quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Mão Morta em Ílhavo - Report

A primeira parte da Tour Horas de Matar teve o seu epílogo no passado sábado no Centro Cultural de Ílhavo. A adesão do público foi muito boa, deixando poucos lugares vazios nesta belíssima sala. A banda de Adolfo Luxúria Canibal, Miguel Pedro - novamente substituído pelo incansável, Ruca Lacerda, António Rafael, Sapo, Vasco Vaz e Joana Longobardi, cativou a audiência, logo à partida composta por muitos fãs da banda, desde os primeiros segundos.
Este concerto foi dedicado, nas palavras de Adolfo Luxúria Canibal, ao jornalista Eduardo Sardinha que tinha desaparecido (cedo demais) na véspera.



Sendo este já o segundo concerto da Tour a que tive o prazer de assistir, e estando o som da sala bastante perceptível, consegui ir aperceber-me melhor dos “dizeres” de Adolfo, entre os temas que iam maravilhando a plateia.
Além da, já referida, dedicatória, logo após Irmão Solidão que abriu o espectáculo, fomos tendo direito a tiradas, mais ou bastante menos irónicas, a encerrar ou a antecipar novos temas, que iam ilustrando a realidade que nos envolve. Aliás, como é sempre o seu apanágio.
 Logo depois de Histórias da Cidade que relata “tempos de luta bem valente, em que marchávamos contra a miséria”, declarou “Após estes temas que revelam a faceta mais escura das cidades, vamos mergulhar em Portugal” e arrancou Pássaros a Esvoaçar - que abre com um “Desempregados famélicos deambulam pela cidade” e acaba com “Ainda crentes das doces palavras que lhes serve a caridade” – canção que ele classificou como “viagem à desgraça mais desgraçada do País em que vivemos!”.
 Depois beber um pouco de água, com a frase “Não podendo ceder à vontade de varrer tudo à bala, emigramos”, surge Budapeste, numa versão que chega a ter um momento a roçar o funk, mas que é apenas Rock’n’Roll que nós gostamos! Logo seguido do Rock ainda mais forte de Barcelona.
Todos os temas iam sendo rematados com aplausos entusiasmados e já se viam alguns corajosos a abandonar as cadeiras para dançar em frente ao palco, situação em que, de vez em quando, foram acompanhados por Adolfo.
 A esta sequência apelidada de “breve momento de entretenimento Europeu” foi logo seguida, bem a propósito, pelo Vamos Fugir que fala da loucura como solução de fuga.
Falando de outra forma de fuga, seguiu-se Hipótese de Suicídio, outro tema de assunto forte que compõe este novo disco.
As imagens por cima do palco, que de início eram compostas pelos “pais do comunismo”, vão-se transformando nas caras dos elementos da banda, o que deu para a citação humorada de “Agora que já não estou parecido com o Mao Tsé Tung, vamos até Lisboa” e para terminar e "aliviar os rabos doridos” das cadeiras veio Anarquista Duval.
 O público de Ílhavo mostrou logo o seu agrado e exigiu profusamente o encore, apelo que foi correspondido, sendo todos brindados com a sequência de Velocidade Escaldante, Véus Caídos e, “Antes que fossem todos presos”, Horas de Matar com o seu, quase Pop, LaLa Lalala Lalala La LaLa.
É claro que a massa de admiradores ainda não estava satisfeita e logo o mostrou. Acabaram por ser brindados com um novo regresso, este bem mais potenciador de memórias, com Charles Manson, 1º de Novembro, com um coro “a capela” que contou com Adolfo como maestro, e rematou em apoteose com o magnífico E Se Depois, já com o Rafael a substituir o Ruca na bateria, podendo este assistir e apreciar a festa que se “montou” na frente de palco, agora já com muitos destemidos corpos dançantes, acompanhados nos intervalos da letra por um Adolfo que deixou transparecer a sua alegria por ali estar. Foi bonito ver este homem, a curtir como “um de nós” no meio daqueles que o idolatram.

Não podia ter havido melhor final para esta parte da Tour que, como prometido, irá continuar em 2015, se tudo correr bem já com o Miguel Pedro recuperado e de volta.
No final ainda vieram todos distribuir simpatia e autógrafos por todos os admiradores que ali estavam e os acompanham - mérito dos Mão Morta - há já muitos anos.

O Alinhamento Completo foi:
Irmão da Solidão 
Quero Morder-te as Mãos 
Oub’lá 
Berlim 
Histórias da Cidade 
Pássaros a Esvoaçar 
Budapeste 
Barcelona 
Vamos Fugir 
Hipótese de Suicídio 
Lisboa 
Anarquista Duval 
Encore 1:
Velocidade Escaldante 
Véus Caídos 
Horas de Matar 
Encore 2:
Charles Manson 
1º de Novembro 
E Se Depois 

Na página de facebook deste blog encontram mais fotos desta grande noite.

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