terça-feira, 30 de outubro de 2012

Festival O Gesto Orelhudo 2012

3 de Outubro ficou marcado por ser o dia do início da 11ª edição do Festival O Gesto Orelhudo que desta vez “regressou às origens” e decorreu no espaço D’Orfeu.
As Divinas - Irene Ruiz, Carla e Marta Mória, nas vozes, acompanhadas por Bernat Font ao Piano e Gabriel Amargant no Clarinete - vieram da Catalunha para nos levaram na sua máquina do tempo até aos “swingantes” anos 50.


Das suas belas vozes brotaram temas das Andrew Sisters, temas de Blues, Boogie-Woogie, leram-se conselhos para mulheres datados de 1958, houve sapateado e imitaram-se as emissões de rádio da época. Ouviu-se o Hey Big Spender, Mr. Sandman e até as Águas de Março que encerraram o concerto, num portunhol quase perfeito.
O segundo espectáculo da noite foi entregue aos, já repetentes, The Slampampers que vieram da Holanda e trouxeram uma enorme alegria para cima do palco que contagiou toda a audiência. Eles no fundo tocam Jazz, mas dão-lhe um toque muito seu em que mesmo os temas mais difíceis parecem extremamente fáceis.
Por vezes parecem autênticos bonecos animados, usam muito humor físico e por vezes escatológico, mas conseguem arrancar gargalhadas, mesmo do mais sério que os esteja a ver.
 Foi com muitos sorrisos que encerrou a primeira noite de concertos do F.O.G.O. de 2012 que continuou com o DJ Set de Pedro e o Lobo, mas para o qual só veio o Lobo e que permitiu esquecer da melhor forma o que de mau se passa “lá por fora”.
Para o dia 4 vieram os Tim Tim por Tim Tum, seguidos de Quico Cadaval & Narf da Galiza e por fim o DJ Set D’Orfmind Sound System.
 A abrir veio o quarteto de excelentes bateristas composto por José Salgueiro, Alexandre Frazão, Bruno Pedroso e Marco Franco, todos músicos de excelência que deram um espectáculo acima da média. Musicalmente é difícil de catalogar aquilo que fazem, só sei dizer que é muito bom e que vale mesmo a pena vê-los ao vivo.
Num registo completamente diferente daquilo a que estamos habituados, aqui a bateria é a rainha e ver o que estes verdadeiros mestres conseguem fazer com ela, é uma coisa fora do normal.
 Também há momentos em que o próprio corpo serve de percussão e em que as palmas do público fazem o acompanhamento devido ao que se passa no palco, mostrando uma enorme sintonia, depois também aparece o Kazoo num momento de brincadeira e dialogo sonoro que encantou todos os que assistiram.
 O bom momento seguinte, veio dos Galegos Quico Cadaval, conhecido actor e conta-contos, acompanhado do seu amigo Narf, nome artístico do guitarrista de Afro-blues- Fran Perez, que nos deram cerca de uma hora de belíssimas histórias muito bem interrompidas ou acompanhadas pelas guitarras e canções de Fran.
Os que ainda não sabiam, ficaram finalmente a perceber que o nosso português nasce mesmo do Galego, venha contesta-lo quem quiser, e que esta língua quando usada para contar estas histórias que por vezes parecem locais, mas que o Quico bem as soube adaptar e tornar universais.
Todas as histórias tinham um final triste, isso já tem razões históricas que não vale a pena explicar, mas que acabavam por saber muito bem ouvir, mesmo assim…
 Para fazer a festa no final tivemos o DJ Set da malta da casa que animou todos os que resistiram à noite que foi de encanto e já ia longa. Arrisco-me até a dizer que a nível de espectáculos, foi talvez, a melhor noite de todo o Festival, se é que dá para avaliar dessa forma.
Nota: Ao dia 5 não pude assistir, mas pelo que sei, os Vozes da Rádio e os alemães Gogol & Max foram responsáveis pela noite que teve mais público e deram ambos excelentes espectáculos e o DJ Set do  António Pires foi muito bom, não ouvi, mas sei!

 O dia 6 de Outubro abriu com Zeca Medeiros que trouxe os seus Fados Fantasmas e Folias, acompanhado de Gil Alves nas Flautas, Rogério Cardoso no Baixo e Guitarra, Jorge Silva no Piano e Manuel Rocha no Violino. Estes músicos que o acompanham, além de excelentes, são autênticos cúmplices na sua actuação.
 O Zeca Medeiros vai entrando e saindo de cada personagem que canta, em cada um dos seus temas, nos intervalos das canções ou usando as letras de algumas mesmo, vai fazendo avisos e chamando a atenção para a realidade que nos rodeia. Há momentos autobiográficos e por vezes aparece a veia de contador de histórias que se chega a sobrepor à de cantador. No concerto todos brilham e deixam brilhar, fazendo de cada concerto uma noite única e inesquecível.
Este belo início de noite foi só a confirmação do belíssimo concerto que já tinha visto no Mercado Negro este ano. Só tenho pena que seja tão difícil encontrar os seus discos à venda, para poder disfrutar da sua música por mais vezes.
 A seguir veio Muito Riso, Muito Siso, um espectáculo interpretado por Luís Fernandes que em palco teve a participação de um dos que fundou o espectáculo há dez anos atrás. Uma excelente escolha de textos que a brincar, vão falando de coisas sérias ou a sério vão brincando, pondo todos a sorrir e a pensar e fechando assim com chave d’Ouro, mais uma edição do Festival O Gesto Orelhudo.
Pela noite dentro ainda houve a música do DJ Johnny Red que dando uma volta por Portugal e o Resto do Mundo, pôs os mais resistentes a dançar até ao fim.

Podem encontrar mais fotos aqui.

Agora que venha a 12ª Edição e que pelo menos seja tão boa como esta que agora acaba.

Sem comentários: