Escreviam os We Are Match no facebook: “Não procurem mais, encontramos o paraíso”! Quase todos os músicos que vem ao festival Sinsal o afirmam.
O evento acontece todos os anos, no penúltimo fim-de-semana de Julho, na paradisíaca ilha de San Simón, no centro da ria de Vigo. Com um entorno natural único, esta ilha desperta para novas sensações a cada momento passado nela.
Existem sempre novidades a cada edição do festival. Em 2016 foram três dias de muito calor, mais variedade na zona de restauração e uma moeda oficial do festival.
Numa edição esgotada, antes do arranque do festival, um feito que só este ano é que foi alcançado.
Este ano, as minhas visitas à ilha foram na sexta e no Domingo, com um intervalo para repousar no sábado.
A abrir esta edição do festival estiveram as Pega Monstro. O duo punk das irmãs Reis coloriu o passeio dos Bruxos, local habitual para a abertura do festival.
Mais arejado, o concerto de Marc Jonson decorreu na ilha mais pequena de San Antón, que fica ligada por ponte para a ilha de San Simón. Com um psicadelismo característico dos anos setenta, o americano revisitou “years”, e arrecadou o entusiasmo vibrante do público.
De regresso a San Simon, vindo de Las Palmas para abrir o palco da Estrela Galicia, veio El Guincho. Produtor e músico, uma referência dos últimos anos do melhor electro-pop que se faz no país vizinho, ritmo de festa neste final de tarde.
Voltamos ao passeio dos Bruxos para vermos o guitarrista Sir Richard Bishop, em formato trio. Rangda apresentaram-se num rock psicadélico e visceral, numa aclamada metamorfose entre o público mais rockeiro, na mescla com a natureza abundante. Antes da partida da ilha, foi tempo para ver o quinteto We Are Match. Os rapazes franceses da pop brindaram a assistência com uma pop levezinha, para descongestionar de ritmos mais frenéticos ouvidos anteriormente. Neste dia, também aconteceram performances dos dj’s Juanma Lodo e Galis115, no espaço mirador.
Se a sexta seria um dia calmo, o domingo foi dia de jornada completa. Com dez concertos, alguns deles em simultâneo, o que obrigou a fazer opções.
Chegado à ilha, tempo de retemperar as energias, com uma bela paelha vegetariana, antes mesmo de começar a ver os concertos. Primeira opção a ser tomada com dois concertos ao mesmo tempo, deixei o Miguel Prado de fora e desci as escadas perto do local do almoço para ver o Joan Miquel Oliver.
Um começo morno, numa tarde tórrida com mais de trinta graus na ilha à sombra e sem vento. À procura constante de uma sombra, Ryley Walker deu um dos melhores concertos desta edição do festival. De calções rasgados e uma t.shirt hippie, foi mote para brindar uma hora de um folk-rock muito bem esgalhadinho, passando por temas do primeiro disco Primrose Green e no que ainda irá ver a luz do dia, Golden Sings That Have Been Sung.
Intervalo para ver o nosso B Fachada no Mirador, com o seu electro pimba, o lisboeta vai dizendo das suas e os bons ouvintes galegos batem palmas incansavelmente no final de cada tema.
Regresso para a ilha de San Antón para ver a Argentina Juana Molina. Depois de a ter visto da decrepita sala Aveirense, aqui tinha outro espaço para as folias. O público foi convidado a dançar, isto porque o ritmo é de festa. Foi uma actuação fantástica de um dos nomes mais importantes do indie-folk argentino.
Apoteóticos e grande surpresa do festival, foram os Bixiga70. O mega grupo de brasileiros arrebentaram com qualquer moleza que ainda estivesse nos corpos da assistência. Fusão entre o jazz e afro beat, foi uma manifestação de amor pela música, que contagia qualquer um que rondasse o espaço.
A coisa ficou mais séria com o duo francês Domenique Dumont. Num ritmo de Dub com techno, voz, sintetizadores e guitarra. A paragem foi rápida,pois já no mesmo horário o duo 2M estava no Mirador. O Duo de Compostela brilhou com a performance e instalação do baterista LAR Legido. Com o atraso do início deste concerto e uma vontade de retemperar energias com um sumo multivitamínico, o concerto seguinte ficou pela metade.
O mundo da Ala.Ni é um mundo de paz e sossego, com voz, por vezes guitarra e acompanhada por harpa, o duo deixa completamente rendidos os festivaleiros. Sedentos de mais, insistiam freneticamente para o tão desejado encore.
Para quem já é habitual no Sinsal sabe que o festival termina de forma vibrante e frenética, duas baterias e um órgão em Islam Chipsy & EEK. Um cair da noite, sempre com o mesmo ritmo, que pouco ou nada modificava ao longo da actuação, com o calor ainda abafado, a despedida da ilha mais fantástica, não se fazia tardar.
Tendo obtido o prémio de “Mellor Festival de Pequeno Formato” em Espanha, o Sinsal estabeleceu uma rota fixa para o verdadeiro melômano. Quem assiste vai encontrar na sua maioria artistas desconhecidos, fora das rotas mainstream. O cartaz é segredo até ao momento da chegada na ilha. Apesar de estar esgotado, não se sente claustrofobia. A ilha chega para todos, assim como a fantástica gastronomia.
Um festival que continua nas minhas preferências, como local a voltar no ano seguinte!
Reportagem fotográfica completa na página de facebook deste blog.
Texto e Fotos de Miguel Estima.
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