicadélico dos anos setenta. Um recriar de emoções para bons amantes do som mais puro hard rock a tocar por vezes em atmosferas mais heavy metal.
Uma maluqueira frenética e alucinante bem característica do rock psicadélico dos anos setenta. Um recriar de emoções para bons amantes do som mais puro hard rock a tocar por vezes em atmosferas mais heavy metal.
Uma aposta mais do que ganha para o Mercado. Este Mini-Mercado foi uma boa representação do melhor som emergente. Não me admirando que algumas destas propostas passem a ser em breve proposta de grandes eventos nacionais e internacionais.
Texto e Fotos Gentilmente Cedidas por Miguel Estima
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