quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Pedro Puppe - Setembro


Ao ler o texto de apresentação do disco e fiquei logo conquistado, sem ter ouvido uma nota.
Depois fui ouvi-lo e desde aí, Setembro, novo disco do Pedro Puppe, editado pela Optimus Discos, tem sido a minha companhia na entrada do Outono e é uma pequena maravilha!
Já perdi a conta às vezes que o ouvi e cada vez gosto mais.
Podem "sacá-lo" gratuitamente aqui.
Não posso deixar de publicar o texto que está no site, já que é, provavelmente, uma das melhores apresentações de um disco, que tenho lido. Espero que gostem tanto como eu gostei.


“Soube que o disco sairia em Setembro. Já tinha pensado assinar como 13 de Setembro em homenagem ao meu avô que, quando desenhava, assinava 13 de Maio, sua data de nascimento.
O disco é um disco triste e melancólico, fim de Verão e cor púrpura. Resolvi chamá-lo Setembro.
Um disco a solo é uma aventura de introspecção que me meteu medo durante muito tempo. Aliada à minha natural inépcia para tocar instrumentos, essa pesquisa parecia-me um sítio onde eu não queria ir, mas só quando o Henrique Amaro (Director Artístico da Optimus Discos) mo propôs, é que a empresa se pôs em marcha.
Comprei um pedal de efeitos para a minha guitarra que vinha com sistema operativo e placa de som, que me permitia finalmente gravar as ideias sem ser no telefone. Comecei então a deslocar o material que me ocupava a memória. De todas as opções possíveis acabei por escolher, na maior parte das vezes, a primeira gravada no telefone, por mais tosca que fosse, era a real. Acabei com uma forma muito simples em que muitos dos temas acabam por ter só uma guitarra tocada numa só corda durante a maior parte do tempo, enfatizando as letras e a mensagem.
O disco começa com "Chama e Ouve" sobre escolhas de vida e falhas de comunicação. Gravei-a com a minha primeira guitarra acústica e com uma melódica do chinês. Convidei a brasileira Tiê para cantar a segunda voz, mas ela nunca me respondeu, pelo que tive de cantá-la eu.
"No Meu Caminho" fala do efeito do nascimento de uma criança numa pessoa tempestuosa. O que era uma ideia escrita para alguém que não eu, a vida transformou numa das mais autobiográficas do disco... 
"Sim ou Não" sobre a fragilidade de uma relação foi inspirada no Tom Waits e é a preferida da minha irmã, que é uma romântica.
"Luzia" era o nome da mãe e a minha canção preferida do disco.
"Falamos ao Longe" sobre o fim de Verão e a melancolia da separação. E outras coisas também.
É difícil definir. "Cidade Escura" lado mais b da existência de um espírito sensível.
"O Teu Namorado", numa festa um amigo de um amigo que vive em Madrid elogia aquela dos MIUDA que vai para a cama com toda a gente, pensava que lhe faltava (ao projecto) uma dimensão lésbica. Concordei e escrevi para ser cantada por uma mulher, mas depois gostei demasiado dela.
"Nada a Dizer" era a que cantava sem me pedirem. Sempre senti que era a música da minha geração. Gravada a tocar e a cantar ao mesmo tempo.
 "Inadmissivelmente Triste" quando ouvi na Euronews a notícia gravei com o meu microfone. Depois nessa noite acrescentei tudo o resto: voz, guitarra e sintetizador.
Em estúdio, decidimos que não a poderíamos reproduzir melhor.”

A gravação de “Setembro” foi feita em apenas 10 dias, sob o olhar atento de Artur Dias que fez com que Pedro Puppe se mantivesse fiel “ao meu conceito original, não me permitindo grandes desvios em relação à pré-produção e mais importante (?), fazendo com que tudo soasse bem. O Artur foi muito importante no resultado final.
Foi um disco feito "à mão" e para a capa segui o mesmo conceito, tentando pintá-la ao mesmo tempo que o ouvia, tentando descrever as suas cores. Filmei o processo e devo ser dos primeiros a ter um vídeo do disco inteiro. Previsível como o crepitar do fogo ou as nossas vidas.”

Aproveito e deixo o video do primeiro single - No meu Caminho

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