domingo, 10 de março de 2013

Manuel Fúria no Plano B

Suspeito que a bola de espelhos gigante do Plano B nunca tinha girado num ambiente de baile da aldeia, romarias populares e uma fustigada busca pela ruralidade como o que se viveu no passado 23 de fevereiro naquela sala. Em palco estavam o Manuel Fúria e os Náufragos a apresentar o álbum “Manuel Fúria Contempla os Lírios do Campo”, o segundo episódio do tríptico iniciado em 2008 com “Manuel Fúria Apresenta as Aventuras do Homem Arranha”. Trouxeram ainda dois convidados, o Pedro da Tróia, o vocalista dos Capitães da Areia, e a Constança Archer.

O concerto dividiu-se em três partes, muito especificamente delimitadas pelo próprio Manuel Fúria. O prelúdio incluiu canções de compilações da Amor Fúria, da primeira parte do tríptico ou versões dos Golpes e de Tony Carreira (inusitada mas que caía à banda que nem uma luva). O concerto abriu logo com a participação de um dos convidados, o Pedro da Tróia, no “Lugar da Cuca”. Neste prelúdio houve ainda espaço para mash-ups com a lambada ou clássicos da música pimba portuguesa habituais nos bailes de verão.
 A segunda parte do concerto foi totalmente dedicada às canções do disco novo, pela mesma ordem. O concerto começou com a sala a meio gás, mas por esta altura já estava composta, apesar do concerto ter começado com 20 minutos de atraso.
 As canções de “Manuel Fúria Contempla os Lírios do Campo” parecem mais ser canções de palco do que de estúdio. Em concerto ganham uma profundidade que não é tão explícita no disco, talvez dado o hermetismo inerente às gravações em estúdio. A atitude dos sete músicos em palco, a própria encenação do concerto, quase transformado num ritual (havia um guião em cima da mesa do técnico de som, em vez do habitual e “singelo” alinhamento), convidam o público a participar nesta busca por uma ruralidade utópica cujo mote é infinitamente repetido ao longo do concerto e - especialmente no Porto - faz brilhar os olhos de toda a gente na sala: “Só quero ver Lisboa a arder”.
 A Constança Archer foi chamada ao palco para cantar “A Tempestade”, com um Manuel Fúria teatralmente sentado num amplificador com o seu chapéu (que tinha vontade própria e caía nos momentos mais inoportunos).
O concerto acabou com um encore duplo: apresentou-se um inédito chamado “Guerra Civil” e repetiu-se o single “Que Haja Festa na Aldeia”.  

Texto de Sara Claudio
Fotos de Fábio Barros - http://fabiobarros.pt/
 
Alinhamento:
 - Lugar da Cuca 
- Nossa Senhora da Graça dos Degolados 
- Tarde livre, parte III 
- Sonhos de menino 
- Declaração de intenções 
- Estandarte 
- Procuro a claridade 
- Que haja festa não sei onde 
- Jogo do sapo 
- Tempestade 
- À minha alma 
- Os lírios do campo 
- Canção para casar contigo 
ENCORE: 
- Guerra civil 
- Que haja festa não sei onde

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