Seguindo à risca o apelo da canção, o povo todo “desligou o cabo” e saiu à rua para degustar o bacalhau do Festival e também para ouvir Deolinda.
Eu que ainda não tinha tido oportunidade de os ver numa das vezes em que vieram esgotar a lotação do Teatro Aveirense e do Centro Cultural de Ílhavo, decidi ir ontem até aos Jardins Oudinot, bonito espaço, diga-se de passagem, para finalmente aferir da qualidade deste grupo ao vivo.
Ainda bem que o fiz pois, apesar de no local onde fiquei, ter tido que “gramar” com uma série de gente mais interessada em conversar e dar nas vistas, do que em ouvir propriamente a música (problema recorrente dos concertos gratuitos e para “as massas”), ainda consegui acompanhar a maioria das belas canções que este grupo apresenta.
Em primeiro lugar destaca-se a linda voz de Ana Bacalhau, depois a beleza das letras e claro, a qualidade dos músicos também influencia fortemente o som de Deolinda.
Na segunda canção já se ouvia “Um contra o outro”, tema de apresentação do segundo álbum do grupo “Dois selos e um carimbo”, que arrancou a primeira ovação da noite. Seguiram-se uns temas mais calmos e só quando se chegou a “Mal por mal” que abre “Canção ao Lado”, é que se ouviu o público a cantar em coro. Do primeiro disco também se ouviu “Eu tenho um Melro” e o inevitável “Fado Toninho” que os lançou para a ribalta e que foi irrepreensivelmente cantado em conjunto com o público.Chegou assim o momento, mais introspectivo em que se cantaram três fados à moda antiga, pois como explicou a vocalista, no fado tradicional a cantora posiciona-se atrás dos músicos, e de lá se ouviu “um peito que canta o fado, tem sempre dois corações”. Entre dois ou mais amores, palpitam os corações de Deolinda, umas vezes tocando fado “puro e duro”, outras cantando coisas mais alegres como “Quando janto em restaurantes” que foi logo seguido da “Canção ao Lado” e da canção que reflecte um certo “portugalzinho”, preocupado em ter o maior e não o melhor, como referiu a Ana na introdução de “A problemática colocação de um mastro”.
A festa seguiu e ouviu-se “Fon-fon-fon” que começou só com o instrumental e acompanhado por palmas, e antes de rematar o concerto ainda se ouviu o trocadilho inevitável e bem disposto que partiu de Ana Bacalhau: “Em tantos anos de festival do bacalhau, foi a primeira vez que tiveram aqui um a cantar para vocês”. A seguir chegou o tema que quase é hino, “Movimento Perpétuo Associativo”, com todos a cantar em coro: “Agora não que joga o Benfica!”.
Para encore veio “Clandestino” seguido, para encerrar em beleza, do tema mais “rock and roll” do grupo: “Corpo a Corpo” que mesmo sendo tocado pela segunda vez, arrancou um aplauso unânime e merecido.
Bem falado, bem cantado, bem tocado e bem acompanhado pelo público, assim se resume um concerto de Deolinda que vou querer rever num local mais intimista e composto apenas por pessoas que estejam lá para os ouvir.
1 comentário:
Concordo. Também gostava de os ver nm ambiente mais intimista.
:)
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