O jovem músico Aveirense Henrique Portovedo fundiu-se com o encenador Filipe Pereira, a fim de produzirem uma performance. Da mistura destes artistas seria de esperar algo soberbo e foi o caso do “Don’t Shoot At The Saxophe Player” apresentado no Estúdio Performas nos passados fins-de-semana de Setembro.
Com uma possante presença em palco o musico contracena com Miguel Rosas criando uma dinâmica de espaço, substancialmente preenchida com um jogo de luz e cor gerado pela excelente equipa técnica e enriquecido pelos vídeos de Daniela Vidal Ferreira.
Não me abstenho que estava à espera de uma performance onde a componente musical teria uma dominante forte, e foi o caso. Surpreendi-me com a mistura entre o lado mais dançável de todo o espectáculo misturado com os vários instrumentos de sopro que o Henrique ia executando a contracenar com o actor criando uma mistura funcional do espaço cénico, este despojado de grandes artefactos, o que ajudava a ter uma percepção maior de todo o universo físico. A completar, o visualismo experimental onde a mistura de footage ao estilo vintage, com referencias a movimentos pop-art e film noir, intensamente marcados por uma dominante contrastada da imagem. O parco público presente, manteve uma entusiasmada e contagiante presença, impulsionada pela batida constante, resultando por vezes complicado ficar sentado na cadeira.
Poderia quase afirmar que a qualidade da performance é inversamente proporcional à assistência presente. Infelizmente este trabalho de uma qualidade técnica notável ainda não é facilmente absorvido pelo público. “Ouvido duro e vista curta”, diria eu, ou menos receptivos a novas tendências estéticas, a afirmação deste tipo de espectáculos é ainda um desafio para uma equipa que mantém uma fasquia alternativa.
Texto e Fotos Gentilmente Cedidas por Miguel Estima
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