Cinco anos passaram desde a saída de «Shangri-La» até “L’Art Brut”, o super recente trabalho dos Wraygunn.
Embora entre concertos a que assisti, não tivessem passado tantos anos, o último já datava de Agosto de 2009, o que era muito tempo.
Em Janeiro de 2011, fui brindada com a presença dos Wraygunn, quando no final do concerto de Tigerman no Coliseu do Porto a restante banda se junta ao Paulo Furtado e além do tema “She’s a go go dancer” apresentaram também um novo tema” Kerosene Honey” que faria parte deste álbum e que funcionou como que uma boa garantia de que o regresso de Wraygunn já se avistava e a qualidade também não faltaria.
Depois deste tema seguiu-se o single “Don't you wanna dance?” e, antes que o envelope da Fnac com o magnifico cd chegasse à minha caixa do correio, ainda ouvi na Portugália o tema “That cigarette keeps burning” e numa entrevista também na Antena 3, ouvi o tema “Track you down” tocado ao vivo e pensei: “isto tá tudo no mesmo álbum!? Venha mesmo o concerto, pois tenho que ver/ouvir isto!”
A sala 1 do Hard Club, pelas 22h00 do passado dia 24, hora anunciada para o início do concerto, estava assustadoramente vazia. Será que ia permanecer assim!? Havia uma data de coisas a acontecer nos arredores, incluindo o “Festival para Gente Sentada”em Sta Mª da Feira, mas o tempo o diria….
O público foi chegando, a sala começou a ficar agradavelmente composta e cerca das 22h45 aquando do início do concerto, a “coisa” já estava bonita.
O inicio dá-se com o tema “Tales of love”, com batidas constantes na bateria e por entre as palavras semi cantadas por Paulo Furtado ouviam-se as guitarras/ baixo e lentamente entra o coro primeiro as Sras vozes de Selma Uamusse e de Raquel Ralha e depois “explodem” as dos restantes membros da banda juntamente com um movimento de luzes e aumento de intensidade na parte instrumental e podia considerar que o aquecimento estava feito.
O desfile dos temas de “L’Art Brut” prossegue e creio que pela ordem em que se encontram no Cd, mas isto ao vivo é muito melhor.
Incrível a vida que temas e banda ganham em palco, é delicioso apreciar cada bocadinho!
A Banda formada por Paulo Furtado (voz e guitarras), Raquel Ralha e Selma Uamusse (voz/ teclas e outros pequenos instrumentos de percussão), Sérgio Cardoso (baixo), Pedro Vidal (guitarras, pedal steel e coros), Pedro Pinto (bateria, percussão e coros) e João Doce (bateria, percussão e coros), tem uma energia e uma cumplicidade que são dignas de ser admiradas e partilhadas. Os ritmos são incríveis, fazem-nos oscilar entre movimentos suaves e lentos, passar por “tangos”, pelo romantismo de musica francesa, voltar ao rock e sentir o blues e a soul, ritmos quentes quase que tribais, … enfim é uma longa e agradável viagem em termos musicais, pois uma hora tinha passado num ápice e o concerto tinha chegado ao fim.
O público não saciado, pede mais e a banda regressa ao som do discurso de Martin Luther King; discograficamente recuávamos 8 anos, era a "Soul City" do "Eclesiastes 1.11". Bem, se o público estava rendido agora ficava extasiado, ouviu-se alguém que gritou: “É o fim do mundo!”.
Cantou-se ainda: “Ain't Gonna Break My Soul”, a “Drunk or Stoned” e a “All Night Long”; foi um reviver momentos de outros concertos e um confirmar (se é que havia algo para confirmar), que os concertos de Wraygunn são momentos muito especiais e dignos de serem revividos e felizmente este publico também correspondeu muito bem, embora nem sempre afinadinhos no inicio da “Drunk or Stoned” ao tentarmos imitar a Raquel Ralha (tarefa um tanto ou quanto difícil), ou então na parte do “love that Woman” na “All Night Long”.
Neste ultimo tema o regresso de Paulo Furtado ao meio do publico aconteceu como em outros tempos, desta vez não havia ponte, nem quem lhe quisesse ficar com o micro, mas havia o balcão do bar ao fundo da sala, até onde o cabo do micro não foi suficiente, mas ele subiu para o balcão e utilizou o candeeiro como “substituto”.
Se conhecem Wraygunn, sabem do que eu estive a falar, se não conhecem, recomendo que vão a um concerto, pois momentos destes devem ser vividos e de preferência muitas vezes.
Sejam bem muito bem vindos Wraygunn!
Texto de Maria João de Sousa
Fotos de Gonçalo de Sousa
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