Hoje quando vejo cartazes e "outdoors" de Semanas Académicas, colados por empresas de publicidade a preços "talvez " elevados, não posso deixar de me lembrar de um tempo onde as coisas eram diferentes e onde o, tão fora de moda, amor à camisola ainda existia. Preparar uma semana académica implicava gastar muitas horas em reuniões, que começaram no início de Março, a programar tudo e a definir quem e como se podia colaborar na organização.
É claro que nessa época o contributo dos, já referidos noutros artigos, Marinheiros foi imediato. Eram precisas equipas para colar cartazes? a malta aparecia, montar uma tenda de Circo? há pessoal, e claro tudo muito amador mas como muito gosto. Isto para chegar a menos de uma semana do evento e ainda não termos a certeza da disponibilidade de ter Pavilhão no Recinto das Feiras, já por isso é que tinhamos recorrido à tenda, mas esta não dava para todos os eventos.
As reuniões com o então vereador da cultura da Câmara Municipal de Aveiro, eram muito duras e a vontade de disponibilizar os pavilhões em tempo útil era pouca ou nenhuma, já nessa altura a inabilidade da cidade, na pessoa dos autarcas, lidar com os estudantes era grande. É que dá sempre jeito ter estudantes universitários a pagar quartos sem factura, a contribuir para o desenvolvimento económico da cidade no consumo feito em restaurantes ou nas lojas de roupa ou nos jornais,etc., mas quando se trata de organizar uma festa anual, que dura uma semana, em que se vai fazer um pouco de barulho fora de horas, já se trata de um bando de arruaceiros, que querem incomodar o povo da cidade. Actualmente a solução é mandar os estudantes da cidade para perto do "Elefante Branco", leia-se Estádio Municipal de Aveiro, enfim.
Voltando à semana daquele ano, sem a ajuda da câmara mas com a colaboração inexcedível da Abimota, na pessoa do seu presidente, que tinha uma exposição de motas a terminar no domingo, lá conseguimos ter o pavilhão principal pronto para montar o palco dos The House of Love que vinham para um concerto único em Portugal e que tinham uma lista de exigências nunca vistas, desde um valor de temperatura ambiente do camarim pré-estabelecido, até uns sumos de fruta 100% que na época eram caríssimos pois só existiam importados, ah e tinha de estar tudo pronto para o check sound (teste de som) na terça de manhã, sem falta. Como é evidente a montagem do palco começou na véspera, à uma da manhã, após uma grande trabalheira, já com o palco montado é que reparámos em dois enormes buracos na frente do palco. Primeiro o pânico invadiu-nos, estamos tramados, quando chegar o manager dos gajos não vai haver concerto, estamos mesmo tramados! De repente e à portuguesa, alguém se lembrou de ir buscar as alcatifas dos stands da exposição das motas, só posso dizer que foi sem dúvida o palco mais bonito e confortável que os "Camónes" alguma vez viram. E o gozo que deu ver o tal manager a inspeccionar tudo armado em polícia e ouvir as únicas palavras simpáticas para o magnífico palco que tínhamos arranjado.
O concerto infelizmente não teve a audiência ambicionada mas foi um grande concerto, aqui ficam dois videos dessa banda que ainda gosto muito.
2 comentários:
Ladrões!!
Mil e oitocentos paus para estudantes à desassete anos para ver um concerto na semana académica!!!!!!!!
E ainda achas caro, 12 euros agora para os bilhetes diários de não estudantes? Vai lá, vai...
Pedro Suissas
Aveiro
Se calhar por isso é que o concerto estava quase vazio.
Daí os meus alertas para os preços de certos espectáculos, que depois se vem a provar ser um flop à espera de acontecer.
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