quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Crónicas - Desistir é Para os Fracos

Desde que A Certeza da Música foi sendo conhecida, tenho sido convidado para colaborar com algumas publicações, nomeadamente a Insomnia Magazine e a revista Txi (revista cultural da região de Aveiro, com distribuição gratuita).
Alguns desses artigos são intemporais, como tal, decidi começar a publicação destes, também aqui.
O primeiro que partilho, saiu no nº1 da Revista Txi, em breve publicarei outros, espero que gostem.




Desistir é para os fracos

Desde há muito que admiro todos aqueles que fazem coisas, seja nas artes ou na sociedade em geral. Não nos resignarmos à rotina do casa - trabalho, trabalho - casa, é o que nos faz ser algo mais que uma peça de uma engrenagem que nos rodeia e quase sufoca.
A multidão de inquietos que se sentem obrigados a trazer cá para fora aquilo que os mexe por dentro, é fundamental para termos uma sociedade melhor. Quando as coisas são feitas com gosto, genuinidade e integridade, mais tarde ou mais cedo acontecem coisas bonitas.
Há largos anos que vejo, leio e ou ouço inquietos e qualquer um deles se deve sentir orgulhoso por ter chegado e sensibilizado, pelo menos mais uma pessoa que, provavelmente, só os conhece pelo trabalho que fazem. No meu ponto de vista, é a melhor maneira de encarar as coisas.
Quem faz o que faz com o objectivo de lucrar, mais tarde ou mais cedo vai ter azar, porque o que fica na memória é o que é feito por bem. Claro que é preciso sobreviver, no mundo em que vivemos, é preciso ter dinheiro para continuar, infelizmente, ainda não temos quantidade suficiente de “formiguinhas” que consigam sustentar as “cigarras” que nos alegram a alma, mas em vez de se desistir, talvez seja melhor reformular e fazer para menos e por menos.
Recentemente assisti a um debate em que se falava na falta de condições para fazer coisas e quase se sugeria um parar com tudo. Não me parece ser esse o caminho, pois como outra pessoa disse: ”há 40 anos que faço Teatro e há 40 anos que oiço falar de crise”, e realmente, se olharmos bem para a vida de cada um, se tivéssemos condições ideias para tudo, se calhar não nos apetecia fazer nada.
Há que encarar a vida como ela é, com altos, baixos e alguns (poucos) momentos de acalmia, decidir o que realmente queremos fazer. Decidir se vamos passar o tempo a queixar-nos e não fazer nada por “falta de condições” ou se devemos fazer “no matter what”.
Adaptando a frase de Churchill: “Nunca tantos fizeram tanto, com tão pouco”, essa é a nossa condição não só de portugueses, mas de cidadãos de um mundo que têm como única obrigação, deixa-lo melhor do que o recebemos. No fundo todos somos amadores, mas no sentido de fazer as coisas com Amor, quando correr mal, é seguir aquele samba que diz: “Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima” e continuar a fazer o que nos dá na gana. Têm é de vir do coração.
Desistir é que nunca, pois isso é para os fracos.

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