27 de Abril foi o dia escolhido pelos Diabo na Cruz para
apresentarem “Roque Popular” à cidade do Porto. O Hard-Club até estava com a
sala bem composta, o que não é nada mau, tendo em conta a crise financeira que
afecta o nosso País e que muitos teimam em fingir que não a vêm.
A banda entrou em palco com a sua nova formação e de
imediato mostraram as suas intenções, não iam deixar ninguém ficar parado.
Assim, abriram imediatamente as hostilidades, tal como o
disco, com o explosivo “Bomba-Canção”, de seguida, quase sem dar tempo para
respirar veio “Tão Lindo” e “Os Loucos Estão Certos” e o primeiro tema do novo
disco a ter air play “Sete Preces”.
Desde o início do concerto que se sentia a diferença no som,
que faz a (bem) vinda de Sérgio Pires e do Márcio Silva, é que além de tocarem guitarra
eléctrica e cavaquinho, o primeiro e braguesa, o segundo, dão ainda um toque
extra, nalguns temas, com percussões, isso notou-se bem em “Combate” o tema do
EP da segunda edição de “Virou!” que ganhou novo fôlego com este acréscimo de
batida em palco, isso já era notório desde que Manuel Pinheiro se juntou à
banda, mas agora os temas ficam ainda mais fortes em palco.
Depois veio “Luzia” que é talvez um dos temas mais calmos do
novo disco, seguido de “Bico ao Prego”, “Casamento” e “Dona Ligeirinha” que
claro, deixou o público ao rubro. Mas este público, particularmente o que se
situava nas primeiras filas era conhecedor, pois já cantavam alguns dos temas
novos como se de clássicos se tratassem.
Uma pequena confusão no alinhamento pôs “Fronteira” como
tema seguinte, acabou por ser uma boa surpresa e ficámos a conhecer um tema
calmo que fala de um assunto sério, mais um, neste caso a emigração. Assuntos
sérios disfarçados pela música popular é coisa que não falta neste disco, é
preciso estar atento. Outra qualidade que se aperfeiçoou desde o primeiro
disco, são a exploração das polifonias, neste tema e no que se seguiu “Siga a
Rusga” se nota muito bem. Mesmo a chocar os puristas, estes rapazes sabem inspirar-se
no tradicional e dar-lhe um verdadeiro toque de modernidade.
“Bom Tempo”, “Estrela
da Serra” o tema novo que fala das boas e más memórias que o grupo tem das
vivências naquela região, “Corridinho” e “Fecha a Loja”, acabaram o concerto.
O exigido encore veio ao som de “Baile na Eira”, mais uma
espécie de murro no estômago em formato de canção, basta que a malta esteja
atenta à letra. Quem escreve algo como: “vai Nortada vai/ Varre este País/
troca os ventos de brandura/ por algo que abane com isto tudo”, nunca devia ser
comparado a Quim Barreiros, nem por auto-irónica brincadeira. Mesmo que tenham
canções que começam como “Chegaram os Santos” que roça um pouco esse
imaginário, mas que só alguém muito distraído pode dizer que é a mesma coisa.
A acabar um segundo encore veio “Memorial dos Impotentes” ,
canção que também encerra o disco, e que disco!
Resta-me dizer o que tive a oportunidade de dizer ao Jorge
Cruz e aos outros elementos da banda, parabéns pelo concerto e pelo disco, pois
nem sempre é fácil passar de um primeiro disco com o sucesso que teve “Virou!”
para o segundo, mas os Diabo na Cruz passaram esse teste com distinção.
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