terça-feira, 22 de março de 2016

Aphonic - Héroes

Eis mais um texto da Estúrion Music, escrito pelo Ángel Cao e pelo Martín AG e com a minha tradução que espero que faça justiça ao original. Desta vez trata-se do disco Héroes dos Aphonic, espero que gostem.


Héroes, é o título do quarto disco e ponto de inflexão para o grupo vigues de Nu-Metal “Aphonnic“. É un projecto de 2013 financiado no princípio do mesmo ano através da plataforma de ‘crowdfunding’ Verkami, apenas 40 dias depois do início da campanha, superou a quantidade inicial pedida, impulsionando o quarteto a concentrar-se plenamente num projecto arriscado e ambicioso, que além de conseguir a comunhão com o público participante (a quem é dedicado o título), lograram superar as suas expectativas com um trabalho fresco e de uma qualidade incontestável.
Foi misturado e masterizado por “Paul Leavitt” nos Estados Unidos, gravado nos prestigiosos “Poison Apple Studios” (Lisboa-Portugal) e foi produzido por Vasco Ramos (cantor e produtor do grupo More Than a Thousand) e por Dani Obenza.
O artwork do disco, de estilo vintage, está inspirado no Capitão América dos Estúdios Marvel e o seu desenho é da autoria de Ion Benítez, que plasma toda a agressividade e força do grupo na capa (obra de Raf W).
Depois dos seus dos primeiros discos em inglês, praticamente na sua totalidade (Silennce, 2004 e Foolproof, 2006), e um terceiro já em castelhano (6 bajo par, 2008), “Héroes” compõe-se de um total de 11 canções, todas elas no nosso idioma, com uma duração de algo menos que 40 minutos onde se misturam e se remisturam temas em que se destaca a voz vibrante e forte do vocalista com outros que dão espaço à sua faceta mais melódica, adequando ritmos, melodias e intensidade das vozes conforme o solicitado em cada um dos temas.
Os quatro integrantes da banda alcançam a sua maturidade e isso reflete-se no bem arquitetadas que estão as suas composições a nível do baixo de Richy e da guitarra de Iago. Algumas das suas influências mais evidentes vêm de grupos de dimensão internacional como Deftones, Korn ou Faith No More, e nacionais como Sober ou Hamlet (com estos dois últimos chegaram a partilhar palco).
A evolução é evidente no que diz respeito aos trabalhos anteriores, esquecendo etiquetas, sem se limitarem apenas ao Rock e apostando cada vez mais no Metal, com guitarras potentes e ritmo frenético.
Apesar de influências e referências, forjadas num estilo e personalidade própria facilmente reconhecível. Os teclados e samplers de Felipe Alonso aportam carácter e cumprem um papel ambiental, dão-lhe uma sonoridade épica e, nalgumas ocasiões, um sentido apocalíptico, servindo de “bússola” na temática de cada canção. Esta aportação está bem doseada e sem retirar protagonismo ao resto da banda.
Os seus temas estão carregados de simbolismo e metáforas, com letras muito trabalhadas e conteúdos profundos que abarcam desde os aspetos e valores mais negativos do ser humano como são o consumismo, a repressão e a manipulação dos poderosos, a inveja e os ciúmes face aos outros ou a infidelidade, a valores que induzem ao optimismo na sociedade como o sacrifício ou o amor. Sempre de um ponto de vista de crítica social forte e reivindicativa.
Como tema a destacar temos “58 hombres y 14 mujeres”, canção contundente que abre o álbum e que mistura uma voz rasgada e cheia de estribilhos, com uma melodia acompanhada de coros no resto do tema.
Luz y Fer”, fala da fragilidade do ser humano para cair na tentação de vícios. Esta é talvez a composição mais vibrante do álbum, na qual sobressai a voz de Chechu, dando mostras da sua versatilidade.

Com “Mi Capitán” fica patente a qualidade vocal do disco graças aos seus grandes contrastes. Fala de superação pessoal e afasta o abuso dos poderosos e dos repressores.
Para citar um último exemplo: “Esclavos de diversión” é uma crítica social ao consumismo, às adições e à passividade das pessoas que acreditam nas manipulações e mentiras que lhes são impostas pelo sistema. Aqui destacam-se ainda a bateria, de Alén que tem precisão de um relojoeiro e uma técnica que não fica nada atrás das grandes referências nacionais do lado de lá da fronteira.
Concluindo, “Héroes” pressupõe um antes e um depois, na trajectória dos Aphonnic, é um impulso na sua carreira musical com que aspiram chegar ao mais alto do panorama espanhol. É um grande disco para um grupo que tem sabido consagrar-se à base de muito esforço e trabalho, com a inestimável colaboração de um público que tem acreditado nas suas possibilidades e que anseia continuar a desfrutar da sua potência nos concertos ao vivo.
Uma vez lograda a confirmação, cabe-lhes continuarem a crescer pois “A Sorte está com os que nunca se rendem!
(“La suerte está con los que no se rinden”).

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