É com um simples “cá vai disto.” que começa “Vol. 2”, a conversa de guitarras entre os irmãos Santos. O que o André e Bruno nos oferecem é quase uma hora de grande música sem palavras, para desfrutar do princípio ao fim. Entre originais e adaptações feitas ao seu jeito, o encanto é permanente. Há dias numa conferência, lancei a “provocação” de que ainda não tinha idade suficiente para ser apreciador de Jazz, menti. Afinal até consigo gostar e apreciar Jazz e este que vem no “Vol. 2”, está uma pequena maravilha. Não sei se pelo virtuosismo ou pela química que se sente entre os dois irmãos, ou se é porque a idade me está a modificar o ouvido, o que sei é que sabe muito bem ouvir este disco.
Daqui d’A Certeza da Música levam um Muito Bom e o desejo de os poder ver ao vivo num destes palcos que temos por aí.
Deixo o vídeo de “Super Mário”, o tema de abertura.
Depois, cliquem em ver mais e leiam o texto que acompanha o lançamento do disco.
Mano a Mano é o duo
formado pelos irmãos André e Bruno Santos, dois guitarristas com um vasto
percurso musical, maioritariamente no estilo Jazz, onde são considerados dois
dos mais importantes músicos a nível nacional.
Neste duo, que resulta
de uma forte empatia entre os dois irmãos, a escolha de repertório é baseada em
originais escritos ou adaptados especificamente para este o duo, e arranjos de
canções de autores como Tom Jobim, Chico Buarque, Max, Jim Hall, Irving Berlin
ou Thelonious Monk, que os manos foram descobrindo e partilhando ao longo dos
anos.
O primeiro disco,
editado em 2014 de forma independente com o apoio de uma campanha de crowdfunding
muito bem sucedida que contou com cerca de uma centena de participantes, foi apresentado
em diversas salas do país num total de cerca de 40 concertos, e gerou várias
críticas nacionais e internacionais.
Para este segundo
disco, “Mano a Mano Vol. 2”, os manos Santos focam-se somente no “duelo” de
guitarras, com repertório dinâmico, que incorpora momentos de virtuosismo,
elegância e humor, explorando as inúmeras possibilidades deste formato. Dando
primazia ao som acústico, André e Bruno exploram várias formas de diversificar
os seus arranjos, usando, por exemplo, processamento de som (reverb, wah-wah,
distorção, loops, pitch-shifter e outros.) e técnicas percussivas. Outra das
novidades é a inclusão do Braguinha/Machete em alguns temas, um instrumento
tradicional madeirense, da família dos cavaquinhos, que para além de criar
dinâmica no
repertório, explora e incita a novas abordagens neste e noutros cordofones
tradicionais.
Com o objetivo de
tornar o duo ainda mais sólido em todas as vertentes, musicais e não-musicais,
e com isso cativar novo público, o espetáculo ao vivo aliará a parte musical à
visual. À imagem de marca de Mano a Mano, que consiste numa guitarra para cada
lado, em formato V, resultado de André ser esquerdino e Bruno ser destro,
juntar-se-á um cenário, como se os manos recebessem o público em sua casa, na
sua sala-de-estar, onde tudo começou há cerca de 20 anos. A execução dos temas,
o diálogo com o público, contextualizando e explicando o conceito do grupo e
repertório escolhido, é assim apresentado num ambiente descontraído e familiar,
tornando este formato mais acessível para público menos habituado a música sem
palavras.
Mano a Mano é parte
fundamental no percurso artístico de André e Bruno Santos, porque aqui se
exprimem de forma orgânica, sem restrições de estilos, onde para além de uma
química musical muito forte e bem trabalhada, existe uma empatia pessoal e toda
uma história de irmãos que se transmite naturalmente nos concertos.
1 comentário:
Estou totalmente de acordo com o que aqui se afirma.
Os manos Santos são dois virtuosos da guitarra e uns mestres do Jazz.
Procurem estar informados onde vão actuar. Vale bem a pena vê-los ao vivo. Não se dá pelo passar do tempo.
Parabéns por tão brilhante descrição.
Enviar um comentário