Viana do Castelo, cidade à beira mar plantada, conhecida por ser uma cidade pacata em que muito pouco se faz a nível cultural. O mais fácil é dizer que não acontece nada, no entanto, o que aconteceu no fim-de-semana de 16 e 17 de Setembro foi um festival ecléctico, que encheu de música três sítios fantásticos do centro histórico da cidade.
A abrir o certame esteve o guitarrista Filho da Mãe, alter-ego de Rui Carvalho, que mergulhou brilhantemente na praça da Erva, proporcionando um início de noite inebriante, cheio de ritmo.
A surpresa veio logo a seguir com os Lisboa String Trio, numa fusão entre o fado e o jazz, o trio proporcionou um fantástico momento na Porta Mexia Galvão.
O grande nome do primeiro dia era a Carminho, que preencheu de público a praça da Republica.
Se até aqui existia algum desfasamento de horários, as duas propostas seguintes tiveram o início ao mesmo tempo.
Para alguns a opção foi o folk galego da Úxia, para os amantes do blues a opção seria clara e foram até à praça da Erva e viram os bracarenses Budda Power Blues. Ambas as propostas com uma agradável adesão de público.
A pacatez da Úxia é contagiante, transformando a zona num doce recanto para apreciar uma das melhores cantoras do outro lado do Minho.
Com uma sonoridade mais ritmada, o Budda levou a malta a abanar o capacete na praça da Erva, num clima de festa instalada.
Quase a rondar a meia-noite, Capicua sobe ao palco da Praça da República para um fantástico momento com o melhor que temos em relação ao hiphop nacional.
A minha noite terminou a espreitar os Salto no Palco da Porta Mexia Galvão. Ao ritmo da Pop com toques de rock, abandonei o festival.
No segundo dia, o início começou morno com Peixe na Praça da Erva.
O palco acolheu o primeiro Ornatos da noite, numa dose de guitarra simpática.
Pouco depois, começou a jovem promessa do fado, Beatriz, no palco da porta Mexia Galvão.
Grande concerto do tondelense Samuel Úria, considerado um dos melhores compositores e letristas da atualidade e isso ficou muito claro em palco. Um concerto cheio de bom humor e de ritmo, num momento fantástico entre público e músicos.
Na continuação da noite estavam os Virgem Suta, os alentejanos que menosprezaram as bolas de berlim do Zé Natário, preferindo as do Algarve, satirizaram um pouco com tudo, de uma forma, por vezes, pouco simpática.
Nuno Prata, ex baixista dos Ornatos, que esteve ao mesmo tempo na Praça da Erva, deu o melhor de si, sozinho em palco, tocando temas transversais da sua carreira a solo.
A noite continuou com mais um brilhante concerto a cargo da Marta Ren, que veio acompanhada pelos The Groovelvets. Marta Ren, que vem traçando uma trajectória sublime no funk nacional, deu um dos melhores concertos desta edição do Bate Forte.
Na continuação e minha última escolha desta edição foram os Nothing Places, banda espanhola do dream-pop, indie electro analógica, deram um concerto fresquinho, dentro de uma sonoridade de fusão entre o pop e a electrónica.
Foram dois dias com quase duas dezenas de propostas, num festival urbano, bem organizado, agradando a vários públicos. Assumidamente eclético, conseguiu quebrar o gelo, numa cidade onde faltam eventos culturais mais agregadores de jovens e seniores em movimento num centro histórico belíssimo.
Texto e Fotos de Miguel Estima
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