terça-feira, 29 de abril de 2014

Azáfama no Bairro - Report

Nos dias de hoje, em que quase ninguém dá o devido valor à música e raramente se predispõe a pagar um valor justo por ela, é de uma enorme ousadia, editar, promover e apoiar projectos musicais em Portugal. Mas a Azáfama é uma empresa que o faz com um sorriso nos lábios, fazendo assim jus ao primeiro significado de empresa que vem no dicionário e é o de - cometimento ousado.
Gostando eu muito destes adoráveis “malucos” que se fartam de remar em prol de uma cultura que é nossa e que devemos acarinhar e fazer crescer, senti-me na obrigação de ir, no passado dia 12 de Abril, até Lisboa, ao Teatro do Bairro, para a segunda edição da festa Azáfama no Bairro.
Em boa hora o fiz, pois a festa a que assisti, ultrapassou em muito as minhas melhores expectativas.

 Com toda a família Azáfama reunida, o informalismo foi uma constante, como se quer numa festa de amigos, chegando a momentos quase (alegremente) caóticos. “Invasões” de palco, trocas e baldrocas e muito, mas mesmo muito boa música, foram uma constante.
 A abrir esteve o Vitorino Voador (João Gil) que muito mais vezes subiria ao palco e a quem apenas faltou tocar bateria. Dele pudemos ouvir canções do seu primeiro EP e alguns temas do seu disco que nunca mais sai e pelo qual aguardo já com alguma ansiedade.
 Depois veio o meu mais recente “amor” que dá pelo nome de Cachupa Psicadélica e de quem já se torna urgente uma edição em disco. Servido por Lula’s e os seus ”comparsas”, Kay Limak e Jorge Machado, tivemos uma belíssima selecção de temas cantados em crioulo com um belíssimo twist que transformam a música de raiz em algo muito moderno e bom.


Depois ainda voltou o Vitorino com alguns membros dos You Can´t Win Charlie Brown para tocar a versão de “Os Velhinhos” que, nesta formação assume o nome de “From Her Shoothing Mouth” a que se seguiram mais uns temas em que contou com a ajuda do João Pinheiro e a participação vocal d’O Martim e do Pedro Pedro dos Trêsporcento que ajudaram à festa.
 Seguiu-se o JP Mendes ou o Capitão Capitão que primeiro, acompanhado pelo João Gil nas teclas, o Salvador dos Trêsporcento no baixo e o Bernardo Oliveira na bateria, com quem cantou alguns temas do seu EP “II” e depois, já acompanhado por 3 dos Trêsporcento, repetiu a cortesia que a banda teve com ele, ao tocar no álbum ao vivo uma versão do tema Grande Mentiroso, tocando “O Dia em que Esses Olhos Brilharam” desta belíssima banda.

 O momento seguinte, foi dos Trêsporcento que tiveram vários amigos a substituir o Tiago, ainda ausente na Austrália. Assim tocaram “Cidade” acompanhados do Rodrigo Rebelo de Andrade; “Veludo”, numa versão do JP (a.k.a. Capitão Capitão); “Cascatas”, cantada por David Jacinto (TV Rural) e com coros de JP, Martim, Rodrigo Rebelo de Andrade, e este terá sido um dos momentos com mais “caos organizado” da noite. Por fim tocaram o magnífico “Quero Que Sejas Minha”, Com o Salvador e o Pedro cantaram a letra e a ajuda do David Jacinto no refrão, “safaram-se” bem e aguentaram a responsabilidade com uma garra do caraças!

 Os TV Rural foram os senhores que se seguiram, dada a ausência do David Santos, contaram com o João Gil no baixo. A energia que transmitem, a força que têm em palco a garra que têm e, claro, a força das canções, levam-me a afirmar que os TV Rural são uma das melhores bandas portuguesas que alguma vez vi ao vivo e olhem que já vi centenas de concertos.
Aquilo que eles fazem em palco, não está ao alcance de muitos. O David Jacinto, então, é mesmo um performer do outro mundo. Só não consigo perceber como é que não os contratam para concertos todos os fins-de-semana, mas estou seguro que a hora deles estará para breve.

 A noite já ia longa, mas ainda veio O Martim com a sua banda, dar ainda mais um toque de festa, como já é habitual nos seus concertos. Com um começo calminho e bastante funky, o ponto alto foi O single “Banho Maria” que não deixa ninguém ficar quieto.
 A rematar a noite, no que aos concertos dizia respeito, veio PZ o convidado especial que trouxe os seus “Croquetes”, “Passeio” e outros temas que fazem parte do seu álbum “Rude Sofisticado” e rematou com o single, que o tornou ainda mais conhecido, “Cara de Chewbaca” aqui acompanhado com banda.
A noite ainda continuou com os DJ “Setes” de Tupã Cunun, Hombres con Hambre, Homem Temporariamente Só e Azáfama, mas a este final já não assisti porque o corpo pedia descanso.
Já sei que entretanto está confirmada mais uma noite Azáfama que irá decorrer no Festival Bons Sons, aí vão chegar a um grande público que poderá confirmar que esta família dá a melhor festa que um amante de música portuguesa pode desejar!

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