Noites Ritual - Dia 1 (II)

No Palco 1 seguiram-se os Diabo na Cruz, notava-se que havia grande expectativa, da maior parte do público, para ver esta banda que provavelmente é a que mais tem tocado ao vivo em Portugal e a banda correspondeu dando um concerto “sempre a abrir”. “Eito Fora/Macaco” abriu a festa que foi ininterrupta e quase sem pausas, depois veio “Tão Lindo”, “Os Loucos Estão Certos” e o inédito “Combate”, “Lenga Lenga” original dos Gaiteiros de Lisboa não faltou. A certa altura Jorge Cruz, vocalista e guitarrista da banda, mostrou alegria e orgulho por “estar a tocar perante tanta gente, na cidade onde viveu mais de dez anos” e o público soube corresponder acompanhando-o numa “coreografia de braços” e a cantar em coro o grande “hit” deste ano que já é o tema “Dona Ligeirinha”. Esta foi talvez a maior audiência num só concerto para quem a banda tocou, “em troca” o grupo deu um magnífico e enérgico concerto que rematou com o tema “Fecha a Loja” e deixou toda a gente a suspirar por mais. Este foi seguramente um concerto que vai ficar na memória dos Diabo na Cruz e também dos milhares que estiveram a assistir. Quase sem tempo para respirar, outro grande concerto aguardava o público, neste caso os Anaquim que ficaram com a responsabilidade de fechar a noite no Palco Ritual e fizeram-no da melhor maneira. Com a sua música que canta e conta as histórias que o “Anaquim” observa de cima dos telhados de uma cidade qualquer, não falta sentido crítico e uma capacidade de mostrar a realidade de uma forma quase alegre que só depois fica a “martelar” na nossa cabeça, tal é a quantidade de verdades apontadas.Ao alinhamento do concerto não faltaram as canções que mais falam dessas verdades, tais como “Lusíadas”, “Na Minha Rua”, “As Vidas dos Outros” e “Monstros”. Cantou-se o amor, com “O Meu Coração”, num dueto com Ana Bacalhau dos Deolinda que não esteve presente, mas que “as maravilhas da técnica” conseguem pôr-nos a ouvi-la na voz alterada electronicamente de José Rebola, vocalista da banda. Não faltou uma sentida e sincera homenagem ao recentemente desaparecido actor António Feio, quando cantaram a parte instrumental de “Conversa da Treta” antes de levarem a memória de muitos dos presentes para a sua infância, ao cantarem o tema de “Tom Sawyer”, herói para muitos que agora estão com trinta e alguns anos. Depois regressou o relato da dura realidade com “Monstros” e “Pobre Velho Louco”. Este grande concerto que também fazia sentido se fosse no palco principal, rematou com “Balalaikas”, canção que ironicamente acaba com uma só nota de uma balalaika.
Para fechar o dia em português das Noites Ritual vieram os grandes OqueStrada que às influências do fado e das marchas populares, juntam uma espécie de Rumba Catalã, uma pitada de Valsa “à la française” e ainda somam alguma arte do teatro de rua, obtendo assim o som original que os caracteriza e que os tem levado, mesmo cantando em português, a vários palcos por essa Europa fora.O seu concerto abriu com “2º Andamento”, logo seguido de “Se Esta Rua Fosse Minha”, “Vá Lá”, “Fado Skazito” e o magnifico “Oxalá”, não faltaram. O concerto rematou com “O Meu País” que faz um relato fiel do que temos por cá e “O que é que Foi”.
Depois seguiu-se um encore que começou com Pablo a dançar e a cantar “Acustic Beat”, com Miranda a observar junta à contra-bacia (instrumento tocado por Pablo). Miranda apresentou “ Sete Colinas” uma Marcha de Lisboa, dizendo:”pensámos duas vezes se havíamos de tocar esta marcha, mas se a tocamos na Alemanha, porque não aqui?”, após esta frase o respeito foi conquistado e todos gostaram de ouvir este tema.
O concerto acabou em apoteose com o “Se esta Rua Fosse Minha + 2º Andamento”, tal como tinha começado, mas numa versão mais acelerada.Desta forma, deixando um sorriso nos lábios em toda agente, acabou o primeiro dia de Noite Ritual.