O meu último dia de Bons Sons começou, no Palco Tarde ao Sol, com os Vigüela um grupo de música tradicional da zona de Toledo (Castilla), e com eles vieram Seguidilhas, Jotas e Malaguenhas que é uma espécie de fandango. Tocadas com pandeiros, alguidares, chaves, almofarizes, colheres, cântaros, pás de tirar cinzas da lareira, garrafas, chocalhos, frigideiras, castanholas e claro, guitarras e bandolins. Tudo embrulhado em belíssimas harmonias vocais, com letras que falavam de pastoreio, canções das mulheres para os seus pastores e vice-versa, canções de vinho e de festa.
Não faltou a dança e a alegria, mesmo com o sol bastante forte, a certa altura o largo da igreja, transformou-se numa enorme “pista” de dança.
Foi a cantar pela segunda vez a canção do vinho e das mulheres borrachas que os Vigüela se despediram, deixando todos com um sorriso nos lábios.
Logo de seguida “tive” de entrar pela segunda vez na igreja, transformado em Palco da Música Portuguesa a Gostar Dela Própria, desta vez para ver os Birds Are Indie, em boa hora o fiz, pois o concerto da banda de Coimbra, mesmo que curto foi excelente.
Adorei as explicações, mais ou menos fáceis de entender, que o Jerónimo ia dando sobre o nascimento das suas canções, sempre temperadas com grandes doses de bom humor. A igreja encheu completamente para os ouvir e ninguém parecia querer arredar pé. No fim ainda tivemos direito a um encore completamente acústico.
Depois de este concerto terminado, fui até ao Palco Giacometti para ver Aldina Duarte, não assisti ao concerto completo, mas deu para apreciar a beleza da sua voz e o virtuosismo dos músicos que a acompanham.
A plateia estava cheia de admiradores e cheguei a ver um par que fazia coreografias de dança enquanto se ouvia o fado.
Depois de passear pela feira de artesanato e de ir comprar o CD Oficial do Festival para amenizar as saudades que sei que vou sentir durante os próximos dois anos, fui para o Palco Lopes Graça, a fim de finalmente ver os Xícara num grande palco.
Como é óbvio, eles não me “deixaram ficar mal”, agora com canções novas que irão fazer parte de um futuro álbum, e que eu ainda não tinha ouvido, os seus concertos ficaram ainda mais completos. A mistura dos instrumentos da música tradicional, com outros mais modernos, fazendo uma fusão quase jazz e sempre com a voz lindíssima da Carla Carvalho, colocam a música dos Xícara num patamar bastante elevado, oxalá eles continuem sempre a evoluir assim.
No Palco Eira estavam de seguida os Pé na Terra, uma banda que eu praticamente “vi nascer” e que de ano para ano está cada vez melhor.
Com um tempo para tocarem um pouco mais reduzido que o normal, os portuenses optaram por escolher os seus temas mais “acelerados”.
Ora isso agradou tanto ao público que eu vi tanto pó levantado no recinto, como o que vi na noite de Linda Martini, mas desta vez o “rock” foi tocado com gaitas, guitarras folk, concertina, e baixo. Notou-se que os muitos concertos que o grupo tem dado, não só em Portugal, como em vários pontos do estrangeiro, os deixam cada vez mais à vontade em palco, mas claro que ter boas canções também ajuda e muito.
Foi uma festa do princípio ao fim, todas as canções foram muito bem acolhidas, mas o concerto atingiu o seu auge com o tema Sentir, tema que mais parece um hino, tal é a forma como foi cantado pelo público, foi um momento impressionante.
A terminar, finalmente o baterista veio para a frente de palco, para tocar o tema Pur La Terra, um tema tradicional, cheio de percussão e gaitadas.
Os Pé na Terra provaram que sabem fazer uma festa a sério!
Para terminar em grande esta edição do Bons Sons veio Vitorino que acompanhado de excelentes músicos soube agarrar o público do princípio ao fim.
Falou de "Robins dos Bosques" ao contrário, “aqueles que roubam aos pobres, para dar aos ricos!”, cantou Zeca, cantou os poemas de António Lobo Antunes e chega a adaptar letras, como no caso do Fado da Liberdade Livre, em que disse “Passos Coelho vai-te embora, deixa a Liberdade Livre” , sendo logo aplaudido ruidosamente.
Durante todo o concerto foi fazendo alertas em relação à nossa triste realidade e parecia que cada canção ganhava cada vez mais actualidade, não faltou sentimento a Traz Outro Amigo Também, ou a A Morte Saiu à Rua.
Foram momentos arrepiantes em que todas as canções se tornaram suas e a sua força e a sua voz encheram a praça central da aldeia de Cem Soldos.
Foi um excelente final de festival que me vai deixar embalado até 2014, mais uma vez o Bons Sons foi uma aposta ganha que eu espero que se repita por muitas e boas edições.
Poderão encontrar muito mais fotos desta edição do Festival Bons Sons e também da de 2010 na página de facebook deste blog, basta que sigam este link - https://www.facebook.com/acertezadamusica
2 comentários:
boa tarde!! eu sou a personagem que aparece numa das fotos que publicou! por acaso não tem mais fotos do concerto dos pé na terra?
Olá Sónia
Tenho mais algumas fotos em dois álbuns que estão na página do face.
Se as quiseres com mais definição, manda-me mail para o endereço do blog que está aqui à direita e ediz-me quais são que eu envio-te.
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