Foi na passada sexta-feira que o Real Combo Lisbonense trouxe até ao Centro Cultural de Ílhavo a lembrança de Carmen Miranda.
Tudo começou com a leitura, por parte do João Paulo Feliciano, da inspiradora biografia da artista Luso-Brasileira, escrita por Ruy Castro que, no seu texto da capa do disco - Saudade de Você (ed. Pataca Discos) - diz que ela “não precisa voltar a ser portuguesa” pois “Ela nunca deixou de o ser. Como o Real Combo Lisbonense prova muito bem.”
Na verdade este disco e este espectáculo fazem todo o sentido pois ajudam a resgatar e homenagear a memória de uma artista que nunca esqueceu a sua língua nem renegou o país que a viu nascer.
Só por isto, o RCL - "super grupo" composto por João Paulo Feliciano, Mário Feliciano, Ian Mucznik, Rui Alves, Bruno Pernadas, Sérgio Costa, João Pinheiro, David Santos, Ana Brandão, Margarida Campelo, Joana Campelo e Tomás Pimentel, que não pôde estar presente e foi substituído pelo aveirense Nuno Reis – já estaria de parabéns. Mas, além disso, oferecem-nos ainda uma belíssima viagem por um reportório que mistura marcha, samba, chorinho e chega a passar pelo fado, ilustrada da melhor maneira no tema “Saudade de Você” que dá nome ao disco e prova o quanto ela conseguiu ligar os dois lados do Atlântico com a sua música.
Foi uma noite cheia da alegria contagiante, como é hábito nos concertos deste colectivo, a que apenas faltou, por força das cadeiras e de alguma timidez, o acompanhamento pela dança, por parte do público.
É que para o espectáculo ser perfeito, a dança de quem ouve é fundamental, ficando em mim a certeza de que o Real Combo Lisbonense só devia actuar ao ar livre ou em salões de baile. De preferência trajados a rigor, como na época de onde vem esta música.
O disco foi tocado na íntegra, mas ainda fomos brindados com verdadeiros clássicos imemoriais como “South American Way”, “O que é que a Baiana Tem” ou “Aurora”, marcha de carnaval que também serviu para lembrar Aurora Miranda, irmã de Carmen, também cantora, cujo sucesso foi um pouco ofuscado pela dimensão atingida por esta.
No encore ainda houve lugar para duas surpresas, uma versão de “The Soul of Carmen Miranda” de John Cale e outra de “Marco de Canaveses” da autoria da dupla composta por Caetano Veloso e David Byrne, acabando em ritmo de festa com o conhecidíssimo “Mamãe eu Quero” que com o toque dos RCL fica bem mais agradável do que as versões que estamos habituados a ouvir.
Assistir e participar num espectáculo deste grupo faz bem e recomenda-se!
Encontram mais fotos na página de facebook deste blog.
Sem comentários:
Enviar um comentário