Conforme comentei, por altura das Noites Ritual, no facebook do blog, consegui um "Agente Infiltrado" no concerto de Jack White que decorreu no Coliseu de Lisboa, ele foi o meu amigo Afonso Alberty que teve a amabilidade de escrever o texto que vão ler a seguir, espero que gostem:
Jack White, avisa-se já – para o caso de alguém não saber -, é um caso à parte: se por um lado é, provavelmente, o mais prolífico músico da actualidade, ele é, também, a prova viva de que, enquanto houver pessoas como ele como porta- estandarte, o Rock, ao contrário do que muitos escrevem – e acreditam – nunca morrerá!
Jack White prova, de uma forma muito simples, a antítese do que muitos pseudo-hipsters (e algo labregos, acrescente-se) defendem: que é preciso grandes cenários e cenografias, grande show-off, conteúdos multimé(r)dias, fotos, textos, vídeos – no fundo, uma certa omnipresença por todos os canais disponíveis nos dias que correm. Não, para Jack White (e muitos de nós, valha-nos isso), o que conta é a música. Simples! Muitas músicas boas. Tudo o resto são manobras de distracção. Back to basics: uma enorme banda (às vezes duas, mas já lá vamos) com executantes de topo, luzes minimais (dois holofotes com o logo da sua Third Man Records) e Rock que faz suar.
Para quem conhece a “personagem”, sabe que é meticuloso, workaholic, ultra preocupado com os detalhes (basta ver a indumentária dos roadies – algo que vem na senda do que já se tinha visto aquando do concerto dos White Stripes no Alive de 2007 – com os seus chapéus e roupa a preceito), mas quando a banda começa a troar, nada, mas mesmo nada, prevalece senão a música. E é exactamente assim que deve ser!
Para este seu debute a solo, White não fez por menos: arranjou não uma, mas duas bandas para o acompanhar. Uma feminina e uma masculina. Segundo ele, nunca se sabe que banda toca em cada concerto: se uma, se a outra, se as duas. Esta era uma das grandes dúvidas que me deixavam (ainda mais) expectante sobre como seria o concerto.
Ainda as luzes estavam acesas quando a primeira (boa) surpresa aconteceu: um dos membros do staff aproximou-se do microfone e fez as delícias daqueles que, como eu, são tão avessos à moda pirosa de passar os concertos a filmar e a fotografar e informa todos que o Jack pedia para que vissem o concerto em três dimensões em vez de duas, não usando os seus telemóveis. Tudo isto, porque se faz acompanhar de uma fotógrafa profissional que tira várias fotografias durante o concerto, de todos os ângulos e qualidade possível e que oferece essas fotografias a todos, através de download gratuito, a partir do seu site oficial. Obrigado Jack, pensaram os, vá, 10% como eu, para quem os telefones são uma utilidade e não um modo de vida.
Quando as luzes se apagaram e a banda masculina (The Buzzards) se agarrou aos instrumentos, automaticamente fiquei com a certeza que iria ver um dos melhores concertos dos últimos anos. Com o baterista à cabeça – um monstro que quase compete com White em termos de atenção dispensada por parte de quem está a ver -, distribuíram Rock com toda a força que tinham e demonstraram por que razão o Sr. Rock’n’Roll os contratou para o acompanhar. Absolutamente indescritível…
E, qual cavaleiro do apocalipse a anunciar aos sete ventos ao que vem, quando Jack White entra em palco, o êxtase invade o Coliseu. É que um som de guitarra daqueles só pode ser “sacado” por quem ouviu, procurou e encontrou o Santo Graal rockeiro. Aliás, julgo ser unânime, que o “som Jack White” é facilmente reconhecível por quem tem alguma atenção à música que se fez nas últimas décadas. É cru, mas é quente, é “metálico”, mas tem travo vintage. Jack White inventou o seu som, e nós agradecemos-lhe entusiasticamente! E enchemos o Coliseu para lhe mostrar isso mesmo e para enchermos a alma com o seu álbum de estreia a solo - Blunderbuss -, mas também com recortes dos White Stripes, Dead Weather e Raconteurs.
O concerto foi poderosíssimo e completo. Mais, foi tremendo no seu todo, o que impossibilita uma descrição canção a canção. Fica a setlist em baixo, para que quem não foi se roa de inveja (não é picardia, é mesmo para aguçar o apetite para irem da próxima, para que percebam que este patrão é mesmo O maior!).
PS - A única (pequena) mágoa que se traz é que, qual parolagem que quer mostrar que sabe, sempre que havia uma paragem (principalmente na saída que precedeu o encore) a maioria do público entoava o hino do Século XXI, o riff da Seven Nation Army - uma música que por si só já deve dar para o Jack ter uma reforma dourada para ele e para a sua prole toda. Acaba por ser um pouco ingrato para ele, mas também para os outros de nós que, apesar de gostarem da música, gostariam que houvesse menos banalização e massificação de um riff mítico, que ganhou em notoriedade mas perdeu em magia e encanto. Não se pode ter tudo. Valha-nos haver (pelo menos) um Jack nos dias que correm!
Aqui fica o Alinhamento completo:
Dead Leaves and the Dirty Ground
(The White Stripes song)
Sixteen Saltines
Missing Pieces
Hotel Yorba
(The White Stripes song)
Love Interruption
Top Yourself
(The Raconteurs song)
I Cut Like A Buffalo
(The Dead Weather song)
Weep Themselves to Sleep
Blunderbuss
I Guess I Should Go to Sleep
Cannon / Ball and Biscuit
(The White Stripes song)
Trash Tongue Talker
We're Going to Be Friends
(The White Stripes song)
Two Against One
(Danger Mouse cover)
The Same Boy You've Always Known
(The White Stripes song)
The Hardest Button to Button
(The White Stripes song)
Encore:
Steady, As She Goes
(The Raconteurs song)
Freedom At 21
Hypocritical Kiss
Nitro
(Hank Williams cover)
Blue Blood Blues
(The Dead Weather song)
Seven Nation Army
(The White Stripes song)
Texto de Afonso Alberty
Fotos do site oficial de Jack White - http://jackwhiteiii.com/
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