quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Noites Ritual - Dia 1 (I)

Em Janeiro de 1991 nascia a Revista Ritual, criada por um grupo que “reunia editores, jornalistas, realizadores de rádio e claro músicos” (in editorial do nº1 da Revista Ritual), com o objectivo de divulgar e promover a música moderna portuguesa que na época começava a renascer e que revelava na altura “sintomas sérios de crise” (idem).
No cumprimento daqueles objectivos, esse grupo de entusiastas organizou em 1992 a primeira edição de um Festival a que deu o nome de Noites Ritual e que até aos dias de hoje, com maiores ou menores dificuldades, tem conseguido manter a tradição de fechar a “época” dos Festivais de Verão, com alguns dos melhores valores ou revelações, no que à música portuguesa diz respeito.
Cumprindo essa mesma tradição, teve lugar no último fim-de-semana de Agosto a décima nona edição das Noites Ritual, este ano com a novidade de ter uma noite exclusivamente cantada em português e outra toda cantada em inglês.
A primeira noite que, segundo dados oficiais, contou com 12.000 espectadores e abriu no Palco Ritual – palco reservado a “novos valores” – com a actuação dos Salto, grupo do Porto composto por dois jovens que decidiram dar azo à sua criatividade e, com apenas um baixo, uma guitarra e um computador portátil, fazer uma música desempoeirada, refrescante e bastante “trauteável” que nos faz lembrar várias coisas que conhecemos e que ouvimos desde os finais de oitenta até hoje.
Na sua música não falta uma guitarra dedilhada “à la Smiths” ou um abaixo forte e ritmado que com a batida que sai do computador apela à dança e que sabe muito bem ouvir, donde se destaca o seu single de apresentação “Por ti demais”, ou o tema “Sem 100”. Os Salto são um grupo a seguir com atenção no futuro, pois parece que podem ir longe. No Palco 1 as honras de abertura foram para Os Tornados, grupo do Porto que nos trouxe o seu Rock’n’Roll herdeiro de grupos de outros tempos como o Conjunto Mistério ou Os Tártaros, mas que consegue cativar e pôr a mexer toda a gente que já enchia o recinto mesmo ao lado do Pavilhão Rosa Mota. Canções como “Tempo de Verão”, o primeiro single “Veludo Azul”, “Ela Fugiu”, a versão do instrumental “Coimbra” dedicado especialmente aos Bunnyranch e a outras “bandas amigas que são daquela cidade e de quem nós gostamos”, como referiu o guitarrista Tiago Gil, puseram toda a gente a dançar e a vibrar com o som deste grupo.A banda não conseguia esconder o entusiasmo por estar a tocar perante o público da sua cidade e pôs toda a gente a cantar o tema inédito “Onde Estás Tu” e ainda tocou o “Carmo & Bruno”, “tema que faz parte de um filme que ainda não saiu” como adiantou o vocalista e guitarrista Nuno Silva, acabando o excelente concerto com a bela versão de “Taras & Manias” de Marco Paulo, aqui completamente transfigurado para bem melhor. No Palco Ritual já soava Samuel Úria que, acompanhado por Miriam Macaia, Miguel Sousa, Tiago Ramos e pelos Pontos Negros, Filipe Sousa e Jónatas Pires, veio apresentar o seu álbum “Nem Lhe Tocava”.A abertura do concerto foi logo em grande com o tema “Não arrastes o meu caixão”, logo seguido de “Roque Desastre”, depois, entre outros, ouviu-se “O Diabo” e o novo single “Teimoso” que foi imediatamente reconhecido pelo numeroso público presente, o fim o concerto veio com “Império”.O concerto de Samuel foi uma bela surpresa que agradou mesmo a quem mal conhecia a sua música.

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